Renato Cohen, Zopelar, L_cio, Mau Mau, Erica Alves: 15 produtores revelam seus equipamentos de estúdio neste guia da Coluna Senŏide
Quanto mais a tecnologia se torna acessível, mais cresce o número de produtores musicais. Proliferam as ofertas de equipamentos no mercado e as opiniões sobre a qualidade desses produtos limita-se à experiência de quem os usa. A solução é comparar e entender as necessidades de cada um.
Convidamos 15 produtores nacionais a destrinchar os equipos que usam para fazer música, assim o leitor que planeja começar a produzir pode ter noções básicas da tecnologia disponível: placas de áudio, monitores de áudio (caixas) e softwares de produção. Surpreendeu-me o fato de que muitos dispensam o uso das mesas de som e amplificadores sem perder a qualidade de áudio. E a polêmica entre o analógico e o digital parece ter arrefecido, mas ainda existe.
O resultado tornou-se um GUIA.
Entenda agora como funcionam os estúdios caseiros.
PROGRAMAS » DAW SOFTWARES _ sequenciadores que gravam, editam e tocam o áudio digital
ANDRÉ RIBEIRO [ROCK SUCKS, DISCO’S REVENGE]
LiveSuit e Ableton Live.
BREDES FERNANDO [PERCEPTION RECORDS]
Ableton Live.
BRUNO PALAZZO
Logic Pro e Audacity.
DADA ATTACK
Principalmente o Ableton Live com o Max para Live.
DANI SOUTO [EX-GLOCAL]
Ableton Live. Usei o Logic por 15 anos.
ÉRICA ALVES
Ableton Live.
FOTONOVELA [NIVALDO GODOY & PANAIS BOUKI]
Ableton Live com Reason para a programação e Garage Band para gravar vocais e instrumentos.
GABRIEL PESSOA GUERRA [DORGAS, 40% FODA/MANEIRISSIMO, SÉCULOS APAIXONADOS]
Ableton Live 8 ou 9.
HOLOCAOS [CAUE MIRANDA]
Ableton Live, plug-ins e VSTSs variados.
L_cio
Ableton Live e Logic.
MAU MAU [com FRANCO JUNIOR]
Logic Pro X.
NOPORN [LIANA PADILHA & LUCA LAURI]
Ableton Live.
OBTUSO [ANDRÉ GODOY]
Ableton Live 9. Cortei em 90% os plug-ins e VSTs externos e estou usando os do próprio programa.
PAULO TESSUTO
Ableton Live 9 Suite.
PEDRO ZOPELAR
Ableton Live 9.
PEJOTA FERNANDES
No Windows: FL Studio, Ableton Live e Adobe Audition. No Mac: Ableton Live e Adobe Audition.
RENATO COHEN
Logic e Ableton Live.
XERXES DE OLIVEIRA
Logic é o principal programa com outros lincados, seja plug-in, AudioUnit, VST ou via Rewire.
Interface do Ableton Live
PLACAS DE ÁUDIO
ANDRÉ RIBEIRO
M-Track e M-Audio.
BREDES FERNANDO
Focusrite Scarlett 2i2.
BRUNO PALAZZO
MOTU Ultralite.
DADA ATTACK
RME Fireface UC.
DANI SOUTO
Motu.
ÉRICA ALVES
M-Audio Fast Track Pro.
FOTONOVELA
Placa de áudio integrada do iMac.
GABRIEL PESSOA GUERRA
PreSonus FireStudio.
HOLOCAOS
Edirol Firewire FA-66.
L_cio
RME Baby Face Snow.
MAU MAU
Placa Duet.
NOPORN
Uma Motu 828 MKII e uma Kontrol 1 da Native Instruments.
OBTUSO
Na maioria dos casos eu simplesmente gravo jams pela saída estéreo da minha mesa de som. Nesse processo a Fast-Track Pro da M-Audio tem resolvido.
PAULO TESSUTO
M-Audio Fast Track Pro.
PEDRO ZOPELAR
UAD Apollo 16.
PEJOTA FERNANDES
M-Audio Delta Audiophile.
RENATO COHEN
RME Fireface800.
XERXES DE OLIVEIRA
No geral, para compor, a saída de fone do computador basta; eventualmente, quando há necessidade de se gravar algum instrumento externo, qualquer boa entrada que ofereça 44.1kHz @16 ou 24bits serve.
