Beatles Now and Then Foto: Reprodução

Música dos Beatles é a 1ª feita com auxílio de IA a ser indicada ao Grammy

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Now and Then concorre ao prêmio de Melhor Gravação do Ano no próximo Grammy Awards

Enquanto boa parte dos artistas bate boca com as empresas de Inteligência Artificial, a Academia de Gravação dos Estados Unidos, responsável pelo prêmio Grammy, parece não estar muito preocupada com o assunto. Now and Then, dos Beatles, foi indicada ao prêmio de “Melhor Gravação do Ano”, em um single em que computadores recuperaram a voz de John Lennon e a guitarra de George Harrison de uma fita antiga para as recriarem nos padrões de qualidade adequados aos lançamentos atuais. Trata-se da primeira indicação da história do prêmio de uma música feita com o auxílio da IA.

O recurso, sejamos justos, é um pouco diferente do que motiva os protestos da classe artística. Foi usado em um projeto tocado pelos próprios Beatles, para finalizar uma canção que já existia e foi composta por seres humanos. Mas é interessante compreender que uma associação formada por músicos tenha indicado tranquilamente um single em que parte dos elementos não foi gravada por alguém “real”.

A banda de Paul McCartney vai concorrer com Beyoncé (Texas Hold’Em), Sabrina Carpenter (Espresso), Charli xcx (360), Billie Eilish (Birds of a Feather), Kendrick Lamar (Not Like Us), Chappell Roan (Good Luck, Babe!) e Taylor Swift & Post Malone (Fortnight).

O curioso é que, para a indicação, só foram relacionados na lista os nomes de Paul McCartney e Ringo Starr, os membros vivos da banda. Para deixar claro que a associação sabe que parte dos elementos da música foi tocado, na verdade, por um chip da Intel, caso a banda ganhe o prêmio, os nomes de Lennon e Harrison não vão para o livro dos ganhadores.

A cerimônia de entrega do prêmio vai rolar dia 2 de fevereiro de 2025, em Santa Monica, na Califórnia.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.