Dia Internacional do Jazz Amaro Freitas. Foto: Micael Hocherman/Reprodução

10 grandes nomes do jazz brasileiro que você precisa conhecer

Adriana Arakake
Por Adriana Arakake

Adriana Arakake celebra o Dia Internacional do Jazz indicando alguns dos melhores artistas do estilo na atualidade

O jazz nunca foi só um gênero. É uma forma de estar no mundo. De improvisar, resistir, fazer da escuta e do coletivo uma força. No Dia Internacional do Jazz, celebro essa vida que pulsa em Nova Orleans, Lagos, Bahia, Etiópia, Japão, Recife, São Paulo.

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Criada em 2011 à proposta de Herbie Hancock, a data celebra o gênero musical como uma linguagem universal de paz, criatividade e liberdade. O Dia do Jazz foi oficialmente reconhecido pela UNESCO e é comemorado anualmente em 30 de abril, reunindo músicos e apreciadores do gênero ao redor do mundo para promover o entendimento intercultural e o poder transformador da música.

O Brasil tem muitos talentos, ancestralidade, inovação e, em comemoração a este dia especial, fiz uma lista com dez dos melhores nomes do nosso jazz contemporâneo.

Amaro Freitas

Pianista pernambucano que, com seu álbum mais recente, Y’Y (2024), Amaro Freitas mergulha nas sonoridades da Amazônia, utilizando piano preparado, percussões e assobios para evocar os encantados da floresta. Sua música é uma ponte entre o ancestral e o contemporâneo.

Conde Favela Sexteto

Com o álbum ABCguetoJazz (2024), o grupo do ABC Paulista homenageia sua região, mesclando jazz com vivências periféricas. O disco é uma representação sonora de lutas, resistência e histórias do ABC, trazendo à tona a toda sua essência e riqueza musical.

Diego Estevam

Guitarrista e compositor do ABC Paulista, Diego Estevam lançou seu primeiro álbum solo, Lúcido, em 2024. O disco mergulha no universo do urban jazz, trazendo uma sonoridade contemporânea que captura as experiências e as vivências da periferia, refletindo a realidade da região com uma abordagem especial.

Josiel Konrad

O trombonista, compositor e cantor Josiel Konrad, nascido na Baixada Fluminense, no Rio, tem se destacado por uma abordagem inventiva que mistura jazz, funk carioca, R&B e outras sonoridades da música brasileira. Com passagens por festivais no Brasil e no exterior, e apresentações em casas renomadas como o Ronnie Scott’s de Londres, Konrad tem ganhado cada vez mais destaque. Seu último álbum, Boca no Trombone (2023), é um belíssimo reflexo de sua trajetória e identidade.

Otis Trio

Também originário do ABC Paulista, o Otis Trio é conhecido por sua abordagem ousada do jazz, incorporando elementos de hard bop, free jazz e influências do punk. Seu álbum de estreia, 74 Club (2014), foi lançado pelo selo britânico Far Out RecordingsEm 2025, o grupo lançou o single Veias Abertas, uma prévia do aguardado álbum Elétrica, fruto da colaboração com a cantora Carol Cavesso. Este novo trabalho promete expandir os horizontes sonoros da banda, incorporando vocais e explorando novas texturas musicais, mantendo a essência experimental que caracteriza o projeto.

Jonathan Ferr

Nascido em Madureira, subúrbio do Rio, Jonathan Ferr define seu estilo como urban jazz, misturando jazz a referências do hip-hop, do R&B, da cultura preta periférica e do afrofuturismo. O disco Liberdade, de 2023, que entrou na lista dos 50 melhores álbuns do ano da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), foi composto durante uma residência artística em São Paulo e dá sequência a Cura (2021), incorporando samples do trabalho anterior e parcerias com Luedji Luna, Tássia Reis e Rashid. A estética visual também é parte importante da obra — espiritual, provocadora e potente como suas performances ao vivo.

Nesta noite de 30 de abril, Ferr apresenta um show exclusivo no Bona Casa de Música, em São Paulo, celebrando tanto o seu aniversário quanto este Dia Internacional do Jazz.

Funmilayo Afrobeat Orquestra

Formada em 2019 e protagonizada por mulheres, a Funmilayo Afrobeat Orquestra combina afrobeat, jazz e ritmos afro-brasileiros em suas composições. Inspiradas por Funmilayo Ransome-Kuti, ativista nigeriana e mãe de Fela Kuti, abordam temas de resistência e empoderamento. O álbum homônimo foi lançado em 2023. 

Allan Abbadia

Trombonista, compositor e arranjador, Allan Abbadia é reconhecido por sua contribuição à música brasileira contemporânea. Seu trabalho abrange diversos projetos, incluindo o álbum Ifè (2023), que explora as raízes da diáspora africana, e o projeto que admiro muito, Ikè Melanina JazzEm 2024, o Ikè lançou Favela Segue, continuando sua trajetória de fusão do jazz com ritmos brasileiros e celebração da cultura preta nacional.

António Neves

Trombonista, baterista, compositor e arranjador carioca, António Neves tem se destacado por sua abordagem inventiva da música instrumental brasileira. Seu último álbum, Deixa Com a Gente (2024), mistura jazz, samba e afrobeat com liberdade e sofisticação, refletindo tanto a herança do subúrbio do Rio quanto seu espírito vanguardista.

Jazz
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Nomade Orquestra

Uma das formações mais inventivas do país e tambem originaria do ABC Paulista, a Nomade Orquestra vem construindo uma identidade própria, cruzando jazz com funk, dub, psicodelia e música africana, desde seus primórdios. Em Terceira Onda (2023), a sonoridade se torna ainda mais madura, com arranjos precisos, grooves densos e uma escuta que reflete a potência dos improvisos.

Adriana Arakake

Adriana Ararake é DJ e a especialista em jazz, soul e blues do Music Non Stop.