Terceira edição do NaLata Festival Internacional de Arte Urbana promove a resistência por meio da modificação da paisagem de São Paulo através do grafite
A partir de 15 de outubro, 14 artistas darão início às suas obras para o festival. Dentre os trabalhos propostos, 13 deles estarão localizados na região de Pinheiros, na capital paulista, e um na França, assinado pelo artista Thiago Nevs.
Pela terceira vez consecutiva, o NaLata Festival Internacional de Arte Urbana transforma a paisagem da cidade de São Paulo a partir da valorização da arte de rua. Com início em 15 de outubro, o evento conta com 14 artistas e acontece nos bairros de Pinheiros, Vila Madalena e na França. O governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, apresenta a edição de 2022 do festival. Com coprodução da Agência InHaus, NaLata e C.B ME, a curadoria artística é de Luan Cardoso, com patrocínio das empresas Tiger, QuintoAndar, Mars, Suvinil, Loga e copatrocínio da Bom Ar.
A fim de promover a democratização da arte nos espaços urbanos, como uma espécie de museu a céu aberto, o tema proposto para esta edição é Resistência. “O NaLata proporciona uma experiência cultural diferente em um espaço aberto, que está sempre em constante movimento. Para nós, a arte é uma importante ferramenta de resistência, (de)marcação de espaços e transformação. Reunir obras de novos artistas com nomes já consagrados é um grande ganho para a cidade, que cada vez mais se torna relevante no cenário mundial de muralismo”, comenta Luan Cardoso.
O argentino Felipe Pantone é um dos artistas convidados para integrar o grupo de talentos que transmutará cenários da capital paulista. Grande nome da arte contemporânea e reconhecido mundialmente, é grafiteiro desde os 12 anos. Em seu trabalho, utiliza muito da colisão entre o passado analógico e o futuro digital. Para Felipe, sua arte é uma forma de reflexão sobre como consumimos informações visuais. Além disso, para ele, graças aos avanços tecnológicos e à invenção de televisões e computadores, a percepção humana de luz e cor mudou completamente.
Seu conterrâneo, o artista e arquiteto Pastel FD também participa do festival. Sua obra não segue o padrão convencional de arquitetura e está orientada para a criação de um diálogo natural com o meio ambiente. Seu estilo floral traz referências à flores e plantas que crescem entre calçadas e em ambientes urbanos, como uma crítica ao reflexo humano de controle do espaço.
O pintor e escultor alexHORNEST, um dos nomes pioneiros do grafite das ruas de São Paulo, se inspira na relação entre a cidade e seus habitantes para compor suas obras. O artista acredita ainda na possibilidade de interação entre o trabalho e o espectador, onde um depende do outro para existir. Para criar texturas e contraste entre as camadas, alexHORNEST costuma utilizar uma mistura de tinta a óleo, acrílica e automotiva como principal elemento de suas pinturas, potencializando a tridimensionalidade – uma constante em suas produções.
Já o brasileiro Arlin Graff, que atualmente vive em Cleveland, utiliza elementos geométricos para compor suas obras e também se inspira na fauna selvagem, fazendo estudos aprofundados sobre cada animal a fim de entender a construção anatômica e o comportamento instintivo deles. Graff trará ao NaLata a pintura de uma onça-pintada, ressignificando a paisagem da Rua Pedroso de Morais, em Pinheiros.
Outro destaque será Rafael Sliks, um dos principais nomes do cenário mundial da arte urbana. Seu estilo pessoal faz referência a grandes figuras como Lascaux, Da Vinci, Magritte e Yves Klein, sem perder a identidade urbana e muito influenciada pelo skate e pela memória afetiva das HQs lidas na infância. No NaLata, Sliks pintará sua primeira empena no Brasil.
A artista visual Manuela Navas também se apresentará. Utilizando técnicas de pintura, fotografia e xilogravura, ela costuma retratar em seus trabalhos cenas do cotidiano, quase sempre protagonizadas por corpos negros e femininos.
Representando a primeira geração de grafiteiros do Brasil, Speto trará aos arranha-céus de São Paulo seu estilo único, inspirado no folclore e na literatura de cordel brasileira. Nos anos 80, ainda adolescente, o artista comprou sua primeira lata por incentivo do filme Beat Street e nos anos 90, já estava auxiliando na construção da identidade visual de bandas renomadas da época, como Planet Hemp, Raimundos e Nação Zumbi.
Vai estar no evento o muralista contemporâneo Apolo Torres, que já teve trabalhos expostos no Brasil, na Itália e nos Estados Unidos. Reconhecido por estampar em suas obras diferentes perspectivas sobre o mundo e sobre o corpo em que habita, Apolo propõe a este festival uma empena que reproduz o interior de vários apartamentos, refletindo o modo de vida do cidadão paulistano.
