Um Grammy muito louco: Bieber leva prêmio de dance music, head bang suave com Johnny Depp e Gaga faz cosplay de Bowie

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Entre mortos e feridos, a noite da 58ª edição do Grammy foi positivamente louca e rendeu a quem ficou acordado até quase três da manhã do horário brasileiro ótimos shows e momentos involuntários de humor.

No geral, a premiação foi bem menos açucarada e, na medida do possível, privilegiou a música com mais personalidade. Exceto pelos dois prêmios (Álbum Vocal Pop e Álbum do Ano)  de Taylor Swift, talvez a cantora mais sem sal da história, os Grammy saíram em profusão para artistas de personalidade forte, como Kendrick Lamar (que levou 5 prêmios), a fabulosa banda de rock caipira Alabama Shakes (4 Grammy) e Mark Ronson & Bruno Mars, que levaram o prêmio de melhor gravação do ano por Uptown Funk.

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Swift, eu juro que sei que você é talentosa…

Quando foi receber seu prêmio, Ronson apontou para a plateia e disse: “Estou vendo ali George Clinton, que fez mais pelo funk do que a gente jamais poderá sonhar em fazer nas nossas vidas. Obrigado, George Clinton, James Brown, The Meters e, claro, Earth Wind & Fire“, reverenciou o músico e produtor inglês.

Foi uma noite de muitas homenagens. Maurice White, criador do Earth, Wind & Fire, morto em 4 de fevereiro deste ano, foi lembrando várias vezes, inclusive por Stevie Wonder durante a entrega do prêmio mais esperado, Álbum do Ano. Criada em 1969 por White em Chicago, o Earth, Wind & Fire recebeu o prêmio Lifetime Achievement (conjunto da obra) e deu a tônica do bom gosto em vários momentos da premiação.

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Vamos ficar esperando esta foto All Night Long?

Outra carreira de um músico black de peso a ser homenageada foi a de Lionel Richie. O eterno vocalista dos Commodores assistiu a performances de vários cantores pop rasgando-se num medley que começou com John Legend cantando Easy e terminou com Demi Lovato chegando aos limites de suas cordas vocais interpretando Hello. Ainda teve um espaço para o próprio Richie subir ao palco e botar o teatro todo pra ferver com a arroz-de-festa All Night Long.

Mais duas homenagens póstumas lindas: justo tributo a Glenn Frey, um dos fundadores dos Eagles, morto em janeiro deste ano, com Jackson Browne e o restante da banda tocando a linda Take It Easy; e o vencedor do Grammy de Melhor Disco Country, Chris Stapleton, cantando, inspirado, The Thrill is Gone, em homenagem ao B.B. King.

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Lady Bowie

Agora o que todo mundo estava esperando, a homenagem a David Bowie.

A escolha de Lady Gaga para fazer a performance parecia bem acertada. Ela sendo mulher, a popstar mais underground dos últimos tempos, mãe dos little monsters e certamente uma grande fã de Bowie, tudo fazia sentido. Ainda mais depois de pipocarem vídeos dela chorando ao ser maquiada como Bowie.

Eis que Gaga sobe ao palco superemocionada. Mas o que se viu no palco foi uma sequência de hits de David Bowie carregados demais na cenografia e de menos na criatividade. Pareceu mais uma performance do The Voice Brasil. Até mesmo a participação de Nile Rodgers, que foi parceiro de Bowie no álbum Let’s Dance, ficou apagado embaixo de tanta iluminação, pouca voz e um que de breguice que é quase intrínseca ao palco de um Grammy.

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The Weeknd lacrou e engoliu a chave

Se Gaga pareceu mais um cosplay de Bowie numa novela da Globo, sobrou originalidade e soul em duas das melhores apresentações de rap da noite: os fodões Kendrick Lamar e The Weeknd. Lacraram a genialidade do novo rap e engoliram a chave. E ainda levaram os Grammy na categoria Rap de Melhor Performance, Melhor Colaboração, Melhor Canção, Melhor Disco (Lamar) e Melhor Performance R&B e Melhor Álbum Urbano Contemporâneo (Weeknd).

HEAD BANG SUAVE

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Fogo, tattoos, guitarras e Alice Cooper tomaram o palco do Grammy para uma homenagem a Lemmy, do Motorhead, com a banda Hollywood Vampires, tirando um pouco do açúcar pop da premiação e botando Johnny Deep pra fazer as cabecinhas mais bem penteadas da indústria da música pra fazer um head bang suave.

Meio difícil de entender a performance do trio premiado pela Melhor Gravação Dance, com Justin Bieber cantando Where Are U Know, acompanhado dos parças Skrillex (tocando guitarra) e Diplo (tambores), dupla também conhecida como Jack Ü.

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Diplo e Skrillex levaram também o Grammy de Melhor Álbum Eletrônico, vencendo Caribou, Disclosure, Chemical Brothers e Jamie XX. Não deu pra entender a lógica desse prêmio, tá?

E a pianista brasileira Elaine Elias levou o prêmio de melhor álbum de jazz latino. A dupla Disclosure deve ter ficado bem feliz, já que são fãs dela, conforme você pode ler nesta entrevista que os irmãos Guy e Howard deram ao Music Non Stop.

Entre mortos e feridos este foi um dos melhores Grammy em muito tempo. A gente separou uma seleção de melhores momentos, que você vê na galeria aí embaixo.

 

 

 

 

 

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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