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Massive Attack mostra ter o show eletrônico mais relevante da atualidade

Massive Attack em SP

Foto: Divulgação

Dando voz a indígenas e misturando Matrix com Black Mirror, duo britânico fez de sua apresentação a “quintessência do punk”

Na última quinta-feira em São Paulo, o Massive Attack subiu ao palco “de joelhos”. Humildemente, o grupo inglês usou a reverberação que construiu em três décadas para dar voz à comunidade indígena brasileira (com representantes do país todo, não só da Amazônia). Após a abertura dos irmãos Cavalera, lideranças assumiram o microfone para denunciar toda a repressão que sofrem pelo grande demônio chamado “progresso econômico” e, principalmente, conclamando todos os que estavam lá a fazer alguma coisa. Afinal, o nome do show era A RESPOSTA SOMOS NÓS. Foi emocionante. Um aviso do que estava por vir. O live-act eletrônico mais relevante do planeta, atualmente.

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A apresentação contratada para vir ao Brasil quase de última hora, pegando muitos cartões de crédito de surpresa, foi a quintessência do punk. O grupo de Robert “3D” Del Naja e Grant “Daddy G” Marshall, acompanhado de uma bela banda de apoio e participações especialíssimas como a diva Liz Frazier (Cocteau Twins), foi incisivo e mortal em suas provocações.

Utilizando-se de um telão gigantesco com visual inspirado em códigos de computação, misturando Matrix com Black Mirror, as execuções das músicas eram acompanhadas por mensagens (sempre em português, para não deixar que ninguém se faça de desentendido) detonando o capitalismo, o consumismo, a futilidade das redes sociais e a desgraceira provocada no planeta pelos senhores das armas.

A porrada foi tão grande que a pista premium, cheia de gente que não sabia muito bem por que estava ali, ficou visivelmente desconfortável. Vi mais de uma pessoa deixar o espaço ostentando bicos de descontentamento. Para o Massive Attack, uma tremenda vitória.

Foto: Divulgação

Com casa lotada, o grupo também experimentou uma espécie de vingança, ou redenção, fazendo o melhor show brasileiro de sua carreira. Em 1998, quando vieram ao Brasil para o Free Jazz Festival, ficaram sabendo que o Kraftwerk, com quem dividiram a noite, exigira tocar primeiro. O Massive Attack havia acabado de lançar seu aclamado álbum Mezzanine, e era um dos grupos eletrônicos do momento. Mas, porra, era o Kraftwerk!

A noite gerou uma lenda urbana. Muitos brincam que, no show dos caras de Bristol, o público passou uma hora conversando sobre como havia sido incrível a apresentação dos quatro de Düsseldorf. A estrutura de performance do MA era tímida, ainda mais comparando com o maior grupo de música eletrônica de todos os tempos, pioneiro em mesclar imagem e música.

Bem, aprenderam. Quem esteve agora no Espaço Unimed viu um espetáculo graficamente perfeito, e atualmente tão potente e profundo quanto dos mestres com quem dividiram line-up há 27 anos. O duo também veio ao país em 2010, com a turnê do álbum Heligoland, mas foi em 2025 que se provou monstruoso, dono de um poder de fogo sem comparação no universo da música — até porque sua luta é a mais relevante.

Foto: Divulgação

Musicalmente, o grupo entregou o que o público esperava. Grandes hits, belas execuções e Liz Frazier. A última de suas várias participações, no final do show e cantando Teardrop, foi algo difícil de esquecer. Sim, como bem diz o título da canção, fez lágrimas rolarem.

Será difícil tirar do Massive Attack a medalha de melhor show de 2025, no Brasil.

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