Quando o erro humano se torna um dos maiores trunfos ante a “perfeição” da Inteligência Artificial
Vocês já viram que coisa de maluco é a Suno AI? Se você utilizar o app e digitar algo como “quero uma música que fale sobre arco-íris e luzes douradas, com uma pegada pop solar, com instrumental genérico e sem graça e com melodias óbvias”, pronto!, você tem um “hit” perfeito à la Anavitória nas mãos.
Como outras ferramentas, a Suno tem sido usada como exemplo nos quentes debates sobre Inteligência Artificial e suas ameaças à classe artística. Mas uma coisa que muita gente não se dá conta é de que existe um componente que os bots não conseguem reproduzir: a falha humana.
Um computador não sente, não entende emoções, não sua nas mãos, não erra notas que acidentalmente ficam melhores do que as originais, não toca milissegundos atrasado ou adiantado (em prol do groove), não bate nos trastes do instrumento, não raspa o dedo nas cordas do baixo e nem sangra nas cutículas quando se toca guitarra muito forte.
Se a música se torna demasiado perfeita, muitas vezes é às custas do sentimento ou do conteúdo emocional — coisas que a IA não é capaz de compreender (ainda). Logo, o erro humano é o que torna, muitas vezes, um combinado de instrumentos e vozes em uma canção especial. Duvida? Confira abaixo dez grandes músicas da história perfeitas em suas imperfeições!
The Police – Roxanne
Logo no início de Roxanne, do Police, Sting “tropeçou” no piano que estava no estúdio no momento da gravação (00:04). A banda gostou tanto daquela nota errada, que ela acabou ficando na versão final.
The Rolling Stones – Satisfaction
No minuto 02:33 de Satisfaction, dos Rolling Stones, Keith Richards se antecipa e toca a nota do riff principal de guitarra. Percebendo que errou, ele silencia a guitarra, e volta a tocar nos 02:36 — desta vez, no momento correto da música.
Pink Floyd – Wish You Were Here
A introdução de Wish You Were Here, do Pink Floyd, tem notáveis respirações e tosses do David Gilmour (que são mais perceptíveis nos minutos 00:42 e 00:56).
Nirvana – Polly
Em Polly, do Nirvana, Kurt Cobain chega um pouco mais cedo no segundo verso cantando: “Polly said…” (01:55). Mas eles gostaram da gravação e a mantiveram.
The Who – Eminence Front
Em Eminence Front, do The Who, o guitarrista Pete Townshend se confunde e canta a letra do primeiro refrão de uma maneira diferente em relação ao vocalista Roger Daltrey. Em vez de “behind an eminence front”, ele canta “it’s an eminence front”, atropelando a mecânica do refrão e a melodia oficial (02:29).
Lynyrd Skynyrd – Sweet Home Alabama
Durante a gravação de Sweet Home Alabama, do Lynyrd Skynyrd, a banda trabalhou até tarde tentando acertar a música, mas ela simplesmente não deu certo. Frustrados, eles decidiram fazer uma pausa e pedir comida. Todos pediram comidas diferentes em restaurantes diferentes, e o cantor encomendou rosquinhas. Após o intervalo, eles decidiram tentar novamente. Durante a gravação, alguém sentou em seus donuts, e por volta dos 04:09 minutos você pode ouvi-lo dizer: “My donuts! Goddamn!” (“minhas rosquinhas! Droga!”). Mas aquela foi a melhor versão que fizeram, e decidiram mantê-la.
The B-52’s – Love Shack
A parte mais legal de Love Shack, dos B-52s, foi um erro. Originalmente, quando Cindy Wilson canta “tinn roof rusted”, aos 03:50, era para ser o início de um novo verso, ponte ou algo do tipo. Ao perder o ponto de referência da música, porém, ela cantou no tempo errado e criou, sem querer, um dos vocais mais icônicos da banda.
The Beatles – Hey Jude
Em Hey Jude, dos Beatles, aos 2:59 minutos, alguém pode ser ouvido ao fundo dizendo “fucking hell!” (algo como “puta que pariu!”).
James Blunt – You’re Beautiful
James Blunt erra a entrada do vocal no hit You’re Beautiful, e canta “my life is brilliant” alguns compassos antes (00:14).
The Mamas & The Papas – I Saw Her Again
Em I Saw Her Again, do The Mamas & The Papas, Denny Dougherty errou a entrada do último refrão (02:43), mas a banda gostou e deixou como estava. Ele corrige o erro e entra certo aos 02:45.