Na última semana os fãs do diretor Quentin Tarantino foram a loucura quando o cineasta anunciou que lançaria uma série baseada no personagem Rick Dalton (belo spin off) um romance baseado em seu último filme Era uma Vez em... Hollywood (2019). Desde abril que ele comenta que vem pensando em escrever esse livro e agora, o título foi confirmado para ser lançado em 2021.
Previsto para ser lançado em junho pela editora Harper Collins o romance expandirá o do filme de 2019, em que os astros Leonardo DiCaprio e Brad Pitt interpretaram um ator decadente e seu dublê, que vivem na Hollywood dos anos 1960 e acabam se cruzando com a família Manson.
Em uma declaração sobre o livro, Tarantino assumiu ser aficionado por novelas de cinema. Ele também manifestou estar orgulhoso com sua contribuição para este subgênero literário, frequentemente marginalizado, mas amado na literatura. Embora venha anunciando sua aposentadoria das telas há alguns anos, assim que concluir seu décimo filme o diretor e roteirista está bem entusiasmado por explorar mais seus na literatura. Certamente seus planos futuros não o manterão tão distante assim da sétima arte.
Embora estejamos acostumados a adaptações da literatura no cinema, o caminho oposto também é bem comum. Roteiros são lançados no formato impresso e livros colecionáveis são feitos em formato ilustrado ou pop-ups. Mas o que normalmente esquecemos ou desconhecemos são filmes que de tão bons viram livros. Sejam novelizações de roteiros, adaptações para outros públicos ou expansões de universos a literatura está cheia de exemplos que se assemelham ao que Quentin Tarantino apresentará para seu público no ano que vem.
The DarkSide of the camera
No Brasil uma das melhores opções para quem gosta de livros com ótimo acabamento, capas espetaculares e conteúdo de qualidade são as publicações da DarkSide Books. A editora especializada em títulos da literatura fantástica, terror, serial killers e quadrinhos lançou nos últimos anos novelizações de filmes icônicos.
O clássico oitentista infanto-juvenil Os Goonies foi adaptado por James Kahn, médico e escritor, baseado no roteiro original de Chris Columbus. Sem alterar a história original o livro acompanha a aventura do grupo de amigos que descobrem o mapa um tesouro perdido. Ainda que narrado em primeira pessoa, pelo personagem Mikey Walsh, a história consegue mostrar a diversidade de personalidades que compõem o grupo. O engraçado Bocão, o falante Gordo, as meninas Andy e Stef são muito bem explorados e descritos, assim como os vilões Fratelli e Sloth.
Do mesmo modo a DarkSide Books desenterrou o filme cult de 1986, Labirinto, idealizado e dirigido por Jim Henson. Esse foi ninguém menos que criador dos Muppets, Vila Sésamo e Família Dinossauro. O roteiro foi assinado por Terry Jones, um dos fundadores do Monty Python. Um dos campeões de exibição da Sessão da Tarde contava com Jennifer Connely como Sarah, a menina que perde o irmão bebê e David Bowie, o Rei dos Duendes, no elenco. O design de capa da edição brasileira é inspirada no livro que Sarah lê no filme. O roteiro foi habilmente adaptado pelo poeta e dramaturgo britânico, A.C.H. Smith, que incluiu no livro cenas que foram cortadas do longa.
A editora também possui em seu catálogo adaptações dos roteiros de A Noite dos Mortos Vivos e Volta dos Mortos-Vivos por John Russo, e O Exterminador do Futuro, versão em romance do roteiro original assinado pelo próprio James Cameron, em parceria com Bill Wisher e Randall Frakes.
Das telas pras HQs
Ainda falando sobre o catálogo da DarkSide não podemos deixar de observar que há filmes que são convertidos em quadrinhos. Baseado em músicas dos Beatles, o filme Yellow Submarine, de 1968, foi uma dessas adaptações. Contando a história do reino de Pepperland que luta contra os males provocados pelos Blue Meannies.
A característica mais marcante de Yellow Submarine são as formas e cores do design de Einz Edelmann. Quem ficou responsável pela adaptação oficial da animação dos The Beatles para os quadrinhos feita por Bill Morrison, desenhistas de Os Simpsons e também editor da revista Mad.
