Você pagaria R$ 10 mil por um disco? De rock psicodélico a Tim Maia, listamos alguns dos vinis mais raros em sebos brasileiros
Garimpo ou, como se diz no meio dos colecionadores, digging (escavação) é palavra comum entre DJs, ratos de sebo e amantes de vinil em geral. A sensação no momento do achado, da descoberta de um lugar novo (ou velho novo), daquela peça rara, é bem semelhante à do Indiana Jones em suas aventuras arqueológicas. Muitos (se não a maioria) garimpam sozinhos, e o festejo por achar algo raro é interno, mas já vi gente gritando “Achei!” pra ninguém dentro de um sebo. Normal ☺
Para colecionadores, cada detalhe conta: capa, selo, cor do selo, a primeira prensagem, a segunda, o país e, é claro, o estado em que o disco se encontra. Uma reprensagem de algo muito raro vale bem menos que a prensagem original da época de lançamento.
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Sem me prender a um único estilo, fiz uma lista com alguns discos difíceis, caros e raros que rondam o imaginário dos ratos de sebo no Brasil, certamente doidos pra encontrar discos como esses em algum caixote esquecido no canto de alguma loja – não tão especializada a ponto de não saber seu valor real. Alguns são quase impossíveis de achar, mas quem sabe você dá a grande sorte de encontrar algum por aí. Vale ressaltar que muitos desses discos foram reprensados e que outras prensagens (que não a primeira) saem mais em conta.
1. Robson Jorge & Lincoln Olivetti
Mesmo com a internet e informações de sobra – e dezenas de sebos especializados – na sorte do garimpo quem sabe você encontre o raro álbum de Lincoln Olivetti e Robson Jorge perdido nas mãos de algum desavisado. Funk, soul, jazz e boogie recheiam esse disco originalmente lançado em 1982. Lincoln Olivetti foi produtor e arranjador de um monte de gente bacana, Jorge Ben, Rita Lee e Tim Maia foram alguns na vasta lista. Robson Jorge foi tecladista na banda do Tim Maia nos anos 70, entre outras muitas coisas em seu vasto currículo. O álbum foi reprensado este ano, mas, como disse lá no começo, a prensagem da época, com selo da Som Livre, vale muito para os colecionadores, que chegam a pagar R$ 450 por um exemplar em ótimo estado. Mas o preço pode chegar a absurdos U$ 600 como você pode comprovar neste anúncio no Discogs.
Lincoln Olivetti e Robsons Jorge – álbum completo
2. Tim Maia Racional (volumes 1 e 2)
Com certeza a lista é interminável e não é novidade pra nenhum colecionador brasileiro que muitos desses discos foram parar (e muitos ainda irão) no Japão, onde os caras pagam valores surreais por essas pepitas. Tim Maia é hors-concours. Nem preciso mencionar que toda sua discografia dos anos 70 é rara e cara. O Tim Maia Racional (Volume 1 ou Volume 2, lançados pelo selo SEROMA, do próprio Tim, em 1974 e 1975 respectivamente) é muito raro em bom estado e com o encarte, vale de R$ 1.300 a R$ 2.000. Dessa fase loucona do Tim ainda existem os compactos 7 polegadas que são bem raros também, como este aí da foto abaixo, lançado na Bolívia, que chega a custar uns R$ 500.
3. Zinno – Russian Roulette
Como disse que não ia me apegar a um único estilo, seguimos agora com uma peça rara ao fãs de new beat. O Zinno, Russian Roulette, do famoso selo belga Who’s That Beat, lançado em 1989, foi hit certeiro de 10 entre 10 clubes nos anos 90 e hoje é um disco raro. Em terras brasileiras pode chegar a custar R$ 400 (isso se você o encontrar). Existe uma lenda que esse disco foi inflacionado propositalmente (todas as cópias que estavam “por aí” foram compradas por uma mesma pessoa, que criou o monopólio e marqueteiramente aumentou procura pelo disco. Parece brincadeira, mas sim, isso acontece.
4. Massive Attack – Singles 90/98
Aos colecionadores de edições especiais, daqueles boxes com encartes e capas absurdas, mais precisamente aos fãs de Massive Attack, foi lançado em 1998 pelo selo Circa um box com 11 discos com remixes, intitulado Massive Attack – Singles 90/98, que vinha com um poster, em edição numerada. Tudo isso numa caixa de material termo-sensível (que captura o efeito de frio e calor, deixando marcas). A brincadeira chega a custar R$ 1.500 fácil.
Massive Attack – Safe From Harm
5. David Bowie
Citei algum discos caros ou nem tanto, já que isso é relativo e vai depender de quanto o fã quer desembolsar por seu objeto de desejo. A paixão é física, e não virtual. Um fetiche, e como todo fetiche não tem explicação lógica. É tipo, “eu quero e pronto”. Então quebre todos os cofrinhos, faça um empréstimo e pague a bagatela de R$ 9.000 pelo primeiro disco do camaleão David Bowie. Vale? Muitos dirão que sim.