MONITORES DE ÁUDIO – caixas de som – e o SUB, específico para subgraves
ANDRÉ RIBEIRO
M Audio BX5. Sub: M-Audio SBX10.
BREDES FERNANDO
Yamaha HS-50M. Não uso Sub.
BRUNO PALAZZO
Yamaha HS50/HS80. Sub: Yamaha HS10.
DADA ATTACK
Klein & Hummel O110 + Roland DS-7. Não uso Sub.
DANI SOUTO
KRK VXT. Não uso Sub.
ÉRICA ALVES
KRK Rockit 8. Não uso sub.
FOTONOVELA
Rokit 5 . Não uso Sub.
GABRIEL PESSOA GUERRA
Yamaha HS-8, que cada dia uso menos. Ainda é bom pra checar aquela área de graves. Do ano passado para cá comecei a mixar usando as caixas do meu computador ou fones de ouvido baratos e simplesmente os resultados saiam melhor. Acho que quando você ouve as coisas numa referencia “ruim”, você entende melhor a música, principalmente na região dos médios. Antes eu usava como referência só os monitores, mas quando levava para ouvir nas caixinhas de laptop do amigo o som era uma bagunça. Nunca senti necessidade de Sub.
HOLOCAOS
Krk rokit 5. Não uso Sub.
L_cio
KRK Rockit 6′. Não uso Sub.
MAU MAU
Mackie HR824. Não uso Sub.
NOPORN
JBL Control 1. Sem Sub.
OBTUSO
Microlab B77. Comprei pelo custo mesmo. O som é robusto, mas tem um reforço de grave que é incômodo. Não uso sub.
PAULO TESSUTO
KRK Rokit6. Esse monitor já tem referência de subgrave.
PEDRO ZOPELAR
Genelec. Não uso sub.
PEJOTA FERNANDES
Alesis Monitor One. Não uso sub.
RENATO COHEN
Event Opal. Não uso sub.
XERXES DE OLIVEIRA
Como essa etapa do processo de produção envolve passar algumas horas concentrado em frente aos monitores, o ideal é que ofereçam, além de um som sem coloração, uma ampla resposta de frequência. Dos monitores com os quais trabalhei, meus favoritos foram as Genelec, Yamaha e, surpreendentemente, um par de Absolute Zero, da Spirit. Nunca senti a necessidade de um sub para finalizar.
MESAS DE SOM
ANDRÉ RIBEIRO
Roland – MX-1.
BREDES FERNANDO
Soundcraft Sx802fx.
BRUNO PALAZZO
Soundcraft EFX 12.
DADA ATTACK
Neve 542.
DANI SOUTO
Mackie.
ÉRICA ALVES
Yamaha MG82cx.
FOTONOVELA
Um Portable Powered Mixer da Shelter que tem efeitos super estranhos que podem ser combinados.
GABRIEL PESSOA GUERRA
Fostex 350.
HOLOCAOS
Não uso.
L_cio
Nao uso mais, mas ainda tenho uma Behringer antigona de 16 canais.
MAU MAU
Eurorack UB 1832FX-Pro.
NOPORN
Usamos a mesa de som do programa Live Ableton mesmo.
OBTUSO
Soundcfraft EPM 6. O pré-amp dessa mesa serve como amplificador.
PAULO TESSUTO
Não tenho.
PEDRO ZOPELAR
Yamaha MG10 (8 canais).
PEJOTA FERNANDES
CSR DSM-35 analógica e UC-33e controlador midi.
RENATO COHEN
Hoje em dia não uso mais mesa.
XERXES DE OLIVEIRA
As mixes normalmente são realizadas em software, ou seja, o mixer do software, nesse caso, já basta.
AMPLIFICADORES
ANDRÉ RIBEIRO
Não uso pois meus monitores e sub já são amplificados.
BREDES FERNANDO
Valvulado.
DADA ATTACK
Yamaha G-5.
DANI SOUTO
Não uso.
ÉRICA ALVES
Não tenho.
FOTONOVELA
Usamos o do monitor amplificado.
GABRIEL PESSOA GUERRA
Não uso.
HOLOCAOS
Não uso.
L_cio
Não uso.
NOPORN
Um receiver Gradiente meio antigo, mas bom.
