entrada do studio sp, na rua augusta Studio SP – foto: divulgação

Um palco a menos. Studio SP encerra atividades com status de ícone da noite paulistana

Rodrigo Airaf
Por Rodrigo Airaf

A querida casa de shows da Rua Augusta fez história no passado e havia retomado uma intensa programação durante o último ano

Chegou ao fim a presença efêmera (mas poderosa) do Studio SP. De shows da Nova MPB e sets de DJs, passando por exposições de arte e blocos de Carnaval até a presença ilustre do presidente Lula, não faltaram bons momentos nesta que foi a segunda abertura da casa, que funcionou até 2013 no centro da selva de pedra e viveu reabertura a partir de novembro de 2021.

O fechamento do espaço, porém, vem sem melancolia desta vez. O funcionamento do Studio SP por um ano já estava previsto, a partir da interrupção, pela proprietária do local, das negociações imobiliárias que já vinham afetando o Baixo Augusta. Também entraram na onda a Heineken e o Mercado Bitcoin, que patrocinaram o retorno da saudosa casa de shows.

Sobram, então, as memórias de mais uma grande “remessa” de apresentações nos últimos doze meses. Estima-se que 40 mil pessoas tenham assistido a nomes como Luedji Luna, Ratos de Porão, Tuyo, Mombojó, Tulipa Ruiz, Chico César, Potyguara Bardo e Jup do Bairro.

Legado na noite de São Paulo

O Studio SP funcionou por oito anos em São Paulo — cinco deles na rua Augusta. Muito além de apenas um espaço para eventos, o lugar tornou-se símbolo do movimento alternativo boêmio e fazia jus ao apelido da capital paulista, o de ser a cidade que nunca dorme. A história do Studio SP está ligada à efervescência artística brasileira, com uma postura curatorial vanguardista e que, inclusive, ajudou a alavancar, no passado, a carreira de artistas como Curumin, Mallu Magalhães, Mombojó e Vanguart.

Ao longo de sua história, o Studio SP tornou-se um símbolo de resistência e, além dos mais de 2.500 shows que aconteceram por lá, o espaço também era uma galeria de arte urbana onde se expunha o trabalho de artistas como Zé Carratu, MuxiMuxi, GuidTati, Crespo e Lou Dedubiani.

Um dos sócios do Studio SP, Alê Youssef, deixou no ar, entretanto, que esta não é a extinção da casa. Em conversa com a Folha, ele comentou que o Studio SP “representa inovação” e que tem “certeza que ele pode voltar em outros tempos e formatos”. Enquanto não vislumbramos o próximo horizonte da casa, fica no coração do público (nós, inclusive) de uma jornada cultural de imensa importância na cidade.

Rodrigo Airaf

DJ e comunicador apaixonado por todos os vértices da música eletrônica. Nômade digital e eterno curioso.

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