
13 discos fundamentais da música eletrônica brasileira
Uma seleção de pérolas que ajudaram a construir o que viria a ser a dance music no nosso país
Vendo Alok e Vintage Culture tocarem para milhares hoje em dia, muita gente se pergunta: como é que tudo isso começou? Bem, lá atrás, na década de 90, com pioneiros quebrando pedras para conseguir fazer música eletrônica em um país onde equipamentos eram caros e difíceis de conseguir.

O lendário Renato Cohen, por exemplo, levava seu desktop (tipo aqueles PCs XT) para cima do palco para tocar com seu live P.A. Level 202 (que lançou apenas singles, por isso não está em nossa lista). Mas isso jamais impediu muita gente boa de fazer música, e abrir caminho no país para bons álbuns do gênero que culminariam, décadas depois, em uma das mais efervescentes cenas criativas do mundo.
A gente é meio manco na função de conhecer e honrar nossa história, e por isso a lista abaixo é tão importante para todos os que gostam de dançar, tocar e fazer música no Brasil. Listamos 13 álbuns pioneiros e essenciais, feitos entre 1995 e 2004, para se ouvir.
Ficaram de fora as produções anteriores em gêneros como o tecnopop e o industrial, vinda de bandas como Harry e City Limits, por exemplo, e os que vieram logo depois, caso do superhit Chromophobia, de Gui Boratto, já em uma época em que bastante gente rodava o mundo mostrando nossa música.

Pronto para a aula de história? Vamos lá!
Habitants – Habitants
Criada por Renato Mallin, a dupla Habitants surpreendeu lançando um álbum homônimo bastante contemporâneo com o que estava acontecendo na música eletrônica europeia, circulando entre o techno e o trance. O disco saiu pela seminal Cri Du Chat Disques, e hoje é item raro!
M4J – Brazil – Electronic Experience (1998)
O M4J foi um projeto encabeçado pelo DJ Mau Mau, já um gigante da discotecagem brasileira em 1998, propagando o techno Brasil afora. Nele, o DJ se juntava a mais três produtores, os amigos Franco Junior, Manoel Vanni e Marcel SK, para apresentar um show em formato live P.A. O álbum de estreia do grupo foi o Brazil – Electronic Experience, também só encontrado atualmente em bancas de colecionadores.
XRS Land – Sarau (1998)
Em 1998, Xerxes de Oliveira, o XRS Land, foi pioneiro ao fundir drum’n’bass com música brasileira, receita que ganharia o mundo anos mais tarde, pelas mãos de DJs como Patife e Marky. Em Sarau, o visionário produtor já dava a letra. Samba e bossa-nova misturadas com as frenéticas batidas do “drumba”.

RAM Science – É Música (1999)
Juntinho com Xerxes, Ramilson Maia também entrou na onda do abrasileiramento do drum’n’bass. Maia já havia lançado singles anteriores, com produção totalmente independente, e mandou brasa em sem primeiro álbum em 1999.
Drumagick – Ai Maluco! (2000)
O próximo artista a mostrar nossa força batuqueira foi o Drumagick, dupla formada pelos irmãos Guilherme e Jr Deep. O álbum foi lançado no ano 2000.
DJ Patife – Cool Steps: Drum ‘N’ Bass Grooves (2001)
Em 2001, todo mundo já estava de olho no drum’n’bass brasileiro, graças às bem sucedidas turnês de DJ Marky. Patife, então, chegou com esta pedrada muito bem-produzida, colocando definitivamente o país no mapa!

DJ Dolores – Contraditório (2002)
Dolores fez um tremendo serviço à música eletrônica brasileira tirando a produção musical de São Paulo e do Rio de Janeiro. O recifense viu o movimento manguebeat de perto e chegou em 2002 com seu primeiro álbum, fundindo breakbeat com ritmos regionais nordestinos.
Nude – Spiritual Reality (2002)
Formado por Marcelo Gallo e Gonçalo Vinha, o Nude pegou a rabiola do Habitants para seguir vivo com o trance brasileiro. Spiritual Reality saiu em 2002, acompanhado de um live P.A. da dupla que passou pelos principais clubs e festivais do país.
Wrecked Machines – Blink (2003)
Em 2003, o Brasil também viu nascer seu primeiro disco nacional com produções de psytrance, trazidas por Gabriel Serrasqueiro, que na época assinava como Wrecked Machines. Blink nasceu para matar a sede da enorme nação psy que já existia por aqui.

Nego Moçambique – Nego Moçambique (2003)
Marcelão, o Nego Moçambique, causou frisson na cena paulistana e carioca com seu projeto que unia breakbeat à música brasileira. Após ter encantado todo mundo, botou pra rodar seu primeiro álbum, homônimo, lançado em 2003.
Marcelinho Da Lua – Tranqüilo (2003)
Também em 2003, o carioca Marcelinho Da Lua foi membro do sensacional projeto Bossacucanova, ao lado de Roberto Menescal, e mandou esta pedrada altamente influenciado pelo dub-reggae. Essencial.
Kompset – Buzzer (2004)
Um ano após o lançamento do Wrecked Machines, Rogério Martinelli e Beto Noffs chegaram com mais um álbum totalmente dedicado ao psytrance. Buzzer, do Kompset, saiu em 2004.
Anderson Soares Project – Muito Soul (2004)
Demorou, mas saiu em 2004 o primeiro álbum brasileiro só com produções nacionais de house music, trazidas pelo mestre Anderson Soares. Muito Soul saiu pela gravadora Trama, com um investimento nunca antes visto em músicos de estúdio e cantoras.