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20 anos sem Ray Charles

Ray Charles

Foto: Reprodução

Ray Charles faleceu em 10 de junho de 2004, mas continua eterno

Há exatos 20 anos, eu estava em uma casa bem tradicional de shows de SP quando recebi a noticia da partida de Ray Charles. O tamanho da comoção geral foi impressionante, e o show parou para homenagear esse grande gênio. Um minuto de silencio em homenagem a uma vida de música e arte, o baile seguiu e dançamos Hit the Road Jack com muitas lágrimas nos olhos. É esse Ray Charles que mora nas minhas lembranças.

Ray Charles Robinson nasceu em 23 de setembro de 1930 em Albany, Geórgia. Desde cedo, enfrentou grandes desafios, como a perda da visão aos sete anos de idade, mas nenhuma adversidade o impediu de se tornar uma das figuras mais influentes da música contemporânea. O artista combinou blues, gospel, R&B, rock, música country e jazz para criar hits inovadores, como Unchain My Heart, I’ve Got a Woman e What I’d Say. Sua carreira de cinco décadas, repleta de prêmios, deixou uma marca indelével na música do mundo todo.

Criado em Greenville, Flórida, Ray começou a tocar piano antes dos cinco anos, e desenvolveu suas habilidades musicais quando frequentou a Escola para Surdos e Cegos de St. Augustine, onde aprendeu a tocar vários instrumentos e a compor em braille. Na adolescência, após a morte de seus pais , deixou a escola para trabalhar em bandas pela Flórida, adotando o nome artístico Ray Charles para evitar ser confundido com o famoso boxeador Sugar Ray Robinson. Em 1947, com apenas 17 anos, se mudou para Seattle com 600 dólares no bolso, iniciando sua jornada profissional como crooner.

A ascensão meteórica começou na década de 1950, após assinar com a Atlantic Records. Com sucessos como This Little Girl of Mine e Drown in My Own Tears, se firmou como pioneiro do soul, temperando o gospel com outros estilos de maneira única. Suas gravações na Atlantic, compiladas em álbuns como Hallelujah I Love Her So e The Genius Sings the Blues, são marcos fundamentais em sua carreira. Foi também nesse período que ele formou o Raelettes, grupo vocal feminino que o acompanharia em muitas de suas performances.

Nos anos 1960, Ray Charles continuou a expandir seu alcance musical. Seus álbuns Genius + Soul = Jazz e Modern Sounds in Country and Western Music são testemunhos de sua habilidade em transcender gêneros musicais. Modern Sounds, em particular, foi revolucionário ao mesclar o soul com a música country, gerando sucessos como I Can’t Stop Loving You e Take These Chains from My Heart. Esses trabalhos não só ampliaram seu público, mas também consolidaram sua posição na época como um dos maiores inovadores musicais.

A célebre Hit the Road Jack, citada no começo deste texto, foi composta por Percy Mayfield, alcançou o topo das paradas americanas em 1961 e permanece um dos maiores sucessos de Ray Charles. A música foi gravada por Mayfield em 1960, em uma versão demo à capela, e atraiu a atenção de Charles, que decidiu gravá-la com Margie Hendrix, das Raelettes, como backing vocal. Lançada como lado B de The Danger Zone, a faixa rapidamente se destacou, atingindo o primeiro lugar na Billboard Hot 100 por duas semanas, a partir de 09 de outubro de 1961. Impossível não reconhecer logo de cara o riff descendente de piano blues e os metais que acompanham esse hino cativante e inconfundível.

Mesmo enfrentando desafios pessoais, como o vício em heroína, Charles manteve sua relevância nas décadas seguintes. Continuou a produzir sucessos e a ser reconhecido por sua contribuição à música. Em 2004, pouco antes de sua morte, lançou Genius Loves Company, um álbum de duetos com nomes como Norah Jones, B. B. King e Gladys Knight. O disco se tornou o mais vendido de sua carreira, ganhando múltiplos Grammys postumamente.

Ray Charles faleceu em 10 de junho de 2004, mas continua bem vivo. Celebro-o sempre e ele não sai do meu set. Sucesso até hoje, está eternizado em seus inúmeros prêmios, gravações lendárias e a influência duradoura que exerceu sobre a música popular no mundo todo. 

Viva, Ray Charles!

Leia mais da coluna de Adriana Arakake!

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