PAULO TESSUTO
Não uso.
PEDRO ZOPELAR
Não uso.
PEJOTA FERNANDES
Pioneer SA-7100 e equalizador Pioneer GR-555.
RENATO COHEN
Não mais.
Vocês acham necessário trocar os equipamentos com frequência?
ANDRÉ RIBEIRO
Aos poucos estou trocando os sintetizadores por híbridos novos, mas não vejo necessidade em trocar placa de áudio e monitores.
BREDES FERNANDO
Trocar não, aderir sim.
BRUNO PALAZZO
Não. É preciso tempo pra dominar os equipamentos e criar uma relação com eles, mas, às vezes, trocar algo que não está sendo usado por outra coisa pode ser bom pra variar a sonoridade.
DADA ATTACK
Cada dia surgem inúmeras opções que exigem aprendizado. Muitas vezes o produtor pode se apegar em coisas novas, mas é essencial encontrar um equilíbrio para não ficar preso no passado.
DANI SOUTO
Trocar, nunca. Comprar novos pelo resto da vida.
ÉRICA ALVES
Não, tenho um pouco de apego às minhas coisas, rs
FOTONOVELA
O equipamento não faz o músico/produtor. As máquinas ajudam a produção a ficar mais bacana e resolvem questões práticas, mas não criam nada sozinhas. Imagine os estúdios com equipamentos incríveis que são subutilizados na produção dos “hits” de hoje. Adianta alguma coisa?
GABRIEL PESSOA GUERRA
Não, pelo contrário. Acho que todo equipamento precisa ser usado até tirar o máximo dele. Nunca entendi essas pessoas que tem zilhões de equipamentos, deve ser muito dinheiro.
L_cio
Não. Penso que temos que usar os equipamentos que temos ao seu máximo até sentir a necessidade de comprar outro ou trocar.
MAU MAU
Acho necessário atualizar o programa (no caso, o Logic) para acompanhar as novidades que influenciam na qualidade do trabalho. Acho importante conhecer bem os outros equipamentos para tirar o máximo proveito na performance.
NOPORN
Somos forçados a isso por causa da constante atualização dos softwares.
OBTUSO
Gosto de explorar meu setup ao máximo. Sou contra o lance de procurar o equipamento perfeito para aquela função específica. Gosto de tentar me adaptar e resolver a música com as ferramentas que tenho. O foco é a música e não as ferramentas.
PAULO TESSUTO
Até hoje nunca troquei nada, mas acho legal adquirir novidades periodicamente, assim você consegue variar os timbres com mais facilidade. Mas antes, acho importante passar bastante tempo fuçando no synth antes de comprar um novo – se você compra um atrás do outro pode não dar a atenção necessária para cada um.
PEDRO ZOPELAR
Às vezes sim, e as questões podem ser extramusicais como, por exemplo, limitação de espaço para os equipamentos ou o próprio orçamento. Trocar é uma ótima opção para conhecer vários equipamentos sem precisar ter condições de manter tantos hardwares. Venda um para poder comprar/caber o outro.
PEJOTA FERNANDES
Trocar não, mas agregar sempre é bom, porém está impossível com as nossas taxas e impostos.
RENATO COHEN
Pelo contrário, quanto mais você estiver acostumado com seus equipamentos, melhor.
XERXES DE OLIVEIRA
Depende muito do perfil do usuário e suas necessidades.
Acreditam que um dia os plug-ins substituirão de vez os analógicos?
ANDRÉ RIBEIRO
Acredito que não. É como discotecar, as principais empresas perceberam que a tecnologia deveria se adaptar ao DJ e não o contrário. Hoje existem inúmeras formas de se discotecar, eu prefiro um bom mixer com dois decks.
BREDES FERNANDO
Por mais que você faça tudo pelo analógico, quando for utilizar uma DAW (programa sequenciador), o sinal passará pelo digital, a menos que você toque os sintetizadores analógicos ao vivo, sem gravar.
BRUNO PALAZZO
Não. Existem ótimos plug-ins que simulam a sonoridade analógica e, ao mesmo tempo, novos equipamentos analógicos sendo produzidos. Acho interessante essa mistura de possibilidades.
