Um dos álbuns mais aclamados da história celebrou 50 anos este ano, o The Dark Side of The Moon, do Pink Floyd. O aniversário mesmo foi no dia 1º de março, mas o que me deu mesmo a ideia de escrever esse guia foi um artigo publicado no The Guardian em que o autor compara o The Dark Side of The Moon com o Random Access Memories do Daft Punk – uma comparação um tanto audaciosa. Então veio a realização estranha de que muita gente que ama música nunca parou pra ouvir a obra do Pink Floyd. É aí que entra esse guia, porque, acredite, esse álbum não é considerado um dos melhores da história à toa. Vem!
Antes de dar o play
Eu não vou me alongar em todos os detalhes do álbum já que daria pra escrever uma tese sobre, mas tem alguns detalhes que tornam a experiência de ouvir esse álbum um pouco mais curiosa.
Álbum-conceito
- O TDSoM é considerado um álbum-conceito. Ou seja, não é apenas uma coleção de músicas, ele tem um tema e as músicas contam uma espécie de história;
- Apesar de ter sido concebido numa época em que a corrida pelo Espaço estava em alta, o nome faz alusão à lua no sentido de lunatismo;
- Temas como vida, morte, dinheiro, estresse e tempo; são explorados nas faixas que, com excessão de uma quebra – vale lembrar que precisava virar o disco naquela época! – são todas juntas.
- A capa foi concebida por George Hardie e Storm Thogerson. O design do feixe de luz branca, que representa a ‘unidade’, passa por um prisma, que representa a sociedade. O feixe refratado de luz colorida simboliza a unidade difratada, deixando uma ausência da unidade;
- O Roger Waters foi quem compôs o álbum todo, aos 29 anos.
Detalhes técnicos que matam a pau
- Ele foi gravado nos estúdios da Abbey Road (sim, o do disco dos Beatles);
- As gravações começaram 5 anos após o afastamento de um dos membros-fundadores, o Syd Barrett, ter entrado em um estado de crise crônica de esquizofrenia;
- O álbum foi gravado em um sistema quadrifônico, duas caixas na frente e duas atrás. Quase que um surround system, até por isso que vale a pena ouvir num sistema de som potente;
- A mesa de som usada na gravação era de última geração e permitia a captura de 16 canais, ao invés dos tradicionais 8 usados na época;
- O engenheiro de som foi o Alan Parsons. Ele que gravou relógios batendo usando os tais dos 16 canais e a banda resolveu usar em ‘Time’. Foi também o responsável pela aparição do álbum no Grammy daquele ano, ele concorreu como engenheiro de som – e não levou. Grammy sendo Grammy desde sempre…
- O Alan Parsons também foi o responsável por trazer a Clare Torry, a dona da voz potente em The Great Gig in The Sky. Ela gravou por umas duas horas e o resultado final, que foi pro álbum, é um edit do Parsons;
- O álbum ficou 981 semanas no chart da Billboard, ou aproximadamente 18 anos;
- Ainda é um dos álbuns mais vendidos da história (45 milhões de cópias)
Hora de dar play
Eu poderia colocar aqui o player do Spotify, mas olha só que maravilha o mundo da internet, alguém subiu um filme do show de 1974 com os visuais apresentados na turnê da época. Em HD e com som decente, joga na TV e vai que vai!
The Dark Side of The Rainbow
Falar desse álbum e não citar um dos maiores mitos do mundo da música é heresia. Em 1995, o Fort Wayne Journal Gazette, publicou um artigo sugerindo aos leitores que assistissem ao filme O Mágico de Oz de 1939 ouvindo o The Dark Side of The Moon. No artigo, o jornalista Charles Savage, inclusive falava da hora exata para dar o play no álbum: depois do primeiro rugido do leão da MGM. ‘O resultado é impressionante. É como se o filme fosse um grande vídeo para o disco” ele disse na época. A banda, e inclusive o Alan Parsons, negaram diversas vezes que o álbum tenha sido concebido de uma maneira que pudesse ser sincronizado com o filme. Porém, algumas coincidências são interessantes. Assim que ‘Money’ entra, Dorothy adentra o mundo de Oz e o filme passa a ficar colorido. Na hora do tufão, o som é ‘The Great Gig in The Sky’. Mas como Alan Parsons disse em 2003: ‘Qualquer filme que você colocar no mudo e tocar um álbum por cima vai ter momentos de coincidência musical’.
Meio século depois…
Para o aniversário do álbum, a banda preparou um caixa comemorativa com 2 discos, 2 cds, 2 blu-rays, 1 dvd, 2 livros e 2 réplicas de singles lançados na época. Além da caixa, a banda preparou um concurso para animadores e também uma série de apresentações do álbum com visuais exclusivos em planetários de diversas cidades pelo mundo. Vale lembrar que a apresentação do álbum para a imprensa, em 1973, aconteceu no planetário de Londres.
O impacto do álbum é tão grande, que o SESC também preparou um show de tributo ao álbum. O SESC Jundiaí apresenta um time de músicos que vai tocar o disco na íntegra, Ritchie (voz), Charly Coombes (Supergrass – voz e teclados), Neli Giorgi (backing vocal), Zé Antonio Algodoal (Pin Ups – guitarra, violão, lapsteel), Francine Moh (backing vocal), Alf Sá (Rumbora – baixo), Rogério Bastos (bateria) Pedro Pelotas (teclados, guitarra e violão) e Pascalli (saxofone). Mais informações no site do SESC.
E por fim, o player do disco.