Anderson Paak sorrindo Anderson Paak – foto: divulgação

Anderson Paak tatua no corpo instruções para o lançamento de seus discos póstumos

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Músico deixou, de forma impossível de ignorar, seus desejos para o lançamento de seus discos depois de sua morte.

Esta é para facilitar a vida do testamenteiro e segurar a ganância de quem herdar os direitos das obras de Anderson Paak, cantor, compositor e produtor musical americano.

Em postagem no seu Instagram, Paak deixou claro que não quer produções suas arquivadas com status de “demo” (versões iniciais, feitas sem o devido cuidado na produção, feitas apenas para serem apresentadas à gravadoras e produtores), sejam lançadas para o grande público.

“Quando eu me for: por favor não lancem nenhum disco póstumo em meu nome com músicas arquivadas como ‘demo’ e que jamais deveriam ser ouvidas pelo público” – diz a tatuagem de Paak.

 

A tatuagem é provocativa. Quando um músico decide que algo não está bom, refaz suas gravações e mixagens até que o resultado final atende a seu padrão de qualidade. A avidez das gravadoras e herdeiros após de um artista muito conhecidos, no entanto,  faz com que avalanches de faixas “alternativas” ou nunca lançadas cheguem ao mercado.  Músicas que foram, originalmente, deixadas na gaveta por escolha do próprio compositor.

 

 

Os Beatles, grupo mais famoso de todos os tempos por exemplo, têm um oceano de exemplos clássicos. Músicas gravadas como ensaio,  músicas com erros, novas mixagens de discos já lançados e até mesmo, uma faixa póstuma montada com a voz de John Lennon sobre uma nova instrumentação (Free As a Bird), já chegaram às prateleiras das lojas e dali para as mãos dos aficionados e colecionadores.

Durante a era de ouro do Jazz, as gravações eram feitas com apenas um microfone colocado no meio do estúdio. Depois que a música era executada, os produtores a ouviam e, caso algum instrumento não tenha sido ouvido, reposicionavam o microfone em um outro ponto da sala e o pessoal tocava tudo de novo, o que gerava uma centena de takes diferentes. Só o melhor era lançado (imediatamente), o resto ia para a gaveta até que alguma gravadora fizesse a festa com “novos lançamentos” que eram nada mais que o lixo da session oficial.

O mundo, os familiares e os maquiadores do corpo de Anderson Paak  saberão de sua vontade quando ele se for. Agora é respeitar!

 

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.