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Dinossauros do indie rock têm noite de glória no Balaclava Fest 2024

Balaclava Fest 2024

Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

Apostando em nomes icônicos dos anos 90, festival entregou grandes shows e acenou para um modelo sustentável de festivais de médio porte

Em meio a notícias turbulentas rondando o cenário de shows e festivais, o núcleo Balaclava veleja na contramão, entregando em 2024 uma sequência de shows com uma cacetada de bons artistas brasileiros e internacionais. Novembro foi um mês especialmente corrido para o pessoal, que, no espaço de uma semana, entregou aos paulistanos o muito bem recebido show da banda Smashing Pumpkins (domingo, dia 03), e um festival que teve como headliner os também estadunidenses Dinosaur Jr. Dois ícones do rock alternativo dos anos 90.

Dinosaur Jr. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

Mais do que isso, o Balaclava Fest também desanuviou o que podem ser algumas tendências para o futuro dos pequenos e médios festivais. Line-ups enxutos, que correm na contramão do que os grandes estão fazendo, formatados para um nicho de público que jamais gastaria dinheiro comprando ingressos de eventos como Lollapalooza e Rock in Rio.

Para isso, o Balaclava tem apostado em bandas que surgiram na década de 90. Seu público, que conheceu tais grupos na adolescência e hoje tem idade entre 40 e 50 anos, forma uma base que ainda gosta de sair para curtir shows, tem dinheiro para gastar e pouca energia para bater perna em lugares imensos como o Autódromo de Interlagos, palco do mega eventos em SP. É por isso que temos visto bandas como Pixies, Smashing Pumpkins, Dinosaur Jr, Pavement e, no próximo ano, Vapours Of Morphine, Mudhoney e Oasis em shows e festivais não só do Balaclava, mas de diversos outras produtoras que surfam na mesma onda.

Além dos dinossauros (que hoje estão mais para sênior do que para junior), tocaram as brasileiras Raça e Paira, seguidas por Ana Frango Elétrico, com um show que começou cheio de bossa e terminou em puro boogie brasileiro. No esquema de dois palcos, sem shows simultâneos, a programação foi seguida pelo britânico Nabihah Iqbal, o encantador indie saxofônico de BADBADNOTGOOD e a melhor surpresa da noite (para isso servem os festivais), o show supercool do Water From Your Eyes, duo estadunidense. Tudo funcionando como esquenta progressivo para o grande nome da noite.

Water From Your Eyes. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

Nabihah Igbal. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

O Tokio Marine Hall, com sua arquitetura de igreja evangélica gourmet, partilha da cafonice do pedaço de São Paulo onde está inserido, às barbas da Av. Luís Carlos Berrini. Mas sua estrutura trouxe vantagens ao Balaclava. Proporcionou segurança climática, uma vez que é um lugar fechado, e uma bela acústica nos dois palcos. Ajudou também para que a turma da minha faixa etária não voltasse para casa com dor nas pernas. A circulação era tranquila e fácil, exceto para os fumantes, obrigados a pitar seus bastonetes cancerígenos no meio dos melhores shows, horário em que era possível chegar ao pequeno lounge a céu aberto da casa.

Como tem acontecido em outros eventos deste porte, a noite toda gira em volta da atração principal. E como já dissemos em resenhas dos festivais Popload, que recebeu Pixies, e C6 Fest, com Pavement, pouquíssima coisa pode dar errado para banda que já entra em campo com seu time ganhando de goleada. A maioria do público estava lá para ver Dinosaur Jr. O curto tempo de rolê e a pouca quantidade de artistas que se apresentaram antes garantiram que, no primeiro acorde da guitarra de J Mascis, o público estivesse no ápice de sua energia e afogado na expectativa. Aí, meus irmãos, é só contar 1, 2, 3, 4 e descer a lenha.

Tanto na apresentação final, quanto na das bandas que o antecederam, a qualidade do som estava impecável, embora o volume esteve exageradamente baixo nos shows do palco Hall, o menorzinho. Mas sinceramente, duvido que alguém tenha deixado as dependências da casa, no final de um belo domingo, com alguma reclamação em mente. Ainda veremos muitos shows inesquecíveis de representantes dos 90 por aqui. Opções de artistas tocando muito bem (muitas vezes até melhor do que na década em que nasceram), não faltam. Que venha mais Balaclava em 2025. Neste ano, a turma arrasou.

BADBADNOTGOOD. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

Ana Frango Elétrico. Foto: Tati Silvestroni/Music Non Stop

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