Se hoje todo mundo é um pouco DJ no Brasil, o paulista de Registro Renato Lopes tem uma boa parcela de culpa nisso. Ele começou tocando no mítico Madame Satã, em 1986, ao lado de outro mestre, Marquinhos MS, na época fazendo uma mistura de rock inglês e technopop. Antes, porém, foi segundinho (DJ assistente) na Val Shows, casa de travestis no centro de São Paulo.
Depois do Satã, Renato foi pra outro clube que fez história em São Paulo, o Nation, que funcionou numa galeria da rua Augusta entre 1988 e 1992. Foi lá que nasceu o que veio a se chamar cultura clubber, com todos os seus ícones: montação, gírias, as primeiras pastilhas de ecstasy, o culto ao DJ, os flyers. Seu parceiro na empreitada era Mauro Borges.
Daí veio outro capítulo importantíssimo na história da noite de São Paulo e também na carreira de Renato: o clube Sra. Krawitz. Ao lado de Mau Mau, também residente, Renato Lopes aprofundou-se no capítulo música eletrônica, mostrando a um público ávido por novidades difíceis de serem encontradas numa era sem internet novidades trazidas dos EUA e da Inglaterra.
Assim, a galera underground de São Paulo ficou conhecendo house, progressivo, trance, breakbeat, trip hop, um pouco de tudo, como bem define o DJ. “O André Matalon foi um dos grandes fornecedores. Também tinha a loja do Gregão, que era na Vila Mariana. Foi uma fase incrivel, vertiginosamente”, lembra Renato Lopes.
Os sets no Krawitz, que tinha o impagável Nenê como promoter, entraram para a história de quem saía para dançar em São Paulo nos anos 90 buscando boa música, gente interessante e jogação.
Corta para 2013. Eis que o próprio Renato Lopes vem alegrar nossa vida postando um set gravado no Sra. Krawitz, em 1993.
Ei-lo, jovens. Dá um tempo no Harlem Shake para ouvir essa deliciosa preciosidade.