Palco Skyline no The Town 2025. Foto: Divulgação

Por Jota Wagner

10 de setembro de 2025

Chamado “Pause Show”, protocolo de segurança começou a ser empregado após catástrofes em grandes shows e festivais de música

O show do rapper estadunidense Don Toliver no palco Skyline foi paralisado por cerca de 20 minutos no sábado (06), durante o The Town. O público estava perigosamente se aglomerando, excitado demais, nos gradis que separaram a plateia do palco. Durante a pausa, a ordem era “esfriar a cabeça”.

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A organização do festival pediu gentilmente para o povo pegar mais leve ali na frente, antes que o pior acontecesse: pessoas que estavam encostadas na grade, para verem bem de pertinho seu ídolo, fossem feridas gravemente com a pressão vinda de quem estava atrás. A interrupção momentânea da apresentação foi feita de forma preventiva. No intervalo, o público foi orientado a se espalhar um pouco pela área da plateia. Quando tudo pareceu mais suave, Toliver continuou seu show.

O que pouca gente sabe, no entanto, é que a paralisação faz parte de um protocolo internacional chamado “Pause Show”, empregado pelos festivais desde a virada do milênio, após uma série de acidentes na grade resultarem até mesmo em mortes. Atualmente, o protocolo faz parte do treinamento dos produtores e já salvou vidas. No entanto, foram necessárias catástrofes para que a medida entrasse em uso.

Roskilde Festival (Dinamarca, 2000)

Nove fãs morreram durante o show do Pearl Jam, esmagados pela multidão em frente ao palco. O caso teve enorme repercussão e levou festivais a reforçar protocolos de evacuação e pausas.

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Incidentes em estádios e casas de show nos anos 2000

Vários episódios de pisoteamentos e aglomerações perigosas (como na Love Parade 2010, na Alemanha, quando 21 pessoas morreram) mostraram a necessidade de uma padronização.

SWU (Itu/SP, 2010)

No SWU de 2010, durante o show da banda Rage Against The Machine, o rapper Zack de la Rocha criticou a separação entre a pista premium e a comum. Quem não pagou pelo ingresso mais caro resolveu concordar com o cantor, e tentou derrubar as grades de separação e invadir a área mais próxima ao palco. O incidente quase acabou em tragédia, interrompendo o show e fazendo com que la Rocha voltasse atrás, pedindo calma e respeito ao público.

Astroworld (Houston, 2021)

Dez pessoas morreram durante o show de Travis Scott por asfixia compressiva em uma multidão. Esse caso acelerou a adoção global e formalização do Pause Show como um protocolo de segurança em grandes festivais. Muitas empresas do setor de eventos passaram a exigir sua aplicação.

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Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.