DADA ATTACK
Sim. É natural que isso aconteça, como aconteceu com as máquinas de escrever, fotografias em filme, a telefonia e, no futuro, com os carros. Acredito que a partir do momento em que você consegue realizar com menos, não existem motivos para continuar fazendo como se fazia antigamente, gastando mais recursos naturais e energia, a não ser por nostalgia. Muitos dos componentes já pararam de ser fabricados e alguns analógicos antigos já estão condenados a não ter conserto quando quebrarem. É triste para quem, como eu, é apaixonado por analógicos vintage.
FOTONOVELA
Não. O digital se comporta de forma digital. O analógico possui vida própria. Cada um desses meios produz um resultado diferente. O legal mesmo é poder desfrutar dos dois mundos. Nós adoramos passar nossas músicas por fita cassete e samplear só para ter aquele som específico.
GABRIEL PESSOA GUERRA
Com certeza os plug-ins estão cada vez melhores, mas acho que sempre haverá desejo de parte das pessoas do áudio em ter equipamentos hardware. Os resultados são menos práticos, mas são mais rápidos de se conseguir; duas mãos continuam mais rápidas que o mouse, sem contar que, hoje em dia, o hardware possui um marketing muito maior por trás.
HOLOCAOS
Não. Acho que da para usar a criatividade em qualquer situação.
ÉRICA ALVES
Não.
L_cio
Não. Um não exclui o outro.
MAU MAU
Já tem muitos produtores/DJs produzindo apenas com plug-ins. Dá para construir bons sons por caminhos diferentes. Acredito que, para quem estuda música, os analógicos nunca serão 100% substituídos.
NOPORN
Não. Talvez os plug-ins sejam predominantes por serem mais acessíveis e fáceis de usar.
OBTUSO
Acredito que a qualidade de sons dos softwares usados no computador já é praticamente a mesma, mas a usabilidade muitas vezes deixa a desejar. Veja a quantidade de controladores que são lançados todos os anos – acho que existe uma grande necessidade de tornar tudo mais palpável.
Por outro lado, há esses novos hardwares da Roland, por exemplo, que usam a tecnologia ACB (Analog Circuit Behavior). Na minha opinião, no fundo eles não passam de um VST com um controlador dedicado – não tem nada de errado nisso, acho incrível o som deles (inclusive a TR8 é um dos meus principais instrumentos), mas, nesse caso, entra a questão da praticidade, de ter controles na mão, dinamismo para moldar o som. Se soa bem e é pratico de usar, é bom.
PAULO TESSUTO
Não. Os plug-ins são muito legais e mais acessíveis, mas as máquinas também têm suas vantagens na hora de operar.
PEDRO ZOPELAR
Sim, e isso já é uma realidade. Não estou afirmando isso em questão de qualidade de áudio, mas pela substituição de hardwares por plug-ins digitais. Algumas marcas como UAD, U-he, Arturia e varias outras lançaram plug-ins incríveis que uso bastante e substituem muito bem alguns itens analógicos, como efeitos e instrumentos, caso você não tenha tanta variedade de hardwares.
PEJOTA FERNANDES
Praticamente todos os grandes equipamentos têm emuladores que tiram um som bem próximo, porém, o som analógico é característico e a diferença ainda é perceptível pra quem conhece.
RENATO COHEN
Se você quer dizer que a demanda por analógico vai acabar algum dia, eu acho que não. Depende muito do gosto e da música de cada um. Digital e analógico se desenvolveram muito nos últimos anos.
XERXES DE OLIVEIRA
Para mim isso já é uma realidade desde 1996, por conta do budget limitado tive que me adaptar a essa situação, não porque desejasse, mas porque a necessidade me impôs essa realidade.
Estúdio do DadaAttack
Já pensaram em compor para vários canais?
Em 5.1, por exemplo
ANDRÉ RIBEIRO
Não.
BREDES FERNANDO
Talvez num futuro próximo.
BRUNO PALAZZO
Em Berlim toquei num lugar com sistema de som espacializado de 10 monitores espalhados pelo ambiente. Acho incrível esse tipo de experiência, porém, exige que o material seja preparado assim e que o local tenha um sistema apropriado com multicanais.
Já produzi desenho de som e trilha sonora pra Cinema em 5.1, separando instrumentos e efeitos em multicanais e subwoofer. Funciona bem porque vai ser reproduzido numa sala com som espacializado.
