Daniel Haaksman e Cibelle em foto de Lukas Gansterer

‘Tem muita música nova e quente’, diz Daniel Haaksman, que lança clipe com Cibelle

Fabiano Alcântara
Por Fabiano Alcântara

Cibelle dirige e protagoniza o novo videoclipe do disco With Love, From Berlin (Man Recordings, 2019) do produtor musical e DJ alemão Daniel Haaksman. Juntos, apresentam o vídeo da track Corpo / Sujeito.

A faixa abre o novo disco de Daniel Haaksman With Love, From Berlin (Man Recordings, 2019) lançado em janeiro. O álbum traz a capital alemã como fonte de inspiração para diversos artistas internacionais que lá vivem. Haaksman convocou dez desses residentes em Berlim para refletir sobre sua vida na cidade e traduziu essas impressões com suas batidas garimpadas mundialmente e cuidadosamente construídas.

Após um hiato musical e a transição para a posição de uma pessoa não-binária (ou seja, que não se define nem como homem, nem como mulher, apenas uma pessoa em nuances de existência), Cibelle se mudou para Berlim em 2015.

Em que aspectos Berlim influencia sua música?
Daniel Haaksman – Berlim é uma cidade que se tornou cada vez mais internacional e eu queria refletir sobre essa mudança na minha música. Você pode sair todas as noites e escolher entre uma grande variedade de eventos de clube e música. Claro, techno é o som dominante nos clubes, mas há uma enorme cena de reggae e dancehall, há muitas festas de latino, há eventos de kizomba, afro house e muito mais. Então essa variedade teve uma grande influência em minha nova álbum.

O que você vê como o mais revolucionário em Cibelle?
Haaksman – É um cantore de talento que não mede esforços em tornar real sua visão de arte. Eu também amo a recente politização.

Você desempenhou um papel importante em tornar o funk “aceito”. Você concorda que essa “aprovação” de fora por artistas estrangeiros é um ponto sensível de reconhecimento de gêneros populares no Brasil?
Haaksman – Eu acho que esse é um fenômeno geral em todo o mundo. Com o Kraftwerk, foi bem parecido: quando lançaram sua música na Alemanha na década de 1970, tiveram um sucesso modesto, comparado com o quão entusiasticamente eles foram reconhecidos no Reino Unido ou nos EUA (ou Brasil) e quantos discos eles venderam durante esse tempo. Somente no início dos anos 90, quando a revolução da música eletrônica com grandes raves, como a Love Parade e quando dançar música eletrônica tornou-se mainstream, as pessoas na Alemanha entenderam a importância fundamental do Kraftwerk. Muitas vezes, como na Alemanha, dizemos: “Um profeta não está sem honra, exceto em seu próprio país”. E eu acho que o mesmo se aplica ao funk.

O que você acha da prisão de Rennan da Penha?
Haaksman – É um grande escândalo para mim e espero que ele receba um tratamento legal justo. No entanto, o funk tem sido criminalizado por muitos anos, este é apenas um caso mais radicalizado para o que aconteceu nos últimos trinta anos com a estigmatização e criminalização do funk.

Com o que você está mais animado hoje em dia?
Haaksman – Há tantos novos estilos musicais emergentes nas cidades pequenas e na internet, é um momento muito emocionante para a música. Atualmente me interessei novamente pelo tecno brega, produções de Waldo Squash ou DJ Rennan, onde o funk, o brega e o reggaeton são colocados em uma só mistura. No Brasil, eu também gosto muito de Felipe Cordeiro, MC Tha, Duda Beat, Omulu, Maffalda e kLap, além do que amei recentemente o disco da Rosalia, gosto das produções de Gafacci de Gana, também gosto muito da abordagem francesa ao afro. Sons de fusão com artistas como 10Lec6, Tshegue ou Lazy Flow, além do que está atualmente em Lisboa, com o mix de kuduro e techno. Tem muita música nova e quente, é difícil mencionar tudo.

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