David Bowie – There Is A Happy Land
6. Lula Côrtes e Zé Ramalho – Paêbirú
Se sua praia é o rock psicodélico com pitadas de música regional e experimental dos anos 70, te desejo boa sorte e muita grana pra correr atrás desta peça raríssima brasileira: Lula Côrtes e Zé Ramalho – Paêbirú (selo Solar, lançado em 1975 como álbum duplo com encarte de oito páginas). Chega a custar R$ 10.000 por aí! Reza a lenda que, das 1.300 cópias prensadas, mil cópias, além da fita master, foram perdidas numa enchente que ocorreu em Recife em 1975, restando apenas 300 cópias pelo mundo. É com certeza um dos discos brasileiros de maior valor comercial.
Lula Côrtes e Zé Ramalho – Paêbirú
7. Racionais MCs – Nada Como Um Dia Após O Outro Dia
Em 2002, o selo Cosa Nostra lança Nada Como Um Dia Após O Outro Dia, dos Racionais MCs. O maravilhoso quarto disco dos caras saiu em vinil quádruplo! Assim como outros discos que foram lançados nessa época em que o CD já era muito mais difundido, a tiragem em vinil foi pequena, um dos motivos que ajudaram a aumentar a dificuldade em encontrar esse grande disco, que hoje é vendido, em média, pela quantia de R$ 1.000.
Racionais MCs – Nada Como Um Dia Após o Outro Dia
8. Kraftwerk – Ralf & Florian
O terceiro álbum dos icônicos alemães do Kraftwerk, Ralf & Florian, de 1973 (Philips), em perfeitas condições e com o poster da edição original da época, pode chegar a valer R$ 500. Quem vai dizer que não vale?
Kraftwerk – Ralf And Florian
9. Jorge Ben – A Tábua De Esmeralda
Outro brazuca que tem talento de sobra e que influenciou muita gente com sua ousadia e criatividade ímpar, Jorge Ben lançou sua joia rara, o disco A Tábua De Esmeralda em 1974 pelo selo Philips. Esse disco também foi reprensado, porém os colecionadores querem a edicão original. Em ótimo estado, conservado, pode chegar a R$ 300, enquanto uma edição nova, lacrada, custa R$ 90.
Jorge Ben – A Tábua De Esmeralda
10. The Rolling Stones – Sticky Fingers
O álbum de 1971 da mais longeva banda de rock n’roll da Terra também se tornou mosca branca. Lançado pelo selo Rolling Stones Records, o disco teve a capa foi feita por ninguém menos que Andy Warhol e tem realmente um zíper que se abre. O disco com a bolacha em ótimo estado (pois o zíper danificava o vinil) pode chegar a R$ 400.
The Rolling Stones – Bitch
11. Madonna – Bedtime Stories
De 1994, o álbum de Madonna Bedtime Stories, lançado em vinil duplo, e que na maioria dos países foi lançado somente em CD, pasmem, aqui no Brasil foi lançado em vinil. É raro e chega a custar uns R$ 300. Ainda há uma edição limitada, numerada em duplo vinil pink americana, que chega fácil na casa dos R$ 1.000.
12. Marku – Marku Ribas
Esse maravilhos disco foi lançado pelo selo Underground, que também lançou trabalhos de O Terço, Miguel de Deus e Tim Maia. O álbum Marku de Marku Ribas, de 1973, é peça rara, procurada e cobiçada pelos amantes de samba-rock e funk-soul brazuca. O álbum do hit Zamba Ben, em ótimo estado, pode chegar a R$ 500.
Marku Ribas – Marku
13. The Smashing Pumpkins – Mellon Collie and The Infinite Sadness
O lindo e absurdo álbum do The Smashing Pumpkins Mellon Collie and The Infinite Sadness, lançado em 1996 em vinil triplo, edição limitada, europeia, numerada, é raro. Esse disco não foi lançado em vinil em todos os países. Seu preço vai de R$ 900 a R$ 2.000.
14. Sabotage – Rap é Compromisso
Lançado originalmente em 2002 pelo selo Cosa Nostra em vinil duplo, o álbum Rap é Compromisso do Sabotage foi reprensado recentemente pelo selo Somatória do Barulho, e até este repress já se tornou raro (custa em torno de R$ 300). A edição original da época está beirando os R$ 700. Está nesse disco o hino Respeito é pra Quem Tem.
Sabotagem – Respeito É Pra Quem Tem
15. Almir Ricardi – Festa Funk
Como anuncia na capa, o disco foi gravado pela banda de Lincoln Olivetti e Robson Jorge. E, conforme já falamos em outra matéria por aqui, o disco de Almir Ricardi é sensacional. O álbum Festa Funk é raridade procurada por muitos baileiros e novos entusiastas do funk brasuca. Pra ter em suas mãos os hits Festa Funk e Pura em vinil terás que desembolsar entre R$ 250 e R$ 450. Boa sorte.
Almir Rircardi – Pura
16. Noriel Vilela – 16 Toneladas
Os compactos de sete polegadas andam em alta. Alguns chegam a custar absurdos por serem extremamente raros. Preste sempre atenção naquela caixinha de sapatos com compactos sem capas largadas nos cantos dos sebos. Quem sabe você não encontra o disquinho do Noriel Vilela 16 Toneladas, lançado em 1971 pelo selo Copacabana. No mercado dos colecionadores seu precinho varia entre R$ 200 e R$ 400, dependendo do estado.
Noriel Vilela – 16 Toneladas