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Pretenders no C6 Fest: bandleader das bandleaders faz pelinho arrepiar com rock de verdade

Pretenders no C6 Fest

Foto: @observadordaimagem/Music Non Stop

Bruna Monteiro conta como foi o show de uma das principais atrações deste sábado, 24 de maio, no Parque Ibirapuera

Por Bruna Monteiro

Chrissie Hynde entrou no palco do C6 Fest deste sábado caminhando calmamente e mandando beijo para a plateia, que respondia com gritos de “gostosa!”. O cabelo shaggy e os olhos marcados com o lápis preto são os mesmos de 45 anos atrás, quando sua banda, o Pretenders, lançou o primeiro disco.

No pescoço, uma corrente prateada presa com um cadeado. Na cintura, um cinto vermelho abraçando a camiseta preta justa. Nas unhas, esmalte azul combinado com sua inseperável Ice Blue Fender Telecaster, que ela só vai tirar do peito esta noite duas vezes, para arrepiar a geral com baladas que fizeram história, Hymn to Her (Get Closer, 1986) e I’ll Stand by You (Last of the Independents, 1994). E pra jogar pra galera, a gaita que ela tocou no fim de Middle of the Road.

Quando eu digo arrepiar, não é força de expressão. Os pelinhos do braço realmente levantam quando a lider, fundadora, compositora e guitarrista estilosíssima abre a boca pra cantar, seja os rocks, as new waves que marcaram os anos 80 ou hits dançantes dos 90. Chrissie diz que a única coisa que fez para manter a voz no passar dos anos foi parar de fumar, mas a musa parece não fazer esforço e mostra domínio do instrumento.

O show em São Paulo foi o último da turnê latino-americana, que começou dia 07 na Cidade do México e passou por Santiago, Montevidéu, Buenos Aires, Porto Alegre, Curitiba e Brasília. A banda não repetiu o setlist em nenhuma cidade, apesar de ter um esqueleto: a ordem das músicas mudava e faixas novas entravam em cada praça (Walk Like a Panther, em SP), dando espaço para o orgânico e o espontâneo que o rock exige. Por exemplo, quando o batera errou a entrada antes de Time the Avenger. Puro rock’n’roll.

Foto: @observadordaimagem/Music Non Stop

Chrissie liderou uma superbanda: James Walbourn na guitarra (seu parceiro desde 2008), Nick Wilkinson no baixo e Rob Walbourne na bateria. O repertório agradou desde quem esperou hits (Back on the Chain Gang, Don’t Get Me Wrong e Middle of the Road) até os mais aficionados, passando por todas as fases em uma hora e 15 minutos. Só o disco mais recente, Relentless, 2023, foi sumariamente ignorado.

Se o caso de amor do Pretenders com o Brasil começou no Hollywood Rock de 1988, quando a banda fechou o lineup em São Paulo e no Rio, com Johnny Marr (The Smiths) em sua rápida passagem pela banda e direito a cover de Beatles (Don’t Let Me Down), essa relação foi coroada ontem com Chrissie Hynde mostrando no C6 Fest por que há quase 50 anos é a bandleader das bandleaders.

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