Sebastien Tellier faz show-relâmpago em SP

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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Ontem quando o francês Sebastien Tellier subiu ao palco da choperia do Sesc Pompéia, às 21h em ponto, só meia dúzia de gatos pingados estava por ali. Ninguém contava com a pontualidade britânica do músico que, acompanhado de sua banda, fazia o braço paulistano do festival recifense Coquetel Molotov, com apoio das comemorações (parcas) do Ano da França no Brasil.

Quem, como eu, só conseguiu chegar por volta das 21h30 certamente se sentiu deprimido por ver pouco menos de meia hora de um show que tinha tudo para ser um deleite para os ouvidos, mas que, graças à total falta de acústica da casa, se transformou numa busca por uma posição menos ruim para ouvir o som.

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Pra ajudar, boa parte do público estava visivelmente mais preocupado com a cervejinha e em botar o papo em dia. O zumzum, aliado à acústica de praça de alimentação do Sesc, fez da tentativa de ouvir a música com tranquilidade uma missão quase impossível.

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O próprio Tellier não parecia muito conectado com o show. Saiu do palco várias vezes, fumava um cigarro atrás do outro, tomando no bico uma garrafa de vinho branco e, lá pelo final, já tinha a pomba gira da Amy Winehouse encostada. Suas intervenções não foram muito além de murmúrios ao microfone – pelo menos foi assim na parte do show que eu consegui ver.

Em compensação, a parte instrumental não deixou quem estava ali pela música na mão. Um baterista (Peter MacNeal) e dois tecladistas (John Wood e John Kirby) criaram momentos inspirados, como a performance da faixa La Ritournelle, uma das músicas mais bonitas de Politics, segundo álbum do francês, lançado em 2005.

Nos minutos finais, quando Tellier resolveu deixar a banda sozinha no palco, o show ganhou aceleração e ficou mais com a cara de Sexuality, disco que o tirou do universo mais dark do álbum de estreia, L’Incroyable Vérité, para situá-lo entre os produtores mais bombados do universo das pistas de dança.

Claro que o vasto repertório de uma carreira que já tem quase 10 anos não coube no Sesc. Mas o show curtíssimo desta quinta deixou a impressão de que Tellier estava super em sintonia com boa parte da plateia: muito mais preocupada com a balada do que com a música. Chuif.

Tellier ainda se apresenta no Brasil nesta sexta (18/9), em Recife, dentro do festival No Ar Coquetel Molotov, e sábado (19/9) , no Rio, no Circo Voador.

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PS – As ótimas fotos são deste post são da fofa Silvana Garzaro. Obrigada, cat 🙂

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.

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