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Swindle deu a volta em três continentes pela rota do funk, o resultado são três EPs imperdíveis

O produtor britânico Swindle é daquele tipo de pessoa que quando viaja gosta de sentir a vibe do lugar intensamente. Em 2013, durante uma viagem para a Cidade do Cabo para promover o álbum Long Live The Jazz , ele curtiu tanto o lugar que resolveu adiar sua passagem de volta e ficar mais tempo para… fazer música. Mal sabia ele que ali ele cunhava a pedra fundamental de seu último álbum o Peace, Love & Music, lançado em 2015

Foi então que a ideia de fazer um álbum musical de viagens, em vez do tradicional álbum fotográfico, veio à tona. O Peace, Love & Music retrata as diversas localidades que deixaram sua marca no produtor: Tóquio, Los Angeles, África do Sul, Xangai, Filipinas, Amsterdã, Glasgow e Denver.

A brincadeira de Cameron deu liga e ele resolveu repetir a dose com o lançamento de A Trilogy In Funk. Cameron Palmer, o homem por trás da máscara Swindle, preparou três EPs que foram criados em cidades completamente diferentes: São Paulo, Los Angeles e Londres. Porém entre as três localidades há uma escala sonora conectando todas: o funk. Os três EPs serão lançados separadamente e, assim como o projeto anterior de Cameron, trazem elementos locais aos seus timbres.

Em São Paulo, o produtor se juntou ao crew da Red Bull Studios e produziu o EP Connecta. O EP traz três faixas: Connecta, Copacabana e Vila Mimosa. O carro-chefe é Connecta com vocais de Ricardo China. A faixa lembra aquela época da fusão D&B com bossa nova, que rolou pra caramba no fim dos anos 90. Bem no estilo daquela vibe do brasileiro bon vivant e globalizado, mas que mantém o pé firme na cultura local.

As outras faixas também têm esse toque vintage na produção. Em Los Angeles, Swindle fez a Purple Walls junto a artistas do P Funk (grupo de bandas e artistas associado a George ClintonParliament e Funkadelic). Já em Londres, Cameron se juntou a MCs locais para produzir Funk & Grime.  Conversamos com ele pra saber como foi esse rolê por três continentes, se liga.

Music Non Stop – Como foi a experiência de produzir com pessoas diferentes em cidades diferentes? Conte um pouco sobre a fluidez da produção nestas três cidades, já que você só tinha três dias em cada uma delas para finalizar as músicas.

Swindle –  Foi incrível. Pra mim, o Brasil é um dos lugares-chave no planeta para ritmo, eu estava tão empolgado de finalmente poder gravar no Brasil que a composição rolou fácil. Apesar das apresentações terem acontecido em cidades diferentes, toda a gravação foi realizada no Brasil. Nós fomos atrás dos músicos assim que chegamos, e eu fui abençoado de ter sido apresentado a produtores tão talentosos.

Music Non Stop – Qual a principal diferença entre as três faixas do Connecta?

Swindle –  O tempo…. Connecta  é 136 bpm, já Copacabana é 160. Muitos produtores se prendem a um tempo específico, ou se restringem a uma variação pequena, eu quis explorar como o ritmo brasileiro pode ser traduzido para tempos diferentes dos que estamos acostumados no Reino Unido.

Music Non Stop – No Brasil você trabalhou com vários produtores locais, CESRV, Sants e o Ricardo China, você já os conhecia? Como foi a relação com eles?

Swindle – Eu não conhecia ninguém antes de vir pro Brasil, foi minha primeira vez. Todo mundo foi muito receptivo, amigável e genuinamente interessado em me ajudar a criar algo novo – e mais importante, de me fazer levar algo especial do Brasil pra casa.

Music Non Stop – Na Connecta é possível ver um espírito brasileiro que não soa clichê, o que você acha que foi essencial para transpor essa sensação à faixa?

Swindle – Honestamente, eu não quis fazer uma faixa “brasileira” que simule o que está acontecendo no Brasil, mas quis encontrar uma fusão honesta entre mim e os músicos, essa é a única maneira de criar música realmente original.

Music Non Stop – Você acha que este processo de criação dos três EPs mudou em alguma maneira a forma como você irá produzir música daqui pra frente?

Swindle – Quem sabe… Eu vou deixar a música me guiar e nós veremos o que vai rolar.
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