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‘Supercharged’ e supernostálgico: The Offspring e lendas do punk fazem história no Allianz Parque

The Offspring no Allianz Parque. Foto Tati Silvestroni/Music Non Stop

Acompanhada por Amyl and The Sniffers, The Warning, The Damned, Rise Against e Sublime, banda se apresentou em SP no último sábado

Você já imaginou caras punks soltando papel picado durante os shows? The Offspring provou, em recente turnê no Brasil, que essa mistura dá muito certo. Passando por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo, Curitiba e Porto Alegre, a banda estadunidense foi embora já deixando saudade, mas nada que a faixa Come To Brazil, lançada por eles em homenagem ao nosso país, não ajude a superar.

Presenciamos a SUPERCHARGED WORLDWIDE IN 25 no último sábado (08), no Allianz Parque — que diga-se de passagem: é o melhor local para shows em São Paulo. Uma data que reuniu diferentes gerações do punk rock (tanto de bandas quanto de público) num estádio lotado. Não era difícil encontrar famílias com avós, pais e filhos entre a pista. Todos unidos por duas coisas: a ansiedade de ver o Offspring e as camisetas da banda.

Amyl and The Sniffers iniciou os trabalhos já deixando o nível lá em cima. A banda, que teve show solo com ingressos esgotados no Cine Joia na mesma semana, ganhou o público com sua essência e, sobretudo, com o carisma de sua frontwoman Amy Taylor. É também um dos nomes atuais mais quentes do punk, com álbum de estreia lançado em 2019, sendo o mais recente Cartoon Darkness (2024).

Em seguida, a banda mexicana The Warning, formada por três irmãs — Daniela, Paulina e Alejandra Villarreal — surpreendeu em sua estreia no Brasil, mesmo já tendo mais de uma década de estrada. Tornando-se gigantes no palco, a reação do público foi unânime: “elas precisam voltar em um show solo!”. A banda tocou seus maiores sucessos e faixas do novo álbum Keep Me Fed (2024).

The Warning. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

Os lendários The Damned mostraram que o sangue de pioneiros do punk ainda corre em suas veias, numa performance que muitos não acreditavam que pudessem ver um dia, ainda mais no Brasil. Formada em Londres em 1976, foi uma das primeiras bandas britânicas do gênero a lançar um single (New Rose) e um álbum (Damned Damned Damned, de 1977), além de fazer turnê. Quase 50 anos depois, os caras continuam os mesmos.

Rise Against entrou com um clima mais favorável, no fim da tarde e início da noite, dominando a arena do Palmeiras. Seria o warmup perfeito para The Offspring, com alta energia num setlist de festival para ninguém botar defeito. Desde 99 é um dos destaques bem-sucedidos do gênero.

Entretanto, o responsável por se apresentar antes do headliner foi Sublime, um nome de respeito no ska-punk. Formada em 1988, a banda encerrou as atividades com o falecimento do vocalista Bradley Nowell, em 96, devido à overdose. O posto foi assumido pelo filho, Jakob Nowell, em 2023, junto ao baixista Eric Wilson e ao baterista Bud Gaugh, ambos da formação original. A ansiedade de todos era máxima. Pena que a expectativa criada não foi correspondida.

Sublime. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

O que no início parecia ser uma falha no volume, continuou até o fim da apresentação de uma hora e meia. Os instrumentos estavam lá, mas muito pouco se ouvia da voz de Jakob. Os fãs se entreolhavam e não conseguiam expressar uma palavra sequer. As expressões eram, em certo momento, de descontentamento. Em outros, de emoção por presenciar um som tão marcante em suas trajetórias. De qualquer modo, eles seguiam cantando e dançando, assim como o vocalista, que aparentava estar muito feliz no palco.

Mesmo com faixas menos explosivas que as bandas anteriores, o Sublime conseguiu manter a atenção dos mais ávidos. De outros, apenas a ansiedade pelo encerramento. Em clima descontraído, passaram pela discografia da banda, com direito a trecho solo de Jakob e entrada de Noodles, guitarrista do Offspring, para What I Got, e encerraram com o maior hit, Santeria. Entretanto, não foi a escolha mais certeira colocá-los antes do headliner do evento.

O clima foi mudando, aos poucos, enquanto o público aguardava, finalmente, os rostos de Dexter Holland, Noodles, Todd Morse, Brandon Pertzborn e Jonah Nimoy. Os sessentões estão mais atuais que nunca. Não bastava entrar no palco e tocar. Eles criaram uma atmosfera que preparava o público para o show, com uma série de perguntas em formato de quiz passando nos telões de LED, cheias de curiosidades sobre a banda e os integrantes. Eles também apresentaram vídeos curtos de faixas da banda como se fossem jogos de videogame e mostraram as peças do merch disponíveis para compra, enquanto a multidão aguardava. Espertos, né?

The Offspring. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

Com direito a efeitos pirotécnicos, gerb, serpentina, papel picado, balões jogados ao público e fogos de artifício em volta do estádio, The Offspring cravou seu nome como uma das bandas gringas mais queridas dos brasileiros. E entregaram um show com maestria. Tudo se encaixava perfeitamente, desde o setlist às brincadeiras no palco.

Embora estivesse promovendo seu recente álbum, que deu nome a tour (Supercharged, 2024), eles tocaram pouquíssimas faixas da nova produção, como Make It All Right e Come To Brazil — que, aliás, veio com um aviso no qual cenas para o videoclipe estavam sendo gravadas. O foco foram seus hits clássicos e faixas antes nunca tocadas nesta turnê, como Mota e Gone Away. Além disso, mandaram um cover de Ramones com Blitzkrieg Bop, e Noodles mostrou sua excelente habilidade na guitarra tocando trechos de Smoke on the Water (Deep Purple), Iron Man (Black Sabbath), Back in Black (AC/DC) e mais. A plateia foi ao delírio. Vale ressaltar também Brandon, com um solo de bateria inigualável.

O Brasil já está pronto para a próxima passagem da banda por aqui.

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