Amanda Chang Amanda Chang – foto: divulgação

Amanda Chang levou sua paixão por sintetizadores ao Rock In Rio com seu novo projeto, Chang Rodrigues

Music Non Stop
Por Music Non Stop

Com sintetizadores analógicos, Amanda Chang estreia Chang Rodrigues no Rock in Rio, seu projeto live

Amanda Chang, que você conheceu aqui no Music Non Stop, contabiliza dez anos de carreira como DJ. A artista está prestes a inaugurar sua fase mais conceitual, baseada em sintetizadores modulares.

Nome conhecido e conceituado dentro do cenário eletrônico brasileiro, Amanda Chang topou  com um dos maiores momentos de seus 14 anos de carreira. No dia 02 de setembro, estreou seu mais novo projeto, Chang Rodrigues, no New Dance Order — o palco eletrônico do Rock in Rio.

Atração da Tenda Eletrônica do mega festival brasileiro em 2015, a artista retornou mais madura, experiente e artística do que nunca, com a oportunidade de inaugurar oficialmente sua performance live baseada em sintetizadores analógicos modulares.

“Para mim é maravilhoso, uma grande realização. As expectativas de estrear o Chang Rodrigues são as maiores”, conta a carioca radicada em Juiz de Fora/MG, que executa um techno cru e reto, à lá Berlim, com pitadas de ambient, acid, funk e eletrônica experimental.

DJ desde 2009, Amanda foi residente da Privilège Brasil por sete anos, até que, em 2015, conheceu o techno em Berlim e se apaixonou, refinando sua sonoridade. Em 2016, entrou como residente do D-EDGE e fez mais uma viagem que mudaria sua vida: no Amsterdam Dance Event, conheceu o mestre argentino Ernesto Romeo, que apresentou a ela o universo dos sintetizadores modulares — outra paixão arrebatadora e revolucionária.

“Comprei meu primeiro synth e vi que eu poderia criar meus próprios timbres, o que ampliou muito minha criatividade. Eu não me sentia confortável em produzir usando samples no computador. O sintetizador modular expandiu minha mente de uma forma única e abriu possibilidades sonoras infinitas”, continua ela, que trará ao RiR sete peças de hardware: Sistema modular (módulos escolhidos por ela através de diferentes fabricantes de sintetizadores), ARP Sequencer, Arturia MiniBrute 2S, Moog DFAM, Vermona Retroverb, TC Electronic Delay e Digitakt.

“Se você me perguntar, não é nada prático viajar levando todos os equipamentos que tenho, mas é possível montar um setup que cabe na bagagem de mão. Posso ficar sem as roupas, mas não sem os equipamentos!”, brinca.

Amanda Chang

Amanda Chang – foto: divulgação

Depois de anos de estudo com o seu guru argentino, no famoso estúdio La Siesta del Fauno, em Buenos Aires, e de alguns ensaios em lugares como Warung, SESC e o próprio D-EDGE, o lançamento do projeto Chang Rodrigues foi ao mundo no célebre portal britânico FACT Mag em 2021, através de um documentário (assista aqui).

“Chang Rodrigues é um nome que extrapola a polaridade masculino-feminino, agrega os dois. Chang representa meu lado oriental: é a parte chinesa herdada da minha mãe. Já Rodrigues é a parte latina, carioca, do meu pai. Uma miscigenação tipicamente brasileira”, explica.

No ano passado, Chang gravou duas apresentações que servem como cartão de visitas: na Fazenda Fortaleza de Sant’Anna, em Goianá/MG, fez a “Live Ruínas” (assista aqui); e performou no Instituto Inhotim, também em Minas, em parceria com o núcleo pernambucano Coquetel Molotov (assista aqui).

 

No último sábado, 13, se apresentou na estreia do CANAL, iniciativa cultural de artistas de música eletrônica de Juiz de Fora, no que pode ter sido considerada uma pré-estreia, ou um ensaio final, para o grande debut no Rock in Rio.

O EP de três faixas “Ruínas”, seu primeiro release oficial, está previsto para chegar no final do mês.

“Quando toco, ocorre um diálogo entre mim e o modular, com o qual me surpreendo diversas vezes, e, ao mesmo tempo, me sinto familiarizada. Sinto que consigo extrair um som único e particular a cada apresentação. É sobre arte sonora — sons orgânicos, sintetizados em tempo real, que não irão se repetir”, conclui.

Reverberando sua visão da música eletrônica para o Brasil e o mundo há mais de uma década, o status quo de Amanda Chang demonstra um pico de maturidade artística e clareza. Após várias temporadas de pesquisa de síntese sonora no La Siesta de Fauno Estudio, em Buenos Aires, a DJ carioca baseada em Juiz de Fora/MG criou o projeto de live acts Chang Rodrigues, apresentado ao mundo pela FACT Mag, em 2021, e que agora faz sua estreia no Rock in Rio.

Com abordagem neutra em relação a gênero, e juntando o sobrenome chinês herdado da mãe com o brasileiro, do pai, Chang Rodrigues é o resultado não só de anos de estudo e aprendizado, mas também de autodescoberta. Os sintetizadores modulares significam para a artista a possibilidade de criar seus próprios sons, e assim, traduzir seus sentimentos em arte da maneira mais crua, visceral, orgânica e sincera possível.

“Foi importante ser despertada para a sensibilidade do tato na síntese de um som, me expressando livremente. Sinto que passei por muitos ciclos ao longo da minha jornada musical, e até que o universo me permita estar viva, quero explorar e descobrir continuamente o mundo da música”, afirma.

Inquieta e destemida, nos últimos anos Amanda ampliou consistentemente seus objetivos no cenário da música eletrônica e, ao mesmo tempo, participa de trabalhos didáticos e processos criativos interagindo com seus fãs via livestreams, através da plataforma Echio. Com um repertório diversificado e contemporâneo, sua música conecta diversas facetas sonoras, do techno ao experimental. Tal singularidade fica evidente em lançamentos como o EP “Ruínas”, previsto para o fim de agosto.