É um domingo de manhã como outro qualquer e estou dormindo, mas já começo a me ligar nos sons da casa. Como tenho filhas pequenas, é o barulho delas acordando que me desperta todos os dias. Mas não hoje. Mensagens entram no inbox do Facebook, e eu esqueci de desligar o som do celular. Acordo curiosa pra ver quem me escreve a uma hora dessas. A mensagem:
“What is your full name and date of birth? We are going to Colombia”
É Ellen Allien, me escrevendo pra contar que a trip que planejamos no meio de um porre num restaurante japonês em São Paulo uns dois anos atrás estava prestes a sair do papel.
Conheci a Ellen no backstage do festival Eletronika, em Belo Horizonte, em 2003. Foi a primeira visita dela ao Brasil e na época eu fazia uma festa num dos clubes mais underground que São Paulo já teve, o Susi in Transe. Depois de entrevistá-la, ficamos batendo papo e tomando um drink. Falei da minha noite no Susi e perguntei se ela não toparia tocar, mesmo com quase nada de grana pro cachê. Ela topou na hora! Estava ali uma DJ que acima de tudo toca por amor à música.
E não é que ela foi? Tocou para umas 50, 60 pessoas no porãozinho do Susi. Uma noite que entrou pra história de quem estava lá.
Desde então, Ellen incluiu o Brasil em suas turnês e vem pro país quase todo ano. Pelo menos num jantar a gente sempre dá um jeito de se ver. E, quando eu vou pra Europa, retribuo a visita.
Ela tem essa atitude de reles mortal, mas é uma das grandes responsáveis pelo fomento da cena de techno da Alemanha. Dona do selo Bpitch Control, fundado em 1999, ela vem amplificando a importância da música eletrônica em seu país com lançamentos de artistas como Apparat, Paul Kalkbrenner, Modeselektor, Area Negrot, Kiki, Sascha Funke, Ben Klock e muitos outros, além de seus próprios álbuns, remixes e linha de roupas.
Corta para a madrugada desta segunda (16). Chamo um Uber, que chega pra me buscar às 3h, todo animado ouvindo um pagode. Estou com uma cara de poucos amigos, morrendo de sono, e me esforço pra dizer um “bom dia” simpático. Peço pra desligar o rádio, ganho uma água de uma marca hypada, porém ruim (não comprem uma água que “emagrece”, gente), e rumamos pra Guarulhos.
Faço o check-in e me sento no Starbucks com um café, um pão de queijo e o rider da miniturnê da senhorita Ellen Fraatz. São três datas: uma em Quito, no Equador, e duas na Colombia (Medelim e Bogotá).
Apesar da minha quase nula experiência como tour manager – acompanhei uma vez o Luomo em duas datas, em São Paulo e no Rio – a ideia de dar um rolê pela América do Sul com a embaixadora do techno da Alemanha me pareceu legal demais pra eu recusar. Você recusaria?
Então nos próximos dias é do lado andino da América do Sul, entre vulcões e lagos termais, que o Music Non Stop vai mandar seus boletins. Acompanha que o fervo promete. Próxima parada, Colômbia.
Todo Mundo É DJ com Ellen Allien