Tower Records Foto: Getty Images/Reprodução

Tower Records dá ótima notícia aos aficionados por vinil

Jota Wagner
Por Jota Wagner

Loja de discos favorita de Elton John, Jack Nicholson e Mick Jagger serve como termômetro do mercado

O que é preciso para uma loja de discos merecer uma matéria falando sobre sua expansão no estoque de discos de vinil? A resposta é simples: ter uma história tão boa de se contar como a da Tower Records. E a narrativa já começa com sua naturalidade.

A icônica loja de discos inaugurada em Hollywood já foi uma rede global, e hoje existe apenas no Japão, onde mantém 88 lucrativas unidades. O edifício sede, em Tóquio, está sendo reformado para abrigar um aumento de 50% na oferta de títulos em vinil. Quando a reestruturação dos sexto e sétimo andares da loja ficarem prontos, o visitante terá à sua disposição cem mil (!!!) títulos para escolher, sendo 60 mil novos e 40 mil usados.

Outra novidade anunciada será uma sessão exclusiva para música clássica, contendo sete mil títulos.

Trata-se, portanto, do inusitado caso de loja de discos que começou em um país, mas sobreviveu em outro.

Sobrevivência, aliás, é o termo mais astuto a ser usado aqui. A Tower foi uma das poucas grandes lojas a resistir ao blitzkrieg causado pela era do MP3, seguido da chegada das plataformas de streaming, que eclodiram o mercado de mídias físicas (vinil, CDs e DVDs) no mundo todo.

Mas para isso, teve de apelar para o maior mercado consumidor de mídias físicas do mundo, o japonês. Além, claro, de vender online para consumidores de todo o planeta.

Era uma vez em Hollywood

Bem, na verdade, em Sacramento, a 600 quilômetros de Hollywood. Foi onde a matriz da Tower Records abriu as portas, em 1960, pelas mãos de Russ Soloman, com o slogan “no music, no life”. Mas foi a partir da inauguração de sua filial na hypada Sunset Boulevard — agora sim em Hollywood — que a loja ganhou status de farol para navegadores em busca de um bom porto musical.

Bruce Springsteen, Jack Nicholson, Brian Wilson, Mick Jagger e Ella Fitzgerald a frequentavam frequentemente, em busca de novidades musicais, segundo a consultoria de mercado cultural Korn Ferry. Elton John passava por lá toda terça-feira, pontualmente às 09h, e saía com uma caixa de discos novos. Deixavam, além de um bom punhado de dólares, reputação gratuita para a marca, que chegou, no auge de seu sucesso empresarial, a ter 200 unidades em 15 países, e faturar um bilhão de doletas por ano.

Isso em 1999, virada do milênio e também do paradigma de mercado musical. Com o advento da música digital, as vendas foram caindo mais rápido que jaca madura, e sete anos depois a Tower abria falência. Para pagar a bucha, liquidou suas lojas e desapareceu de todos os países onde operava, incluindo sua terra natal, e excluindo o fortíssimo mercado japonês.

Só o Japão Salva

Na terra do sol nascente, a Tower Records continua sendo um tremendo sucesso. A maior loja da rede, em Tóquio, tem nove andares, uma verdadeira Meca para colecionadores de discos, CDs, cassetes, livros e roupas relacionadas à música. Graças ao seu status de megaloja de mídias físicas, a Tower Records acaba sendo um termômetro de tendências do mercado.

Logo, para os amantes do vinil, a expansão é um ótimo sinal.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.

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