Rap indígena, a volta dos Autoramas, nova do Braza, remix de Humberto Gessinger e muito mais nos destaques da semana
Chuva de bons lançamentos chegando na redação do Music Non Stop. Terça-feira é dia do garimpo de destaques compilados por Jota Wagner
Terça-feira. Pare o que está fazendo para atualizar sua playlist. Lançamentos com sabores tropicalistas chegaram à redação esta semana. Rap indígena encantador e de altíssima qualidade. A volta dos reis do independente, a banda Autoramas e o primeiro remix lançado por Humberto Gessinger. Música psicodélica brasileira que anda ganhando o mundo e um baita álbum vindo lá de sergipe também estão na lista. Aperta o play!
Destaque dos destaques: Nativos MC’s – Tente Entender
Rap Kuikuro du bom
Eis que o rap continua sendo um porto altamente acolhedor aos artistas indigenas. Desta vez quem chega para mandar a rima é o trio de indígenas da etnia Kuikuro, do Alto Xingu, NativosMC’s. A letra foi criada em português e a língua natural Kuikuro, e fala sobre as lutas e demandas do seu povo. E meu, como é legal ouvir música com o sotaque dos meninos.
Autoramas – Autointitulado
Disco novo dos reis da independência
Os Autoramas estão com disco novo, auto intitulado Autointitulado (hah!). O grupo segue firme na missão de se tornar uma espécie de Rolling Stones do rock independente brasileiro. Coesos e energéticos, como esperam os fãs da banda. Destaco aqui Eu Tive uma Visão, tesão de balada que está entre a melhores do quarteto e, de certa forma, define bem o que são os Autoramas.
Táia – Renasço
Estranhamente gostoso
A sergipana Táia lança um álbum bem bom de ouvir. Suave, intimista, meio como encontrar uma festa legal na casa de alguém com pouca gente, luz baixas e cachaça boa. Assim, de surpresa. Produção bacana, voz gostosa, vibração cinemática, que nos coloca em um lugar imaginado pela artista. O álbum, todo com visuais, pode ser visto aqui no clipe.
Adriana Vieira – Deviam Vender
band-aid tamanho vazio existencial
Para os aficionados por música tropicalista e setentisses, este é o destaque da semana. Tremendo instrumental, guitarras cheias de fuzz, pegada festeira e outros ole olás. A melodia é louca e cativante. Deviam Vender reza pela cartilha tropicalista de A a Z. Adriana Vieira mandou bem.
Humberto Gessinger – Estranho Fetiche – Carlos Trilha Remix
Crescendo, crescendo!!!
Estranho Fetiche é o primeiro remix de Humberto Gessinger lançado. A obra é de Carlos Trilha (sobrenome adequado) e revolucionou a faixa original do cantor gaúcho. Tem uma evolução que a faz crescer e crescer e crescer até um final épico. Soluções incríveis e mérito para o Trilha. A letra desta música é bem legal, com as clássicas sacadas de Gessinger.
Oruã – Íngreme
E eis que o disco chegou
Oruã, grande banda carioca de música psicodélica brasileira andou dando rolês pelo mundo recentemente, mostrando seu som altamente conectado com o que está sendo feito de mais bagunçado no cenário indie. A música Íngreme segue forte na linha do grupo, que navega no mesmo barco de coisas como Tame Impala e Unknown Mortal Orchestra em seus melhores momentos.
Luiza Goto – Ligação de Interurbano
Relações à distância
Há muita letra de música ruim falando sobre relacionamentos em momentos pandêmicos. Definitivamente, não é o caso de Ligação de Interurbano, de Luiza Goto. A artista descreve muito bem a caceta que é ficar grudado no telefone desesperado por uma notificação da pessoa amada, as paranoias causadas pelos sumiços e outras mazelas que substituem aquela vontade danada de dividir uma cama com quem estamos apaixonados. Confira, não vai dar engano.
Andrea Martins – Asma
Anda bem o rock brasileiro
Andrea Martins mostra que anda a passos largos o rock brasileiro, principalmente quando assume sem frescuras sua conexão com a MPB, numa espécie de retorno ao clima misturento do tropicalismo, movimento do qual até já falamos acima. A música é boa, barulhenta, com letra que vale a pena e um vai não vai, pesado mas leve, dançante mas pensante. Encantadora.
Braza – Nêgamanda – Olinda
Parceria que deu bem certo
Olinda é uma feliz parceria entre o groove reggaeiro do Braza com a voz encantadora de Nêgamanda. A soma de talentos resultou em uma música muito gostosa de ouvir, bem mixada e com gosto de bem estar. Aquela coisa do reggae ser boa onda, aqui funcionou que é uma beleza.