Mônica Ventura levará a instalação Luz Negra para a região do Largo da Batata . “Uma mulher negra feliz é um ato revolucionário” é a frase da escritora Juliana Borges exposta no letreiro criado por Mônica. Seu trabalho gira em torno da complexidade da mulher preta inserida em diversos contextos sociais e culturais.
O paulistano Ise é mais uma das atrações do festival. Sua proposta é desenvolver trabalhos relacionando retratos e identidades através de pequenos grafites espalhados pela cidade, simbolizando personagens urbanos e cotidianos.
Éder Oliveira participa do NaLata colorindo os arredores da Rua Inácio Pereira da Rocha, na região de Pinheiros. Natural da região do Salgado paraense, possui trabalhos em acervo no Centro de Arte Dos de Mayo, em Madri, do Itaú Cultural, do Museu de Arte de Belém e do Museu de Arte do Rio, entre outros.
Artista e ativista, Panmela Castro desenvolveu sua trajetória na arte a partir de vivências no subúrbio carioca. Cria da pichação, dos bailes funk e do surfe ferroviário, ela exibirá essas influências em sua instalação “Amor Vandal”, parte da série de espelhos que também estão expostos na 13ª Bienal do Mercosul.
Filipe Grimaldi é um dos nomes brasileiros de peso que compõem o time de talentos da edição de 2022 do NaLata. Formado em design gráfico, ele utiliza letras, palavras e frases como sua principal característica, em que o contraste cromático também se faz muito presente.
A edição deste ano do NaLata inclui ainda a produção de um painel na França, assinado pelo brasileiro Thiago Nevs, que foi um dos ganhadores do concurso Novos Talentos Murais SP, realizado na edição de 2020, a fim de introduzir novos nomes à cena artística paulistana. Localizada na comuna de Biarritz, esta será a primeira incursão internacional do festival.
Casa NaLata
A programação do NaLata Festival integra arte urbana, música, workshops e eventos. Com isso, foi criada a Casa NaLata, como espaço de convivência e troca, onde toda essa movimentação artística acontecerá. A programação é gratuita e terá workshops ministrados pela Sticker Up e pelo coletivo de arte SHN, além de instalações assinadas pelos artistas Theodoro Autops, Gueto, Coyo, Loucos, Gui Ga e Lixomania. “O NaLata reforça o poder de transformação do meio pela arte”, comenta Juliano Libman, sócio da agência InHaus.
O ambiente também disponibilizará um mapa das empenas realizadas pelo NaLata desde sua primeira edição, em 2020.
“A Casa NaLata é um espaço de convivência, resistência e ocupação da cidade de São Paulo através da arte, onde todos são convidados para participar das diversas ativações e atividades artísticas,” informa Luiz Restiffe, também sócio da agência InHaus.
A programação completa da Casa NaLata poderá ser conferida no Instagram do festival @nalata.festival ou no site.
Sobre NaLata Festival
Idealizado e curado por Luan Cardoso, com coprodução da Agência InHaus, comandada por Juliano Libman e Luiz Restiffe, NaLata e C.B ME, o NaLata Festival Internacional de Arte Urbana traz para a população paulistana a oportunidade da vivência da arte, por meio de obras de muralistas importantes da cena do grafite mundial desde sua primeira edição, em 2020. O governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, apresenta esta edição, que conta com o patrocínio de Tiger, QuintoAndar, Mars, Suvinil, Loga e co-patrocínio da Bom Ar.
A cobertura do festival também pode ser acompanhada pelo site ou no perfil no Instagram.
Serviço
Casa NaLata:
Endereço: Rua Teodoro Sampaio, 2833 – Pinheiros, São Paulo
*Horário de funcionamento: Sexta e sábado das 14:00 às 23:00 e domingo das 14:00 às 18:00
Entrada gratuita
*Horários sujeitos a alterações
As empenas podem ser conferidas nos seguintes endereços:
alexHORNEST – Rua Inácio Pereira da Rocha, 80 – Pinheiros, São Paulo
Apolo Torres – Rua Arthur de Azevedo, 1985 – Pinheiros, São Paulo
Arlin Graff – Rua Pedroso de Morais, 227 – Pinheiros, São Paulo
Éder Oliveira – Rua Inácio Pereira da Rocha, 80 – Pinheiros, São Paulo
Felipe Pantone – Av. Brigadeiro Faria Lima, 628 – Pinheiros, São Paulo
Filipe Grimaldi – Rua Teodoro Sampaio, 2550 – Pinheiros, São Paulo
Manuela Navas – Rua Pedroso de Morais, 227 – Pinheiros, São Paulo
Panmela Castro – Rua Guaicuí, 47 – Pinheiros, São Paulo
Pastel – Av. Faria Lima, 558 – Pinheiros, São Paulo
Rafael Sliks – Rua Fernão Dias, 594
Speto – Av. Brigadeiro Faria Lima, 628 – Pinheiros, São Paulo
As instalações e intervenções artísticas dos artistas Mônica Ventura e Ise serão na região do Largo da Batata.