Na minha infância, vivi o amor incondicional por Beatles, Elton John, Jackson 5 (e Michael Jackson), Suzy 4, Archies, Monkees, Stylistics, Diana Ross e Marvin Gaye. Mas em 1975, aos meus 13 lindos aninhos, mudou tudo dentro de mim. Uma nova batida começava a dominar o mundo. O bumbo repetitivo, o chimbal marcado, violinos e percussão, o ritmo pulsante do baixo em primeiro plano, aquilo era diferente de tudo o que rolava na música pop. Dançar era o objetivo, e o novo ritmo se chamava DISCO!
Nessa época conheci os pioneiros Barry White, George Macrae, Silver Convention, Tina Charles… Mas entrando em um supermercado às 3 da tarde de um dia como qualquer outros ouço uma mulher gemendo sobre uma base funky, voz sussurada, cheia de efeitos. Fico paralisado, ouvindo como se estivesse tendo um contato com o além . E foi meio isso mesmo. Depois saí feito um louco procurando nas rádios modernas da época, Difusora e Excelsior (de São Paulo) e a Mundial (do Rio) quem era aquela mulher e descubro o nome: Donna Summer!
Donna Summer enlouqueceu o planeta com seus gemidos em Love to Love You, de 1975
Nascia ali uma revolução musical e de costumes. E o mundo conheceu a Rainha Disco. Conta a lenda que Donna teve a idéia do refrão e que, para conseguir fazer os gemidos com veracidade, ela se tocava (nos joelhos) pensando em seu namorado alemão, Peter.
Donna morava na Alemanha, e a música primeiro foi hit em toda a Europa. A faixa foi então enviada para os EUA, e o dono da gravadora Oasis, Neil Bogar, ficou tão impressionado, que tocou a música sem parar, em uma festa, e pediu que Giorgio Moroder, o produtor, fizesse uma versão longa. Nascia ali o extended… Culminando em uma versão de 16 minutos com cerca de 23 orgasmos simulados. O resultado foi que a música chegou ao número 2 da parada pop da Billboard e mesmo com a recusa da BBC em promovê-la foi número 4 na Grã Bretanha.
Nessa época, Donna Summer se tornou sinônimo de devassidão, algo vivido por Madonna nos anos 80. Mas, o principal, nascia ali uma grande hitmaker e uma dupla imbatível: Donna e Giorgio, que ainda fariam muito mais pela dance music com obras primas com I Feel Love, Bad Girls e MacArthur Park.