Para música em geral o estéreo ainda é o que mais me fascina. O panorama e a sensação de espaço podem ser criados artificialmente com delas e reverbs. Podem-se acrescentar sons ambientes gravados com microfones em estéreo de gravadores portáteis. A música em estéreo tem sua reprodução facilitada em diferentes sistemas: em um clube, em fones de ouvido ou num hi-fi system em uma sala de estar. Também tenho ouvido alguns lançamentos recentes em mono. Para a música eletrônica mais suja, experimental, o mono funciona muito bem. É questão da linguagem do trabalho.
DADA ATTACK
Sim. Trabalhei na produtora Supersônica do Antonio Pinto, onde fazem diversas trilhas de filmes nacionais e internacionais que são mixadas para sistemas de cinema multicanais. Artisticamente, gosto muito de trabalhar com a espacialidade do som; tive a oportunidade de apresentar a performance audiovisual ‘Ilusionismo’ que fiz em conjunto com o Fernando Timba em 2009 no Festival Live Cinema no Sesc Pompéia – lá disponibilizaram um sistema quadrifônico, mas, levando em consideração nossa realidade dos sistemas de som de clubes e festivais, é melhor pensar em mono.
ÉRICA ALVES
Talvez um dia.
FOTONOVELA
Seria algo muito interessante, mas temos que admitir: quando terminamos de produzir uma música nova, sempre testamos em nossos celulares. Se a saída de som dos aparelhos simples reproduz de forma minimamente aceitável 90% da música, significa que qualquer pessoa poderá ouvir nosso trabalho nos meios em que ela dispõe.
GABRIEL PESSOA GUERRA
Já é muito difícil mixar em estéreo, imagina em 5.1!
HOLOCAOS
Não.
L_cio
Quero começar a pensar nisso mais para frente.
MAU MAU
Sim, já pensei, mas acho que ainda não é o momento. Tenho outras prioridades.
NOPORN
Não.
OBTUSO
A possibilidade de produzir para uma sala de cinema usando um sistema 7.1 é um sonho!
PAULO TESSUTO
Nunca pensei.
PEDRO ZOPELAR
Já, mas ainda não tive a oportunidade.
PEJOTA FERNANDES
Nunca. Minha forma de fazer música é bem simples e enxuta. Normalmente exploro pouco do estéreo.
RENATO COHEN
Nunca fiz. Deve ser muito interessante. O contrário da ideia de pista.
XERXES DE OLIVEIRA
Sim, em 2013, enquanto desenvolvia um software de automação para uma peça no SESC Belenzinho em um sistema 6.1 e com o Teatro da Vertigem em 2014, que foi um sistema 7.1. Acho que é um formato de composição que é super moderno e tem tudo a ver com a imersão que o teatro propõe; algo que por ser tão sofisticado requer uma equipe de competências e recursos tecnológicos à altura para poder ser realizado.
Que dica vocês dariam para quem está começando?
ANDRÉ RIBEIRO
Bons equipamentos profissionais oferecerem qualidade e possuem ampla durabilidade, por isso não são muito baratos, então a dica é: não tenha pressa! O ideal é ter em mente o que você realmente vai precisar para começar a produzir. Comece pelos equipamentos prioritários, dessa forma você também tem mais tempo para extrair o máximo de cada equipamento.
BREDES FERNANDO
Não se prenda só em equipamentos, uma boa ideia é melhor que um bom equipamento. Pode ter certeza!
BRUNO PALAZZO
Comece com um setup mínimo pra ouvir música, compor e gravar. Um laptop com software e um fone de ouvido já te permite começar. Isso simplifica o processo e pode te fazer mais produtivo. Limitações e regras podem te fazer chegar a resultados incríveis.
Ter muito equipamento não significa fazer boa música. Isso exige trabalho e dedicação.
DADA ATTACK
Faça você mesmo! Equipamentos nada mais são que ferramentas. Utilize o que estiver disponível, não espere até ter aquele equipamento x para começar. Encontre equipamentos que você se sinta confortável e sinta prazer em usar. Muitos estilos musicais, técnicas de produção e grandes sucessos surgiram a partir de improvisos, erros e gambiarras; às vezes é melhor estar fora da zona de conforto: é importante sempre estar pré-disposto a quebrar regras.
ÉRICA ALVES
Só o Ableton Live em um computador com configurações razoáveis já é um bom início!
