Morre Renato Garga, pioneiro da cena eletrônica brasileira dos anos 90
Fundador de projetos como Habitants e Pink Freud, produtor musical teve mal súbito nesta terça-feira, 06 de agosto
A música eletrônica brasileira perdeu hoje (06) um de seus pioneiros. Renato Garga, figuraça que ajudou a cortar o mato da produção musical do gênero em seus primórdios, na década de 90, ao lado de nomes como Level 808 Símbolo, Anvil FX e Nude. Renato foi, ao lado de Renato Malim, um dos fundadores do Habitants, celebrado live PA do underground paulistano que lançou um dos primeiros álbuns do gênero no país.
Depois de deixar o Habitants, Garga bancou sozinho o Pink Freud. Ver o artista nas festas (era frequentador assíduo das Colors, onde o conheci) trazia a todos os que o conheciam a certeza de que havia ali um produtor compenetrado. Renato não deixava que a timidez o impedisse de pesquisar música direto na fonte. Sempre calado, quietinho no canto enquanto todo mundo enlouquecia na pista de dança, ficava o homem captando ideias a nível quase estratosférico do que ouvia nas pistas. De volta ao seu estúdio, era hora de passar todas as informações pelo filtro Garga e devolvê-las ao público.
Tudo em um tempo em que fazer música eletrônica envolvia equipamentos inacessíveis, computadores cujo processamento eram menores do que um relógio de pulso e informação catada em revistas gringas ou em papos com amigos mais experientes.
Garga tinha o perfeccionismo necessário e desejado ao fazer música eletrônica. Estudioso de timbres e grooves. Um mal súbito o levou para outras pistas de dança em outros níveis e, embora estivesse longe das pistas com projetos autorais, como o Pink Freud, fará falta às novas gerações, que precisam saber quem é Renato Garga. Basta procurar.