Descobrimos por que Mick Jagger se tornou o mais famoso pé-frio do planeta
Quem diria que um filme tosco gravado em 1985 em pleno Brasil amaldiçoaria o frontman dos Rolling Stones?
Se tem jogo da Inglaterra em Copa do Mundo, pode ter certeza que um dos câmeras da produtora responsável pela transmissão do jogo vai passar um bom tempo tentando encontrar Mick Jagger, vocalista dos Rolling Stones, no meio do público. E pode ter certeza também que muito jogador supersticioso vai estar lá no campo rezando para que não encontrem o cara.
Uma sequência de coincidências com os registros do artista nos estádios deu a Jagger a fama de celebridade mais pé-frio do planeta. E o cara virou um expert em azedar angús. Não bastasse acabar com a festa de seu país natal, também internacionalizou a uruca. Levou o filho brasileiro Lucas para assistir a um jogo do Brasil contra a Holanda na Copa da África do Sul, em 2010. Perdemos de 2×1. Dias antes, o Rolling Stone viu sua Inglaterra tomar de quatro da Alemanha. Naquele momento, a fama de dedo seco de Jagger cresceu, com um desempenho brilhante. Resolveu declarar que, após as eliminações, torceria para a Argentina. No jogo seguinte, a seleção dos hermanos tomou de 4×0, também da Alemanha.
Para aumentar sua eficiência congelante, Jagger passou a “apoiar” a Inglaterra também no mundo digital. Na Copa realizada no Brasil, mandou dois salves motivacionais para sua seleção, um antes do jogo contra Itália e depois contra o Uruguai. O time perdeu as duas e foi eliminado na primeira fase do torneio. Que dureza! E adivinhe quem estava sentado em um camarote VIP junto a uma comitiva de torcedores brasileiros no famoso 7×1? Pois é…
Mas onde e quando Mick Jagger foi amaldiçoado, se tornando um raio azarador capaz de acabar com qualquer time de futebol? Nós temos nossa hipótese: foi no Rio de Janeiro, em 1985, durante as gravações de um filmes mais bizarros da história do cinema.
Difícil dizer como um dos maiores astros da música topou fazer um filme tão tosco, dirigido pelo estadunidense Julien Temple. Talvez os dois tenham feito uma imersão criativa nas pornochanchadas brasileiras dos anos 70 e tentaram fazer algo inspirado na estética maluca, nas cenas quase gratuitas de sexo e nos roteiros completamente desordenados.
Para justificar nossa tese de que foi este filme quem botou definitivamente as botas de gelo em Mick Jagger, já podemos começar pelo seu nome: Running Out of Luck (“ficando sem sorte”, em português). Era uma previsão do futuro. Na trama, Mick interpreta a si mesmo vindo ao Brasil de férias com uma namorada. Os dois brigam, a mina se manda e ele se perde no interior do país. Apanha de travestis, é feito escravo sexual por uma fazendeira e tem seu passe comprado por uma prostituta, até conseguir fugir. Nada no filme faz sentido, e se for para dar algum valor para a patacoada, seria a de apresentar ao mundo (dizendo melhor, aos fãs de Mick Jagger) a estética da pornochanchada brasileira.
Há uma cena, no entanto, emblemática. Perdido na mata e zonzo de insolação, o músico encontra um terreiro de candomblé e come a comida do santo, a oferenda feita nos rituais. Vacilão demais! Segundo a tradição umbandista, comer ou beber as oferendas faz com que a pessoa absorva toda a energia colocada naquele determinado trabalho espiritual. Seguindo esta lógica, o trabalho que Jagger profanou no filme deve ter sido feito para o fracasso esportivo de algum rival.
Ainda no filme, Jagger é flagrado por uma Mãe de Santo, que lhe dá uma tremenda bronca e bota o gringo pra correr dali. A mancada custou o investimento da película. Ninguém gostou, poucos assistiram e a obra sobreviveu mais pelo status de bizarro do que pela qualidade cinematográfica. A maldição imposta a Jagger no futebol ficou encubada por um tempo. Foi somente em 2010, 25 anos após o lançamento de Running Out of Luck, que ele ganhou fama como pé frio na frente das câmeras. Antes disso, pode ser que o cantor já estivesse azarando times secretamente. A Inglaterra nunca mais venceu uma Copa do Mundo (a única foi em 1966) e jamais ganhou uma Eurocopa.