Um deles teve ingressos tão custosos que chegou a entrar para o livro dos recordes da Guinness

Pagar mais caro do que se considera um valor justo é tão dolorido para um trabalhador que, no Brasil, a gíria criada para tal é “enfiar a faca”. A sensação de bucho sangrado vem quando não há para onde correr. Você quer ou precisa de algo e é obrigado a pagar o preço estipulado pelo vendedor, sem possibilidade de negociação ou buscar uma outra opção nos concorrentes. E nenhum mercado é tão “eu mando e você obedece” quanto o de shows musicais de grandes artistas. Afinal, a data é aquela: ou você vai, ou não vai. Pior, o artista é único. Não adianta você chegar no bilheteiro do Oasis e falar “ah, mas o Blur está mais barato”. Com tanta paixão e fanatismo envolvidos, o comprador levanta a camisa e espera a facada.

A balança provoca situações próximas da surrealidade (e sempre pende para para os vendedores de ingressos), como o cambismo descarado e a maluca “tarifa dinâmica”, com preços flutuantes comparáveis a um mercado de ações. Antes, quando a procura era grande, os artistas marcavam um show extra na mesma cidade. Agora, basta segurar um pouco a venda e subir o preço.

Nos últimos anos, vários superstars conquistaram seu lugar na triste lista dos ingressos de shows mais caros da história da música. Valores equivalentes a seis meses de aluguel ou um carrinho popular. Tudo para aproveitar, durante duas horas, a sensação de estar a centenas de metros de um ser humano conhecido no mundo todo por fazer boa música.

Confira abaixo cinco valores de ingressos de shows que passaram de todos os limites — de preço, é claro.

Led Zeppelin @ The O2 Arena (2007)

Em 2007, o Led Zeppelin resolveu se reunir depois de 27 anos para um concerto em tributo a Ahmet Ertegun, fundador da Atlantic Records. Os 20 mil lugares disponíveis começaram a ser vendidos por cerca de R$ 1.500,00. Às vésperas do show, um cambista vendeu um ingresso pela incrível quantia de um milhão de reais (a preço de hoje), garantindo à banda um lugar no livro dos recordes da Guinness pelo bilhete mais caro da história.

The Rolling Stones – 50 & Counting Tour (2021)

Charlie Watts foi o maior responsável pela turnê mais lucrativa da história, e isso não lhe rendeu um só centavo. Quando os Rolling Stones saíram para turnê 50 and counting, em 2021, o lendário baterista já tirava sua soneca em algum cemitério perdo de Devon, na Inglaterra (o local exato de seu sepultamento nunca foi divulgado). O preço médio dos ingressos da tour foi de R$ 7.200,00!

Bruce Springsteen & E Street Band – 2023 Tour (2023)

Bruce Springsteen anunciou uma turnê após cinco anos longe dos palcos, em 2023. Os fãs ficaram doidos e a Ticketmaster, a polêmica tiqueteira estadunidense, aproveitou para testar a sua nova invenção, o “ingresso dinâmico”. Batata! Os valores chegaram a incríveis 30 mil reais par ver um show do chefe, que acabou ficando doente e postergando a gira para 2024. Claro que os fãs desceram a lenha no artista, grande representante da classe trabalhadora, por causa dos altos preços. Em resposta aos fãs, Springsteen respondeu que prometia, “na próxima, cobrar um pouquinho menos”.

Beyoncé – Renaissance World Tour (2023)

Chegada num caraminguá, Beyoncé aproveitou para transbordar a conta bancária na Renaissance World Tour, em 2023. Os ingressos começavam na faixa de R$ 2.100,00 nos Estados Unidos, mas quem queria ficar na frente e ver sua rainha bem e pertinho era obrigado a morrer com valores que chegavam a 18 mil reais! Haja limite no cartão de crédito.

Taylor Swift – The Eras Tour (2023)

Rival de Beyoncé nos últimos anos, Taylor Swift disparou, quase concomitantemente com a turnê da colega, sua supertour, chamada The Eras Tour, também com circulação mundial. Em valores totais, Swift levou a medalha de ouro e não deixou barato (literalmente) na briga pela tal “noção de valor” dos fãs. E olha a sacanagem do mercado de ingressos: depois que as entradas se esgotaram (custavam entre R$ 300,00 e R$ 3.000,00, na época), várias empresas começara a oferecer “ingressos para os shows esgotados”, que chegaram a ser vendidos por 42 mil reais. Cambismo descarado.