FOTONOVELA
Não se preocupe com o equipamento, apenas comece e crie seu universo musical próprio! Claro que é importante guardar uma grana para poder investir num segundo momento, mas o caminho é praticar com aquilo que está disponível em suas mãos até conseguir expressar algo que seja você mesmo.
GABRIEL PESSOA GUERRA
Resiliência sempre foi meu método. Não tenha medo de fazer algo ruim, quanto mais coisa ruim você fizer, melhor será sua capacidade de reflexão e melhor fará no futuro, uma vez que você não gostará de passar vergonha novamente lol
É um método masoquista, mas funciona para mim… Ah! E um bom arranjo sempre facilita tudo.
HOLOCAOS
Hoje existem varias opções gratuitas legais como freewares, ou ilegais como as pirateadas. Há 50 anos era mais difícil com certeza.
L_cio
Faça música independentemente de equipamentos. Rola com pouco investimento.
MAU MAU
Um bom curso técnico pra entender o caminho da construção musical é fundamental. Hoje em dia é possível realizar um bom trabalho sem muito equipamento – com um computador e um programa de música já dá pra tirar um som, o que mais importa é a criatividade.
NOPORN
Explorar os apps de criação de música para dispositivos móveis. A Propellerhead lançou o Figure, um app super gostoso de usar e com uma interface gráfica fascinante.
Luca_ Fiz várias demos/ideias nele e depois as evoluí no Ableton Live.
OBTUSO
Não tenha vergonha de piratear para experimentar. Se com o tempo você decidir se levar mais a sério valerá a pena investir algum dinheiro. No começo, experimente com algum software e não perca seu tempo tentando achar o melhor programa pra fazer um gênero x. Esqueça aquela história de que é preciso usar tal coisa porque o fulano usa. Os principais DAWs (programas sequenciadores) de hoje são todos muito bons, com qualquer um deles você tem as ferramentas necessárias para anos de experimentação e resultados profissionais. O que faz a diferença é dedicar tempo produzindo, aprendendo e não se fixando em resultados rápidos, desenvolva seu processo, não procure fórmula perfeita e se divirta produzindo porque é assim que a mágica acontece.
PAULO TESSUTO
Aproveite bem o Ableton Live que é um programa completo e intuitivo – ele possui todo o tipo de plug-in.
PEDRO ZOPELAR
Procure algo que te inspire a compor. Ter muitos hardwares pode ser muito complicado para um iniciante e o computador muitas vezes é o que basta pra muitos estilos e propostas sonoras. Ao mesmo tempo, novos equipamentos e hardwares podem ser muito inspiradores no processo do seu desenvolvimento. Descubra uma coisa de cada vez, mas saiba que, com o mínimo que você sabe e possui, você pode sempre chegar ao resultado que deseja! Obviamente, quanto mais rápido você aprender, mais rápido chegará lá. Afinal, tudo que você precisa são boas ideias e conhecer os meios para conectar sua mente com o processo de composição, seja em um sampler ou em um DAW.
PEJOTA FERNANDES
Ouça muita música! Não tenha pudor de se inspirar e até copiar o que você achar legal. Procure saber com quais synths e equipamentos essas músicas foram feitas. Pesquise sobre a história dos equipamentos e depois vá atrás dos plug-ins VSTs que os emulam. É um ótimo exercício.
Foque, aprenda e se aprofunde no software sequenciador mais comum: o Ableton Live. Procure equipamentos seminovos nos sites de comércio eletrônico como o Mercado Livre. Sempre aparecem oportunidades.
Comece enxuto. Um PC com placa de som atual, monitores de áudio e um controlador midi já esta ótimo. Depois, ao aprender e se aprofundar, você vai saber em que tipo de equipamento será melhor investir.
RENATO COHEN
Fazer tudo no computador, com certeza. Usar elementos que já vem com uma sonoridade boa desde o início do projeto.
XERXES DE OLIVEIRA
Dar foco ao sistema onde se irá gastar mais tempo produzindo e aos headphones, que devem ter uma boa qualidade de som e ser confortáveis de usar. A limitação pode ser uma boa oportunidade para se aprender bem com o que se tem antes de adquirir algo novo.
O que vocês mudariam em seus estúdios hoje?
BREDES FERNANDO
Faria um bom isolamento acústico.
