
Coala Festival 2025: 3 dias para ouvir o Brasil em alta definição
Destacando nomes como Marina Sena, Liniker, Black Alien, BK’ e Caetano, Maravilha conta como foi a experiência completa do rolê
De 05 a 07 de setembro, no Memorial da América Latina, em São Paulo, o Coala Festival entregou mais uma edição fiel ao seu DNA: curadoria que equilibra tradição e novidade, encontros inéditos e uma atenção caprichada à experiência do público — da grade bem pensada ao som nítido nos picos de emoção. Em sua 11ª edição, reforçou a fama de um dos melhores festivais de música brasileira, com um line-up que cruzou gerações, gêneros e afetos.
Sexta (05/09): abertura com afeto, muito groove e potência vocal

Liniker no Coala Festival 2025. Foto: @bmaisca/Divulgação
A sexta começou aquecendo com Tássia Reis & Kiko Dinucci, costurando rap, samba e experimentação, e seguiu numa sequência que alternou sets de DJs e concertos ao vivo — estratégia que manteve a pista pulsando entre as trocas de palco. Marina Sena confirmou o status de popstar indie com canções cantadas em coro; Cidade Negra veio na régua do clássico com refrões que atravessam gerações; e Liniker encerrou em clima de catarse soul, timbre monumental e banda afiada. No palco paralelo, Tim Bernardes com orquestra entregou um show de câmara com escala de cinema, daqueles que silenciam a plateia antes de arrancar aplausos longos.
Sábado (06/09): o rap de Black Alien domina o assunto

Black Alien no Coala Festival 2025. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop
No sábado, a curadoria orbitou entre delicadeza e impacto. Zé Ibarra abriu a tarde com doçura harmônica; Terno Rei manteve a ambiência dream-guitar; Silva trouxe elegância pop; e os intervalos de DJs (Isadora Almeida, Helena Camarero, DJ Sophia, Veraneio) costuraram o clima entre palcos.
O grande falatório, porém, ficou para Black Alien: setlist centrado no Babylon By Gus Vol. 1 — pra muita gente, o grande show do fim de semana. A noite fechou com encontro com Nando Reis & Chico Chico, que reposicionou a emotividade da canção brasileira. No Palco TIM, Arthur Verocai + Orquestra reafirmou o maestro como nosso elo vivo entre o passado sofisticado e a urgência contemporânea com participações surpresas de Carlos da Fé, Mano Brown e Samantha Schmütz.
Domingo (07/09): síntese de gerações e um Brasil multifacetado

Caetano Veloso no Coala Festival 2025. Foto: @bmaisca/Divulgação
O domingo encerrou o Coala Festival 2025 reafirmando o espírito de “retrospectiva do agora” que guia o evento. Foi uma tarde marcada por transições suaves entre DJs e shows ao vivo — da MPB contemporânea aos ecos de reggae, soul e rap — costurando sonoridades que traduzem a pluralidade do Brasil.
Passaram pelo palco nomes como Anelis Assumpção, com seu pop-soul inventivo; o lendário Lazzo Matumbi, em performance histórica que trouxe o peso da ancestralidade; a enérgica DJ Míria Alves mantendo a pista em alta rotação; BK’, que incendiou o público com barras afiadas e presença magnética; e, para fechar, Caetano Veloso, num espetáculo de sutileza e potência que transformou o Memorial em coro coletivo.
A essa altura, já se evidenciava a competência logística da produção: horários cumpridos à risca, fluxo leve entre as áreas e som limpo mesmo nos momentos de maior volume. Resultado: um público à vontade para circular, comer, descansar e retornar aos picos dos headliners sem enfrentar perrengues — exatamente como um grande festival deveria ser.
Curadoria e experiência: a assinatura Coala

Silva no Coala Festival 2025. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop
O Coala Festival 2025 não reinventou sua própria roda — e isso é um elogio. O festival apostou outra vez na mistura de artistas consagrados e vozes em ascensão, intercalando DJ sets inteligentes entre shows para manter o pulso constante. É uma experiência de escuta antes de tudo, em que o repertório e as conexões entre artistas contam tanto quanto os hits. Some a isso o cuidado histórico do evento com produção e qualidade de som, e entende-se por que a edição deste ano soou especialmente “alta definição”.
O que ficou

Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop
Show mais comentado: Black Alien, com performance afiada e coro massivo.
Momentos “chão some”: Liniker na sexta; Verocai + Orquestra e Nando & Chico no sábado; vários refrões dominicais que viraram karaokê coletivo.
Logística e atmosfera: horários e transições bem conduzidos; clima amistoso e intergeracional, com famílias, grupos de amigos e veteranos de festival.
