Performance se tornou um símbolo de empoderamento, com mensagens de saúde mental, autocuidado e valorização das artistas pretas
Na última quarta-feira, 06 de novembro, o Espaço Unimed, em São Paulo, foi o palco de um show inesquecível de Erykah Badu, ícone do neo soul e do R&B, que também participou do festival AFROPUNK, em Salvador, e de premiações no país, atraindo uma ampla comunidade de fãs, artistas e personalidades da música negra brasileira.
A noite começou com um set vibrante da DJ Vivian Marques, pioneira na cena musical com 18 anos de carreira, que trouxe ao palco sonoridades cheias de personalidade. Em seguida, Luedji Luna subiu ao palco com uma performance intensa e envolvente, trazendo uma energia especial e conectando-se com o público através de suas canções que celebram o neo soul contemporâneo do Brasil. Para fechar a sequência de abertura, a DJ Lyz Ventura cativou a plateia com uma curadoria afiada, reafirmando seu espaço como uma das novas forças da discotecagem no país.
Por volta das 22h30, Erykah finalmente entrou em cena, sendo recebida com uma euforia contagiante pelos fãs. Vestindo um elegante e conhecido chapéu que é sua marca registrada, iniciou a apresentação com o clássico The Healer e seguiu com sucessos como On & On e Love of My Life. Em meio à sua performance, a cantora fez uma pausa para conversar com a plateia sobre a importância de cuidar da saúde mental e física, incentivando práticas de autocuidado como exercícios, meditação e uma alimentação equilibrada. Essa fala trouxe um momento de reflexão ao público, destacando como a música pode também ser um caminho para o bem-estar.
Além de suas habilidades vocais, Erykah Badu surpreendeu ao demonstrar seu talento instrumental, tocando uma bateria eletrônica e teclado, em um show dinâmico que contou com um jogo de luzes intenso. Ela também trouxe elementos de percussão e reproduziu ritmos e movimentos inspirados nas danças afro-brasileiras, contagiando a apresentação com uma conexão profunda com a cultura local.
Em um dos momentos mais especiais, comentou sobre o poder da música em unir pessoas: “Não estamos falando a mesma língua, mas podemos sentir”, compartilhou, emocionando a plateia que a acompanhava em coro.
O show terminou por volta da meia-noite, deixando o público extasiado. No entanto, também trouxe um importante ponto de reflexão. Durante seu set, Vivian Marques usou o microfone para expressar seu descontentamento com a produção do evento, que havia disponibilizado equipamentos inadequados para o seu trabalho.
“A Erykah Badu é a número um do meu coração. Se me chamar é claro que vou tocar, mas respeitem nossa caminhada, nossa história, respeitem as mulheres pretas!”, afirmou a DJ. Sua fala repercutiu nas redes sociais, gerando debates sobre a importância de oferecer suporte e valorização adequados aos artistas, especialmente para mulheres negras.
A apresentação de Erykah Badu foi mais que um show: foi um evento que celebrou a música negra e a nossa potência. Em meio à vibração e à reflexão, a noite reafirmou o valor de criar espaços onde artistas e suas identidades sejam verdadeiramente respeitados e valorizados.