BRUNO PALAZZO
Mudaria a mesa de som pra uma com mais canais direct out, assim eu manteria tudo ligado na mesa, com a opção de gravar tudo separado.
FOTONOVELA
Compraríamos máquinas mais velozes e talvez um piano. Temos fetiche por computadores rápidos e piano de calda.
GABRIEL PESSOA GUERRA
Faria um upgrade do JV-1010 para o JV-1080.
HOLOCAOS
Gostaria de poder ter uns synths.
L_cio
Sinceramente, me sinto muito bem com meu quarto (sem tratamento acústico) e com poucos equipamentos.
MAU MAU
Meu estúdio é no apartamento onde moro, preciso fazer um revestimento acústico melhor.
NOPORN
Faria uma cabine de isolamento para gravar os vocais, mas teria que ser uma cabine desmontável, fácil de guardar.
OBTUSO
Mudaria os monitores. Depois quero poder gravar todo o meu live em multitracks simultaneamente, para isso preciso de uma nova mesa de som e uma nova placa de som.
PAULO TESSUTO
A acústica.
PEDRO ZOPELAR
Gostaria muito de ter uma sala tratada.
PEJOTA FERNANDES
Mais nada. Estou bem contente: andei fazendo algumas aquisições recentes : )
RENATO COHEN
Nunca tive uma TB303, nem uma SP1200. São duas coisas que eu ainda penso em comprar.
XERXES DE OLIVEIRA
Acrescentaria TODA a linha da Roland Boutiqe [tô apaixonado!] (http://www.rolandus.com/promos/roland_boutiqe), e trocaria o sampler da Roland por uma Akai MPC 2500. Também adicionaria um bom contrabaixo elétrico ao setup.
Estúdio híbrido do FOTONOVELA
EXTRAS: Quais são seus analógicos indispensáveis?
ANDRÉ RIBEIRO
TR-8, TB-3 e System-1 da linha Aira da Roland.
BREDES FERNANDO
Não são totalmente analógicos: tenho usado muito o ER-1 e o Monotribe.
BRUNO PALAZZO
Gravador de fita cassete e rolo: para experimentar sonoridades diferentes. E pedais de efeito de guitarra pra processar sons.
DADA ATTACK
Acredito que boa parte das melhores criações surgem na necessidade de improvisar com o que se tem disponível. Além do computador Hackintosh, gosto de hardwares de processamento (equalizadores, compressores, filtros, efeitos, etc.), brinquedos e equipamentos sonoros toscos modificados com circuit bending, microfones, mini sintetizadores e noisemakers que construo, uma mesa de piano desmontado para efeitos, toca discos e muitas percussões que coleciono.
DANI SOUTO
Moog ou Bass Station para o baixo, Yamaha DX7 FM Digital e MPC.
ÉRICA ALVES
Novation Bass Station II, Novation Ultranova, Korg Volca Keys, Korg Monotribe, Roland Gaia, Microfone condensador, Fone de ouvido Sony MDR-7506.
FOTONOVELA
Violão amplificado, toca fitas gradiente, um rádio dos anos 40 e uma máquina de escrever dos anos 60 que usamos ao vivo. O sonho de consumo é ter um Minimoog e um Theremin.
GABRIEL PESSOA GUERRA
Roland JV-1010, é uma versão mini do JV-1080. Ele tem 1384791378942 presets, então é fácil acessar qualquer tipo de som.
L_cio
Vermona Monolancet, Bass Station Novation, Mininova Novation, Aira TR-08 e Jomox MBase11.
MAU MAU
Korg MS10, Alpha Juno, Ensoniq KS 32, Rave-O-Lution 309 e Micro Korg.
NOPORN
Um baixo, um Korg X5, um microfone Shur), um Kaos Pad e um teclado Org.
OBTUSO
Não acho que existam analógicos indispensáveis hoje em dia, mas seria difícil trabalhar sem mixer.
PAULO TESSUTO
Juno Alpha 1 e Pulse 2.
PEDRO ZOPELAR
SH 101 e Elektron Analog 4.
PEJOTA FERNANDES
Um bom deck de fita K7 e Pickup para extração de samples.
RENATO COHEN
SH 101, Jupiter 6, Tr 909 e Mpc 1000.
XERXES DE OLIVEIRA
Dois exciters: um da Behringer e um BBE.