DJ Leiloca Pantoja com um drin A DJ Leiloca Pantoja é um dos destaques do Jerome neste final de semana – foto: divulgação

Viva o bom drink! Personalidades compartilham as receitas de coquetéis que fazem sucesso em suas festas

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Se tem uma coisa que pega bem, é saber fazer um bom drink para “as visitas”. Receber, alem de divertido e generoso, é uma arte.

Para os convidados, ser surpreendido com um drink feito pelo anfitrião, com todo carinho e capricho, gera um pequeno e inesquecível delírio pirotécnico. “Geeeente, lembra daquele gin que o Bispo fazia sempre na casa dele?”, dirão nostálgicos os amigos. Os coquetéis são um belo cartão.

A palavra cocktail, de onde derivarou o nosso coquetel, foi usada pela primeira vez em 1803 para definir um drink que adicionava aromas ao vinho.  No entanto, registros históricos mostram que a experimentação com a mistura de bebidas é feita desde o século XII.

A coquetelaria então foi se desenvolvendo a ponto de virar um fenômeno presente em qualquer cidade do mundo, misturando ciência, química e uma deliciosa criatividade artística… uma espécie de “brisologia”. Carregadas de história e representação cultural, as receitas de cada lugar do mundo permitem que absorvamos um pouco de cada lugar enquanto o nível etílico sobe. Temos no bar do lado o maior exemplo disso: nossa caipirinha está presente no mundo todo, transmitindo a imagem através do sabor, de um lugar malemolente, divertido e adocicado.

Todo dia 18 de maio, é o dia internacional do coquetel.  Para celebrar a data que rolou na semana passada  e deixar nosso leitor inspirado, pedimos para 4 personalidades a receita de seus drinks do coração. Aquele que a gente faz quando quer encantar alguém. Que tal replicá-los?

DJ Bispo

Gin Tônica

DJ Bispo

DJ Bispo – foto: divulgação

Bispo é uma espécie de alicerce da noite paulistana. Sempre esteve fazendo festa boa, sempre transmitiu cultura musical, sempre trouxe gente para dentro. começou a tocar na Torre do Dr Zero em 1997, passou por diversos bares (Matrix, Glitter, Egotrip, Sonique, Stardust, Metropol) e tocou em diversos lugares clássicos de SP (Lov.e, The Edge, Loca, Hot Hot, Vegas, AmpGalaxy, The Society, Yatch, Lions, Jerome), residente das festas Ursound e Brutus. tocou em eventos com djs : Moby, Alex Metric, Mark Moore (S’Express), Peaches, Larry Tee. “Atualmente esperando as coisas melhorarem para voltar a organizar festas e tocar”, nos conta.

Minha receita de drink é simples, porém para mim tem um valor muito grande, e é quase uma celebração quando tomo. Eu gosto de Gin Tonica com pepino, corto o pepino japonês com um ralador, deixo bem fininho, e coloco em volta do copo, coloco algumas sementes de zimbro, e umas gotas de limão siciliano. Eu tenho uma relação com o gin muito bacana, um dos meus melhores amigos Luis Depeche toma Gin Tônica desde sempre, desde a época do Sra. Krawitz quando o conheci, ele toma este drink, na época eu não curtia, uma vez o Lu tomou 14 gins no clube Massivo, o dj Mauro nos deixava Beber a vontade, e aí comecei a tomar. Sempre que encontro o Lu Depeche tomamos Gin, e é sempre acompanhado de muita música. Então tenho uma relação de muito carinho com gin tônica. O Lu tomava puro com gelo e limão, eu tomei com pepino na casa de um amigo, e o favoritei pra sempre.

DJ Leiloca Pantoja

Bombeirinho

DJ Leiloca Pantoja com um drin

Leiloca com seu bombeirinho – foto: acervo pessoal

Leiloca Pantoja, DJ que encanta com house e disco music de primeiríssima linha pelas pistas da cidade,  resolveu revisitar a memória afetiva da adolescência, tempo em que a catuaba era bebida de cabra,  para recomendar seu drink. Se alguém aqui já não viu o sol nascer de ponta cabeça após uma session de bombeirinho com os migos, que atire o primeiro limão.

