Rapper americano é o principal nome da abertura do Rock in Rio 2024
O rapper americano Travis Scott já está no Brasil, com a responsa de ser a principal atração da abertura do Rock in Rio 2024, nesta sexta-feira, 13. Na quarta, 11, apresentou seu cartão de visita aos paulistanos lotando o Allianz Parque em um show solo de sua turnê Circus Maximus, para 46 mil pagantes. Expoente máximo do trap, Scott é um astro amado por jovens e produtores musicais deste universo, mas sua carreira e música ainda podem ser estranhas a muita gente que não circula no meio. No Brasil, vários amam Travis (o show do Allianz provou isso) e outros tantos não têm a menor ideia de quem ele seja.
No palco do RiR, Travis usará seu status de atração principal para mostrar seu som a muita gente que não o conhece, incluindo aí os que acompanharão o festival pela TV (dá para assistir pelo Globoplay), a partir da meia-noite. O astro ainda conta com a vantagem de chefiar uma noite bem modesta no que diz respeito a line-up. Reinará sozinho.
O tal do trap
Trap or Die, de 2005, é considerada uma das faixas que ajudaram a definir o gênero
O trap é um subgênero do hip-hop que surgiu na virada do milênio no sul dos Estados Unidos, especialmente em cidades como Atlanta. Seu nome vem da gíria “trap”, que se refere a locais onde drogas eram vendidas. As letras costumam abordar temas como violência, dificuldades da vida nas ruas e tráfico de drogas. Musicalmente, o trap é caracterizado por batidas pesadas, o uso de TR-808s, hi-hats rápidos e sons atmosféricos. Foi a partir da década de 2010, no entanto, que o estilo estourou mundialmente, influenciando a música pop e diversos outros gêneros musicais.
De onde veio Travis Scott?
Jacques Bermon Webster nasceu em bairro pobre de Houston, no Texas, e testemunhou a ascensão social de sua família. A mãe arrumou emprego na Apple, o pai abriu seu próprio negócio e a família se mudou para um bairro de classe média da cidade. O jovem Webster chegou a começar uma graduação na universidade de San Antonio, mas largou tudo no segundo ano para perseguir a carreira na música. Ainda na faculdade, no entanto, Scott se juntou a um colega para montar o duo The Graduates, que lançou um EP em 2008, de forma independente (ouça acima); ainda sob inspirações estudantis, montou outro projeto musical, The Classmates. Em 2012, o rapper iniciante largou a faculdade e também as parcerias musicais de nomes caretas.
Viver de música, como sabemos, não é moleza. Depois de deixar os estudos para tentar a vida artística, Webster se mudou para Nova Iorque por quatro meses, depois partiu para Los Angeles, teve a mesada dos pais cortada, voltou para a casa dos velhos e mudou-se novamente para Los Angeles dormindo em sofás de amigos, até que conseguiu ser ouvido pelo pessoal da gravadora Grand Hustler Records. Nascia Travis Scott.
A ascensão do garoto de Houston
A partir de 2014, Scott trabalhou duro pela sua carreira. Caiu na estrada para divulgar sua mixtape Days Before Rodeo, que continha algumas produções suas e remixes de outros artistas, um aperitivo para seu primeiro álbum de inéditas, Rodeo (2015), com uma seleção assombrosa de participações especiais, principalmente se tratando de um artista iniciante: Quavo, Juicy J, Kanye West, The Weeknd, Swae Lee, Chief Keef, Justin Bieber, Young Thug e Toro y Moi. Bem relacionados, o garoto e sua gravadora provaram que eram. Em 2016, com produção executiva de Kanye West, lançou seu segundo disco, Birds in the Trap Sing McKnight.
Fincando a bandeira no topo da montanha do trap
Foi com Astroworld, lançado em 2018, que Travis chegou ao status do artista gigantão que vemos hoje no Brasil. Seu disco foi aplaudido pela crítica especializada e chamado, por colegas produtores, de The Dark Side Of The Moon (LP histórico e transformador da banda Pink Floyd) do trap. Scott ainda anunciou o Astroworld Festival, evento para potencializar a promoção do álbum, cujo sucesso traria a exposição e o respeito que o rapper precisava para se firmar como o maior expoente do gênero. No final do mesmo ano, se apresentou no disputadíssimo intervalo do Super Bowl, uma das maiores vitrines da música estadunidense.
Usando o capitalismo a seu favor
Travis Scott nunca teve vergonha de enxergar sua música como um produto. E o fez com uma ferocidade ímpar no mundo da música. Além do Astroworld Festival, que contou com Post Malone, Lil Wayne, Young Thug, Rae Sremmurd, Gunna, Houston All Stars, Sheck Wes, Metro Boomin, Trippie Redd, Smokepurpp, Virgil Abloh e Tommy Genesis no line-up, o artista lançou produtos em colaboração com a grife de roupas Dior, fechou um contratão com a Nike para um série de tênis exclusivos, aproveitou o lockdown na pandemia para fazer um show virtual dentro do jogo Fortnite, assinou um lanche com seu nome no McDonald’s e ainda tirou onda no mundo gamer como garoto propaganda do Playstation.