Para tudo! Na noite, já vi muita briga idiota na pista de dança, confusão pra pegar bebida no bar, gente se desentendendo por causa de namorada/o, mas DJ apanhar na cabine de som em frente de 2.000 pessoas, eu nunca tinha ouvido falar.
O relato abaixo, do DJ Anderson Noise, é um gancho para que se fale sobre segurança na noite. A situação que ele descreve é completamente surreal e mostra que o evento, a festa White Label, em Cuiabá, estava completamente despreparada no quesito segurança. Como o Noise é DJ e conhece muita gente, com certeza o caso vai ficar notório e talvez faça com que produtores se preocupem um pouco mais com a segurança dos artistas e do público. Mas imagina se fosse alguém do público? Provavelmente o caso morreria logo depois da festa, e só ia custar uma dor de cabeça e alguns pontos no rosto da vítima da violência. Dá só uma olhada no que ele me contou:
“Saí de Fortaleza para Cuiabá e cheguei lá por volta das 22h30. Geralmente tem um cara com placa na saída das esteiras, mas não tinha ninguém. Lá fora tinha um cara me chamando. Acho que esse é o mesmo cara que o ano passado me pegou pra tocar numa festa, com Dada Attack e Gui Boratto. Ele me pegou no aeroporto e me levou até o hotel.
Esse cara, chamado César, combinou que voltaria pra me pegar às 4h. Às 4h eu liguei pra ele, ele falou que estaria lá em 10 minutos. Dei 10 minutos e desci. Deu 5h30 e nada. Fiquei no quarto até umas seis e meia da manhã. E aí tocou o telefone, era um cara da festa dizendo que esse César tinha pego o dinheiro deles, pediu mil desculpas, e veio me pegar pra ir pra festa.
Quando fazia tipo uma hora que eu estava tocando, senti um murro pelas costas. Eu tava de óculos e o murro acertou em cheio, quebrando os óculos e me cortando o nariz e o supercílio. Nem sabia, mas me falaram que eu caí no chão. Fiquei tonto e em seguida levantei e fui atrás do cara que tinha me batido. Falei pra ele: ‘você é louco, por que você me bateu?’ e tomei uma bica na perna. Daí tomei vários empurrões, e um cara veio me acusar de ter batido ‘no primo dele’.
Só aí apareceram seguranças, que começaram a me segurar. Voltei pro palco e tirei minhas coisas. Fui direto pra polícia e preferi voltar pra casa pra fazer o exame no IML. Peguei o vôo e fui embora. Tô indo fazer o exame agora. Fiz BO, em casa está todo mundo revoltado com essa história.
Eu acho que o evento foi muito infeliz, faltou segurança, por mais que o dono do evento fale que tinha segurança, não tinha. Várias pessoas tinham acesso ao palco, isso mostra uma falta de cuidado com o artista e com o público. Hoje tem muita gente ganhando muito grana às nossas custas, era um evento grande. A estrutura da festa com relação a luz e som era impecável. Já na questão de segurança a coisa era precária. Como uma pessoa sobe até o palco, me dá uma pancada e depois sai numa boa, sem que nenhum segurança o aborde”.
Abaixo, Noise iniciando seu set na festa White Label, em Cuiabá
Falei por telfone com o produtor Palmiro Pimenta, responsável pela festa White Label, que falou o seguinte:
“A gente contratou um rapaz pra buscar e trazer os DJs, ele trabalha há uns dois anos com a gente e também já prestou serviços para o clube Garage. Ele falou que foi no hotel, e o Noise não estava lá. Eu e meu sócio mandamos o cara de volta ao hotel. Ele pediu R$ 50 adiantado e saiu pra pegar o Noise. Nessas meu sócio ligou pro Noise, que tava chateado por ter ficado esperando e falou que o cara não tinha ido buscá-lo. Meu sócio então foi até o hotel, pegou o Noise e o levou pra festa.
Chegando lá, meu sócio viu o cara dormindo dentro da van. Ele ficou louco da vida e foi lá esculhambar o cara, mandou ele embora da festa. De repente, chegou a notícia de que o cara tinha subiu no palco e agredido o Noise. O cara tinha livre acesso no palco, porque ele era o cara da van. Então ninguém estranhou dele subir lá. A gente tinha 50 seguranças trabalhando na festa e no fim teve que controlar os ânimos da galera, que queria linchar o cara. Um absurdo. Eu tô bem chateado, tô até repensando se vou continuar trabalhando com música eletrônica. É de ficar arrasado.”
É de ficar arrasado e também de repensar se havia seguranças suficientes e treinados pra atuar nas mais malucas situações capazes de ocorrer numa festa. Porque eu nunca vi uma notícia mais absurda!