Reformado e futurista, D-Edge reabre nesta quinta

Claudia Assef
Por Claudia Assef

A nova fachada do clube D-Edge na Barra Funda tem varanda com vista pro Memorial

Com 10 anos de história em São Paulo, o clube D-Edge, na Barra Funda, reabre nesta quinta-feira totalmente reformado e olhando para o futuro. Quando abriu, em 2000, o clube logo virou xodó do povo da noite, por conta de sua programação estrelada, sistema de som de primeira e, claro, pela decoração de leds, criada pelo designer Muti Randolf.

Uma década se foi, o D-Edge ganhou fama internacional, assim como seu dono, Renato Ratier, que virou um DJ de renome mundial. A reforma que agora se encerra vinha se arrastando há alguns anos já. No lugar da antiga configuração, que se divia em pista e bar, agora há três novos ambientes: mais uma pista, um lounge  e um terraço ao ar livre com vista para o Memorial da América Latina. Ainda haverá uma loja onde os frequentadores encontrarão produtos para DJs da Traktor e da Pioneer, CDs e LPs do selo D-Edge Records e de outros parceiros, além de souvenirs como camisetas e bonés.

A festa de inauguração para convidados acontece nesta quinta. Na sexta, a  casa abre para o público, com apresentação do DJ Henrik Schwarz. O Todo DJ Já Sambou conversou com Renato Ratier em maio deste ano, enquanto o clube ainda estava em obras. Leia um resumo do papo:

Renato Ratier começou a tocar profissionalmente no início do D-Edge SP, em 2000

TODO DJ JÁ SAMBOU – O D-Edge está fazendo 10 anos e ajudou a profissionalizar o mercado de clubes em São Paulo. Como vc vê o clube daqui em diante?

RENATO RATIER – Na verdade, ele está se profissionalizando mais a cada dia. Nosso trabalho está sempre progredindo e se aperfeiçoando para oferecer o melhor que há no mundo da música num ritmo constante. Este mês de maio é um bom exemplo para você ter uma idéia desse ritmo que procuramos imprimir ao nosso calendário de atrações. Lauhaus (Holanda), Daniel Steinberg (Alemanha), Martin Eyerer (Alemanha), Miss Kittin (França), M.A.N.D.Y. (Alemanha), Audiofly (Reino Unido), Ashley Beedle (Reino Unido), Dusty Kid (Itália), Ajello (Itália), Eric Duncan (EUA), Josh Wink (EUA), D-Nox (Alemanha) e Pilooski (França). São 13 atrações em 30 dias. Isso após quase 700 em 10 anos de história. Daqui em diante, nos vemos apenas aprimorando o serviço que já provemos: com mais opções de espaço e diversificação artística.

TDJS – Você começou a tocar mais ou menos quando o D-Edge abriu e se tornou um top DJ…

RR – Eu já tocava antes da chegada do D-Edge, mas não propriamente como um profissional no circuito. Quando o D-Edge abriu, inevitavelmente comecei a tocar mais. Pois, na verdade, as pessoas começaram a ouvir mais o meu trabalho, já que o clube é uma plataforma incomparável para todos os tipos de talentos. Além da experiência adquirida por tocar ao lado de tantos artistas fantásticos, nacionais e internacionais.

TDJS – Com dois novos clubes na cidade, o Hot Hot e o Lions, o D-Edge ganha ou perde?

RR – Certamente quem ganha com isso é o público, já que são oferecidas mais opções de entretenimento, assim como uma maior variedade. De qualquer forma, quando se faz um trabalho bem-feito e mais pessoas entram no mercado, ele apenas é confirmado e realçado.

TDJS – Tem alguma atração que vc ainda não conseguiu trazer e quer muito?

RR – Acho que trouxemos todas as que gostaríamos no cenário internacional e nacional. Mas pode ter certeza de que, se houver ainda alguma faltando, estamos já em fase de negociação para trazê-la o mais breve possível. Claro que sempre atentando para dar espaço a novos e promissores talentos, que são o que mantêm esta cena tão dinâmica.

TDJS – Que noite entrou pra história do clube na sua opinião e por quê?

RR – Foram várias. Difícil escolher entre tantas maravilhosas, mais difícil ainda é escolher alguma ruim. Tanta gente talentosa já se revezou naquela cabine. Apresentações memoráveis de gente como Miss Kittin, Derrick Carter, Todd Terje, Greg Wilson, Stacey Pullen, Villalobos, Luciano, Mark Farina, Loco Dice, Underground Resistance, Sven Vath…

Noites inesquecíveis porque conseguiram aquele amálgama especial: colocar artistas no auge de suas carreiras para a apreciação com um público seleto, conhecedor da música que esses DJs estão oferecendo.

TDJS – Como você vê a noite da cidade hoje?

RR – Diversificada, com opções para agradar a todo tipo de público e numa frequência frenética. São Paulo é a única cidade que conheço que é agitada sete dias por semana.

Claudia Assef

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Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.