Trilha impecável da turma do DEVO? Mix de linguagens? Roteiro distópico? Entenda por que a aventura da Família Mitchell não para de subir no top 10 da Netflix
Nos últimos dias a animação A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas ocupa o top 10 da Netflix.
Ao vermos o trailer percebemos que vamos nos deparar com uma aventura familiar em meio a um ataque de robôs. Mas, o que mais a Família Mitchell tem que conseguiu atrair tantas pessoas? A resposta é visual divertido, ação e uma ótima trilha sonora.
Sobrevivência, afeto e irreverência
Ainda que tenhamos exemplares conhecidos pelo púbico de ficção científica, como Mortos que Matam e Eu Sou a Lenda, em sua maioria filmes sobre situações apocalípticas tendem a ser protagonizados por un grupo de pessoas que se unem para tentar sobreviver.
Em ‘A Família Mitchell’ o grupo de sobreviventes é a família do título que enfrenta uma rebelião de máquinas ao mesmo tempo que tenta se reconciliar. Em princípio pode parecer uma história simples e repetitiva, mas a estética da animação torna tudo mais interessante.
O diretor, Michael Rianda, é uma das pessoas por trás dos roteiros de episódios da série Gravity Falls. No seriado, irmã e irmão gêmeos passam as férias de verão com seu tio-avô,em uma cidadezinha interiorana. Além das aventuras que a dupla vive a série discute relações entre amigos e familiares de maneira bem humorada.
O animador que na infância era considerado um nerd estranho que gostava de desenhar, também dubla o personagem Aaron Mitchell, caçula da família. Em sua coautoria no roteiro Rianda também faz isso em ‘A Familia Mitchell’ trazendo o conflito geracional entre pai e filha (Kate e Rick), a descoberta da paixão do caçula e também a distância imposta pela tecnologia.
A escolha de mesclar animação em 3D com traços que remetem às ilustrações tradicionais os artistas responsáveis pelo design dos personagens e ambientes conseguem balancear a tecnologia e a humanidade. Essa colagem de texturas e a montagem que abusa da abordagem de uma produção audiovisual (Kate é uma cineasta amadora em formação) deixam o longa mais divertido e emocionante.
Enquanto as máquinas são perfeitas, exibindo linhas precisas e uma superfície envernizada os humanos parecem caricaturas. Essa diferença na estética ressalta a humanidade das personagens e por meio de suas imperfeições, existentes em qualquer mortal funciona ao longo da trama como amálgama para a construção das relações entre a família.
Trilha Sonora
Filmes de ficção científica costumam ter uma trilha marcante, a fim complementar as sensações provocadas pelos ambientes tecnológicos. Em nossa memória conseguimos lembrar das melodias presentes em Tron ou Blade Runner.
O que torna essas trilhas marcantes são os sintetizadores, presentes em ‘A Familia Mitchell’ na trilha dos robôs. Segundo Mark Mothersbaugh, compositor da trilha do filme esses personagens “receberam a própria trilha com sintetizadores, e lá pelo meio do filme temos essa grande trilha sonora orquestrada, que prepara tudo para as grandes cenas de ação.”
Mothersbaug, mais conhecido por ser co-fundador da banda Devo, conta que a produção foi afetada pela covid. Além das restrições impostas que fizeram sua supervisão ser à distância ele foi infectado com o vírus e precisou se afastar por cerca de um mês.
Entretanto isso não impediu a trilha da animação de captar os desejos do diretor. Mark conta que “Foi divertido trabalhar com ele para entender sua visão de mundo”. O compositor comenta que a abstração da música exige que se investigue e descubra exatamente o que a pessoa quer quando pede por algo, mas com o Mike ele teve uma boa experiência, pois “Ele é um cara atencioso, inventivo e que pensa nos detalhes.”
Ficção Científica em outras animações
Para quem é assinante da Netflix e quer se divertir com outras animações com tecnologias, trabalho de equipe e referências as culturas pop deixamos tres dicas.
A primeira e o filme de 2009, Monstros vs. Alienígenas, dirigido por Rob Letterman da Dreamworks. O filme faz referência à clássicos como O Ataque da Mulher de 15 Metros e A Coisa, além de um personagem que personifica todos os cientistas loucos, mas na forma de uma barata.
A segunda sugestão é a série em animação Irmão do Jorel que apesar de não ser de ficção científica engloba muitos elementos fantásticos e referências à filmes de gênero variados. Em alguns episódios o protagonista se encontra com alienígenas, efetua viagens no tempo e até mesmo luta com uma criatura gigante que está destruindo o Japão.
E não poderíamos deixar de citar a queridíssima Rick and Morty, animação para adultos, de comédia e ficção científica, sobre avô e neto que dividem a vida entre tarefas cotidianas e viagens no espaço e tempo.