Rod Krieger, ex-Cachorro Grande, lança 1º álbum solo incentivado por Arnaldo Baptista

Itaici Brunetti
Por Itaici Brunetti

Em 2019, com o fim da banda Cachorro Grande, o baixista Rod Krieger mudou-se para Lisboa, em Portugal, e levou na mala o sonho de lançar um álbum solo em que já vinha trabalhando, e que um ano depois se concretizou. A Elasticidade do Tempo, debut do músico, chega a todas as plataformas de streaming nesta sexta-feira, 20.

O trabalho composto por oito músicas tem como influência o rock sulista e inglês mesclados com o psicodelismo sessentista, o misticismo indiano e letras cheias de espiritualidade. Referências que deixariam Arnaldo Baptista feliz da vida. Não à toa, o próprio ex-Mutantes participa do álbum e foi quem incentivou Krieger a lançar o trabalho.

“Eu enviei uma carta escrita a mão ao Arnaldo, falando sobre algumas coisas que eu estava pensando e semanas depois, recebi pelo correio uma caixa com um quadro pintado por ele escrito ‘creia em seus sonhos'”, conta Krieger ao Music Non Stop. “Foi nesse momento que decidi gravar o álbum”, completa.

Arnaldo participa da canção que abre o disco, Louvado Seja Deus, lançada como single em 2018. “O convidei para colocar o refrão em uma música e ele aceitou na hora”, relembra Krieger após receber o presente do ídolo. “Até hoje, quando me lembro disso, sinto um frio na barriga. É muito louco quando leio os créditos da música e me deparo com Krieger/Baptista”.

 

 

Em Elasticidade do Tempo, Krieger tocou todos os instrumentos, a não ser em algumas faixas que contou com ajuda de Pedro Léo na bateria e Fabio Kidesh na Sitar. A produção é assinada pelo próprio músico junto de Ricardo Prado, e o australiano Rob Grant, que já trabalhou com Tame Impala e Lenny Kravitz, ficou responsável pela masterização. 

“Muito do álbum foi extraído de sobras de composições que escrevi no passado ou esboços salvos nos últimos anos”, conta sobre o processo de composição, que, segundo o próprio não foi muito diferente da época em que fazia parte de uma banda, a Cachorro Grande.

“Não senti muita diferença no processo de composição em relação à época da Cachorro Grande, pois nos últimos álbuns da banda já estávamos distantes na parte de criação das canções, e, além disso, eu sempre cheguei pra eles com as minhas músicas praticamente prontas”, explica.

“Mas, foi bacana curtir essa onda de gravar e fazer as coisas praticamente sozinho”, afirma ele antes de revelar uma vontade: “Tenho muito interesse em produzir alguma banda também, acredito que seria uma experiência interessante trocar com outros artistas neste processo criativo”.

 

Capa de A Elasticidade do Tempo

 

 

Há pouco tempo morando em Lisboa, Krieger se vê em um momento de descoberta por terras europeias, de encontrar o seu próprio lugar como artista por lá. E parece que ter cruzado o oceano para mostrar o seu som aos portugueses foi uma ótima escolha.

“Estou apenas há um ano em terras portuguesas e gostando muito da cena”, conta ele. “Existem centenas de festivais que acontecem no país, e aqui em Lisboa tem diversas casas de shows com música ao vivo aos fins de semana. Isso dá uma esperança maior ao “recomeçar”, sendo que no Brasil as portas estão cada vez mais fechadas devido a atual gestão [do governo]”.

Krieger finaliza: “Enfim, me sinto feliz por ter conseguido vir para cá nesse momento. É muito triste o que estão fazendo com a cultura desse país tão maravilhoso que é o Brasil. Espero que essas pessoas saiam rápido do poder”.

 

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