Bad Bunny - Debí Tirar Más Fotos

DeBÍ TiRAR MáS FOToS

Bad Bunny

Reggaeton | 2025

8/10

Jota Wagner
Por Jota Wagner

 

A volta de Donald Trump (e tudo o que ela representa) à presidência dos Estados Unidos está provocando uma reação sensacional dos países cujos cidadãos emigraram para lá, contribuindo grandiosamente para a sua riqueza cultural. Uma onda de autoestima, valorização e orgulho tomou conta de artistas vindos da América Latina. O mundo mudou, e baixar a cabeça parece não ser mais uma opção. Aqui entra Bad Bunny e seu novo álbum, DeBÍ TiRAR MáS FOToS, lançado no começo de janeiro.

No melhor disco de sua carreira (grandão, com 17 canções), o artista de fama mundial e grande apelo massificado decide honrar a música tradicional de sua região, mesclando o conhecido Bad Bunny dos hits radiofônicos (ou streamiofônicos, se preferir) com o cara que ama e orgulha a cultura do lugar de onde veio, Porto Rico. DeBÍ TiRAR MáS FOToS é uma bela peça.

Em tempos de déficit de atenção, dizer a que veio logo na primeira faixa é primordial. E o artista faz isso ao abrir os trabalhos com NUEVAYoL. Uma salsa fantástica, cheia da irresistível percussão ancestral, dançante e feliz. A letra fala de como é bom passar um verão em Nova Iorque no dia 04 de julho (Independência dos EUA). Só não entende quem não quer.

O disco roda unindo a geração da música caribenha, lembrando aos vizinhos de cima a tremenda cagada em que se enfiaram urna adentro. Sol, festa, alegria de viver e leveza. No melhor momento do álbum, em KLOuFRENS — uma canção que na verdade são três —, Bad Bunny se une ao grupo de música tradicional Los Pleneros de la Cresta, dando aula histórica de música alegre.

“Por la mañana café, por la tarde ron, Ya estamo’ en la calle, sal de tu balcón”, cantam os safados, em uma sequência que desenvolve um dia borracho em Porto Rico. É sobre isso.

Bad Bunny fez música virar história, e vice versa. Um disco que promove a paz com seu povo, com sua carreira artística e vence na tarefa de causar inveja a quem não nasceu no Caribe. E mais ainda em quem acreditou que a região é feita de pessoas más, “comedoras de cachorro”.

Jota Wagner

Jota Wagner escreve, discoteca e faz festas no Brasil e Europa desde o começo da década de 90. Atualmente é repórter especial de cultura no Music Non Stop e produtor cultural na Agência 55. Contribuiu, usando os ouvidos, os pés ou as mãos, com a aurora da música eletrônica brasileira.