Assim como a animação, em 1982, o rei da literatura de terror, Stephen King, une forças ao pai dos zumbis George Romero e a dupla lança a antologia fílmica Creepshow – Show de Horrores. Curiosamente é o longa que marca a estreia de King como roteirista. Inspirado nos quadrinhos clássicos da década de 1950 o autor decide expandir sua homenagem e transformar esse roteiro em HQ. O artista Bernie Wrightson assina as ilustrações das cinco histórias, sendo duas delas adaptações de contos já publicados de Stephen King.
Dos anos 80 para a imaginação das crianças
Desde o lançamento de Stranger Things, série original Netflix, podemos observar o fenômeno da nostalgia pelos anos 1980. Aproveitando desse sentimento de saudades a Coleção Pipoquinha da Editora Intrínseca converte em deliciosos livros infantis clássicos do cinema dessa época.
A artista Kim Smith foi a responsável pelas ilustrações coloridas e lúdicas que compões os títulos da coleção. Assim os filmes Esqueceram de Mim, De Volta Para o Futuro e E.T. – O Extraterreste ganham vida em belas edições de capa dura que captam o que os filmes têm de melhor, seus mistérios e toda a diversão que presenciamos na tela.
Ainda sem previsão de lançamento no Brasil há mais títulos, no mesmo formato e ilustrados por Kim, sendo eles Buffy, a Caça Vampiros, Karatê Kid e Arquivo-X. A ilustradora canadense também possui em seu histórico artístico livros baseados na série britânica Doctor Who.
Universos em constante expansão
Aproveitando que falamos de Doctor Who, não podemos esquecer do tanto que essa série possui ramificações para além da TV. Criada em 1963 e exibida pela BBC a série de ficção científica acompanha um Senhor do Tempo do planeta Gallifrey conhecido como Doutor, que se desloca no tempo e espaço a bordo da TARDIS, sua nave espacial em forma de cabine telefônica.
A série é dividida em duas eras, a clássica com 26 temporadas que dura de 1963 até 1989 – quando é suspensa pela baixa audiência – e a moderna, de 2005 até agora. Desde sua criação, até os tempos atuais a série passou por desdobramentos em diversas mídias, como audio books, video-games e livros.
Inicialmente esses livros eram adaptações dos roteiros dos arcos exibidos na TV. Posteriormente eles se tornaram histórias independentes do que era exibido na BBC. Com o hiato entre as eras clássicas e modernas diversos textos foram lançados pelo mundo como expansão do “Universo Who”. Em 2013 a Penguin Books compilou 12 contos sobre o Doutor, escrito por 12 autores distintos, representando cada uma das versões da personagem. Essa edição foi lançada no Brasil em 2014 pela Editora Rocco.
Outra série de filmes que passou por esse mesmo processo foi a franquia Star Wars que teve seu universo expandido em livros canônicos ou não. Muitas dessas histórias serviram de orientação para a construção dos roteiros e das personagens da trilogia mais recente da série e de seus spin-offs. A franquia Resident Evil vem dos games, é adaptada para o cinema, para as animações e posteriormente e livros, mostrando assim que as mídias se interligam e dialogam entres si.
O estranho mundo de Zé do Caixão
E para quem acha que esse fenômeno é exclusivo do mercado estrangeiro podemos observar tal práica também no Brasil. Com o lançamento de A Encarnação do Demônio em 2008, filme que conclui a trilogia do personagem Zé do Caixão, a editora Conrad lançou uma Hq sobre os anos 30 anos de prisão de Josefel Zanatas. Nas 40 páginas de os autores Samuel Casal e Adriana Brunstein cobrem o hiato entre o segundo e o terceiro filme, com exceção dos dez anos que a personagem passou no manicômio.
Mas anterior a essa HQ o roteiro dos filmes que lançam esse ícone do terror nacional já haviam sido adaptados para os quadrinhos. Zé do Caixão inclui a adaptação do filme À meia-noite levarei sua alma e com a versão integral inédita de Esta noite encarnarei no teu cadáver, sendoas duas histórias são desenhadas pelo quadrinista Laudo Ferreira. Essas edições foram relançadas em 2016 pela Editora Marsupial.