“Com um pé na jaca e outro na nostalgia, o Bombeirinho, classicão dos botecos dos anos 1980, é bom, salva vidas e dá um fogo danado. Nestes tempos pandêmicos, para um drink, o ideal é receber em casa apenas um amigo – aquele bem íntimo, que você confia e pode falar tudo, mas tudo mesmo, depois que o calor subir. Separe toda sua discoteca dos 80s e misture tudo: B-52’s com Madonna, Paula Abdul com New Order, Sigue Sigue Sputnik com Softcell, Gene Loves Jezebel com Technotronic, Go-Go’s com Duran Duran e atravesse, entre tragos, comentários e danças, a madrugada. Ao amanhecer, já com o espírito elevado e o corpo em brasa, Agradeça por mais uma noite viva e vislumbre um futuro de luz e paz, harmonia e muita saúde! E música, claro.”
Receita Clássica do Bombeirinho:
– 30 ml de cachaça pura branca
– 10 ml de suco de limão Taiti
– 10 ml de groselha
Como Fazer:
– Coloque todos os ingredientes num mixing glass com gelo (se desejar)
– Misture com uma bailarina.
– Faça uma coagem simples para o copinho de shot

Gabriela Nery – Atriz

Mojito

Gabriela Nery no Astronete

Gabriena Nery no Astronete – foto: acervo pessoal

 

A atriz e videomaker Gabriela Nery tem uma relação de amor com os áureos tempos do bar Astronete, em São Paulo, de lá vem a memória de grandes noites à base de Mojito, cartão de visitas de cuba. O drink é atribuído (em uma das versões da história) ao almirante inglês Francis Drake durante desenbarque na ilha no século XVI.

Esse drink tem um especial sabor de liberdade. Logo quando vim morar em São Paulo, em 2009, decidi aceitar toda oportunidade de trabalho que expandisse minha vida. Foi nessa intenção que aceitei a vaga na chapelaria do Astronete, uma balada que ficava na Augusta, onde conheci bastante gente. Lá aprendi a fazer Mojito, um drink deliciosamente refrescante que gosto de preparar no verão quando o calorzão é de rachar! Simples e prático: limão cortadinho em cruz depois divide no meio, 8 cubinhos; açúcar a gosto e folhas de hortelã. Amasse como se fosse fazer caipirinha. Acrescenta gelo e dose de Rum. Mistura tudo na coqueteleira. Põe no copo que vai ser servido e acrescenta água com gás. Na época do Astronete usava canudo de plástico, mas agora que temos consciência ecológica substituímos por canudo de papel ou canudo reutilizável (de inox, silicone ou bambu). Vá com calma porque ele de tão refrescante parece suco, muito fácil você bebe 3 copos, quando percebe já está daquele jeito.

João Lucas Leme – Festeiro

Negrini

Joao Lucas Leme

foto: acervo pessoal

Não, nós não escrevemos errado. O nome do drink é Negrini mesmo, uma subversão do Negroni criado por João Lucas Leme, designer de produtos e “apaixonado por música e coquetéis”.  Podemos dizer que temos aqui um furo de reportagem! Valeu João!

Criei essa receita num dia de balada improvisada em casa, com saudades das baladinhas do centro de SP. Queria algo bem reminiscente dessas noites e juntei a cachaça e o cynar em uma receita de Negroni, com as proporções rebalanceadas. Batizado em homenagem à musa do Acadêmicos do Baixo Augusta Alessandra Negrini.
Receita: Negrini
40ml Cachaça Prata (Usei Encantos da Marquesa)
30ml Vermute Doce (usei Aureah)
10ml Campari
10ml Cynar 70 (versão mais alcoólica do Cynar “normal”, use o que encontrar)
Casca de laranja bahia para decorar
Método: Verter todos os ingredientes em um copo grande de vidro pré-gelado, cobrir o líquido com gelo, mexer com uma bailarina ou hashi até ficar bem gelado. Coar para um copo baixo com gelo novo e finalizar torcendo a casca de laranja bahia por cima e colocando no copo para decorar.

 

 

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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