
Antes de Musk, veio Richard Branson: como o dono da Virgin definiu o empresário rockstar
Empreendedor britânico criou o conceito das megalojas de discos no fim dos anos 70
Um playboy, filho de família tradicional e milionária, resolve “empreender”, indo meio que na contramão do padrão formal dos homens de negócios. Não usa terno, é criativo e, começando do nada (contando, claro com o bom e velho apoio familiar), vence com ideias diferentonas, até se tornar um dos homens mais ricos do mundo. Como renega o jeito tradicional de lidar com o público, ganha o coração dos mais jovens, virando uma espécie de nova referência do capitalismo. Está sempre presente na mídia e diversifica suas nova empresas de um jeito inesperado, chegando a apostar até mesmo no mercado de viagens aeroespaciais.

Se você pensou no mais novo lunático Elon Musk, errou. Estamos falando do “pai” dele. O cara que certamente foi uma gigantesca referência para o sul-africano que agora é braço direito do presidente Trump. O ídolo de Musk (e de um monte de jovens que queriam fazer dinheiro e tentar seguirem cool) é o inglês Richard Branson, que começou como fazedor de revista e foi um dos pioneiros a tentar mandar gente para o espaço, literalmente.
Branson foi um ícone por décadas. Cabeludo, baladeiro e bonitão, começou com uma ideia que não deu certo. Criar uma revista de entretenimento, ao lado de um amigo de faculdade. O projeto não foi para a frente porque o então milionário e hoje biliardário não conseguia convencer anunciantes a patrocinar seu novo veículo.
Foi justamente a ligação com a música que fez com que Richard ganhasse uma aura de empresário gente boa na Inglaterra. Sua primeira ideia de sucesso foi criar um serviço de entrega de discos de vinil pelo correio, com preços mais baixos do que as lojas tradicionais, em 1972. A empresa se chamava Virgin Mail Order. Logo que a parada bombou, no entanto, o cara viu que os ingleses, apaixonados por música, gostavam mesmo era de frequentar lojas de discos. Mas a dele seria diferente. Com a Virgin Megastore, fundada em 1979, criou o conceito das megastores, lojas gigantescas, de vários andares, com tudo o que você pudesse imaginar no mundo da música — além dos discos, camisas de banda, instrumentos, aparelhos de som… Rapidamente, a Virgin virou uma rede de lojas, sempre lotadas.

Foi a partir daí que o cara teve outra sacada de marketing. Resolveu se aventurar nos esportes e tentar bater recordes mundiais, com gigantesca cobertura da mídia britânica. E assim como copiou Musk em sua fixação pela letra “X”, Richard Branson sempre colocava a marca de sua empresa nos eventos radicais. Sua primeira ideia foi bater o recorde de tempo na travessia do Oceano Atlântico em um barco à vela. Na primeira viagem, chamada de Virgin Atlantic Challenge, estressou tanto a estrutura da embarcação que acabou naufragando, e sobreviveu graças a um resgate feito pela força área britânica, a RAF. Na segunda tentativa, desta vez ao lado do experiente navegador Daniel McCarthy, conseguiu botar a Virgin no livro dos recordes.
Não parou por ai. Lançou o Virgin Atlantic Flyer, um balão para cruzar um oceano. Tentou dar a volta ao mundo na bola de ar várias vezes, sem sucesso (mas com muita repercussão), se tornando uma espécie de rockstar da aventura. Tudo isso enquanto não parava de investir agressivamente em tudo o que lhe dava na telha. Montou uma equipe de Fórmula 1, comprou uma companhia de trens, uma empresa área, uma de cruzeiros turísticos, academia, banco, gravadora, rádio, produtora de cinema, rede de hotéis, academia, plano de saúde, distribuidora de vinhos… Todas com o mesmo nome: Virgin.
Assim como seu pupilo, chamou a atenção propondo inovações tecnológicas em prol do meio ambiente. Montou uma empresa especializada em combustíveis renováveis e um fundo de investimentos verde. E, claro, entrou no mercado espacial, primeiro colocando satélites em órbita e depois inaugurando um projeto de viagens aeroespaciais.

Claro que o maluco não é perfeito. Mas, infelizmente, houve um momento em que o pupilo Musk se afastou do mestre, entrando para a política e se tornando um defensor da extrema direita. Richard Branson, o original, é ativista dos direitos humanos, das causas LGBT+ e dos direitos humanos, investindo em diversos projetos dessas áreas. Não é, também, um negacionista climático. Na política, atuou como crítico principalmente no movimento Brexit, que tirou o Reino Unido da União Europeia.