VÍDEO E FOTOS: FLÁVIO FLORIDO
Fabricar discos com alta qualidade a preços competitivos. Essa é a ambiciosa meta do músico e DJ (e agora empresário) Michel Nath, o cara à frente da Vinil Brasil, fábrica instalada há um ano no bairro da Barra Funda, em São Paulo, e que passará a receber pedidos assim que terminar a fase de ajustes finais e testes. A ideia é que a Vinil Brasil entre em funcionamento entre junho e julho, só depois de certificada a qualidade de suas bolachas.
“Só vou abrir para pedidos depois de fazer testes com meu disco autoral, que lancei em vinil e foi fabricado na época pela GZ Media, uma das maiores e melhores fábricas do mundo, que fica na República Tcheca. Só depois que atingir qualidade de áudio similar, abrirei para clientes”, garante Nath, que conta que a fábrica meio que caiu no seu colo e ele resolveu abraçá-la.
Seu álbum, SolarSoul, foi encomendado em abril de 2014, mas só foi prensado meses mais tarde, em agosto, coincidentemente na data do aniversário de Nath, e só foi começar a ser entregue em outubro de 2014, nove meses depois do pedido, sendo que as últimas cópias chegaram ao Brasil apenas em abril de 2015. “Foi aí que eu senti na pele como o artista que busca lançar um vinil de qualidade sofre neste país. A partir disso toda a história das prensas começou a se desenhar pra mim”, conta.
Conheça a nova fábrica de discos de São Paulo, a Vinil Brasil
Não é novidade pra ninguém que o disco de vinil está de volta entre nós. Já faz alguns anos que temos visto o formato voltar às lojas e à vida das pessoas. Na Inglaterra, por exemplo, pela primeira vez desde os anos 90, as vendas de vinis bateram a marca dos 2 milhões de cópias vendidas (em 2015), num crescimento de 64% em relação a 2014. Foi a melhor performance do formato em 21 anos!
Infelizmente a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD) ainda não voltou a publicar números sobre o mercado de vinis no país, mas é fato que ele hoje é uma realidade e vem crescendo a cada ano.
A chegada da Vinil Brasil vai quebrar o monopólio da única fábrica em operação no mercado nacional. A Polysom, no Rio de Janeiro, foi reativava em 2009, e desde então vem botando no mercado desde raridades perdidas nos catálogos de gravadoras, como o disco Maria Fumaça, da banda Black Rio, até novos álbuns de bandas nacionais de peso, como a Nação Zumbi.
A história da nova fábrica paulistana começou quando o comerciante de discos Clênio Lemos encontrou num ferro-velho quatro prensas de vinil da marca Hamilton, fabricadas em 1954. Ele as comprou e convidou Michel Nath para ser seu sócio. Tempos depois, Clênio resolveu se mudar do país por questões pessoais e vendeu sua parte das prensas a Nath, que foi buscar gente que conhecia a fundo o mercado de fabricação de discos no Brasil para ajudá-lo a montar sua fábrica. “Sou músico e amante da música, portanto eu sei o quanto faz falta termos mais opções no Brasil para se produzir discos. Estamos numa fase muito prolífica de produção de música no país, tanta coisa legal sendo feita, shows, festas. Só falta ter essa última etapa preenchida, que é a do registro. Por isso eu resolvi ir adiante com a fábrica”, diz Nath.
Para ajudá-lo a botar a fábrica pra funcionar, ele chamou o técnico Luiz Bueno, que foi funcionário da RCA e da BMG-Ariola durante 20 anos. Foi ele quem recuperou o maquinário ao longo de vários meses de trabalho árduo. “Por serem máquinas muito parrudas elas sobreviveram aos maus tratos por que passaram”, diz Bueno.
A intenção de Nath é conseguir colocar no mercado, por ano, 200 mil discos de vinil, com a fábrica funcionando a todo o vapor. “Mais tarde quero também ter meu selo, pra fomentar artistas nos quais eu acredito. Mas aqui é uma empresa, e pretendo atender a todos os pedidos sem fazer discriminação nenhuma. Claro que eu acho que vai ter uma seleção natural. Normalmente quem busca uma impressão em vinil tende a ser um artista preocupado com a qualidade”, avalia o empresário.
Faixa bônus: Como nasce um disco de vinil
Enquanto a fábrica Vinil Brasil não entra em atividade, você pode curtir a página deles no Facebook e já começar a sonhar com um mercado onde comprar um vinil seja algo tão corriqueiro quanto tomar uma cerveja no boteco da esquina – porque atualmente os preços estão mais pra caviar da Rússia.
Saboreie um pouco mais da nossa visita à fábrica com essas fotos aí embaixo.