Irlanda Foto: Frankie Cordoba [via Unsplash]

Irlanda amplia programa de renda básica para artistas

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Desde 2022, governo irlandês vem pagando 325 euros semanais a dois mil artistas do país

“Ficar preocupado em colocar comida na mesa impacta realmente o resultado artístico. Isso é sobre dar a eles tranquilidade para trabalhar”, explicou Catherine Martin, ex-Ministra da Cultura da Irlanda, ao jornal New York Times. Martin fala sobre o programa do governo que está pagando 325 euros (cerca de dois mil reais) por semana para artistas do país. O valor chega a ser menor do que o salário mínimo irlandês (pouco mais de 500 euros para 39 horas semanais de trabalho).

O programa surgiu como piloto logo após a pandemia, em 2022, e acaba de ser renovado. Atualmente, dois mil artistas estão sendo beneficiados, e a ideia é aumentar esse número para 2026. Para estar apto ao financiamento, o cidadão precisa comprovar que atua na área ou que acabou de se formar em alguma forma de expressão artística. Após analisar cada inscrição, o governo colocou os nomes em um programa de computador que sorteou os primeiros dois mil a receber a bufunfa semanal. A ideia é que a ajuda não tenha característica de premiação aos melhores, mas uma composição de renda a todos.

O benefício custou cem milhões de euros. No entanto, uma consultaria contratada pelo governo atesta que o custo é diluído com a geração de impostos do próprio consumo feito pelos artistas com a renda recebida. A ideia vai além. Os que não foram selecionados na primeira fase da proposta entraram para um grupo de estudos, onde são orientados a organizar sua carreira e portfólio para que, em uma futura seleção, possam ser aprovados.

“O programa é uma inspiração para o mundo e um tremendo ganho para a Irlanda”, conta o atual Ministro Da Cultura, Patrick O’Donovan, à imprensa (via CBC Radio). “Do ponto de vista financeiro, é muito benéfico. Mas além disso, eu acho que há algo intangível que a arte oferece à cultura e a sociedade, mais difícil de mensurar, mas extremamente valioso.”

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Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.