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Em 1996, Rage Against the Machine foi ‘preso’ pelo Serviço Secreto dos EUA

Rage Against the Machine no SNL

Imagem: Reprodução

Músicos da revoltosa banda americana arranjaram confusão nos camarins do famoso programa “Saturday Night Live”

Formado em 1991 em Los Angeles, nos Estados Unidos, o Rage Against the Machine sempre representou uma pedra no sapato para os governantes de seu país. O grupo alcançou sucesso mundial invocando os direitos dos imigrantes e criticas ferrenhas ao capitalismo e ao autoritarismo, após o lançamento de seu segundo álbum, Evil Empire, em 1996.

Para promover o LP, a equipe do grupo descolou uma aparição no famoso programa de TV Saturday Night Live. E mesmo a sagrada conversa da tal primeira emenda da constituição do país, que garante o direito à livre expressão de pensamentos, não garantiu uma noite de paz para a banda e os produtores do programa.

A coisa estava tensa no dia da transmissão do episódio, dia 13 de abril. O apresentador da vez era o bilionário Steve Forbes, que disputava as eleições primárias do Partido Republicano para a presidência do país naquele ano. Na época, os Estados Unidos viviam sob a caneta de Bill Clinton. A ideia dos produtores do programa era fazer uma espécie de contraponto de ideias. De um lado, uma celebridade conservadora, e do outro, a banda revoltosa do momento. Mas o bagulho ficou tenso.

O RATM, que apresentaria duas músicas ao vivo, montou seu set no palco e pendurou sobre os amplificadores duas bandeiras dos Estados Unidos de ponta-cabeça. 20 segundos antes das câmeras irem ao ar, a produção do programa as retirou do cenário. Sem tempo para bater boca, o grupo invadiu as salas de estar dos Estados Unidos tocando a música Bulls On Parade (veja acima). Quando deixaram o palco para aguardar pela segunda entrada, a treta começou. A banda de Zack de la Rocha e Tom Morello se sentiu “censurada”, e a confusão terminou com o Rage Against sendo expulso do estúdio. Mais tarde, os produtores do SNL acusaram o grupo de provocar a confusão propositalmente, para ganhar publicidade.

Lançado no último dia 27, um documentário sobre o programa trouxe novas e estranhas informações sobre o fatídico dia. Em Ladies & Gentlemen… 50 Years Of SNL Musicdirigido por Questlove e Oz Rodriguez, Tom Morello contou mais detalhes sobre o caso, incluindo uma prensa do Serviço Secreto dos Estados Unidos, que manteve os músicos encarcerados no camarim do estúdio de TV.

Na condição de pré-candidato à presidência, Steve Forbes estava sendo acompanhado pelo Serviço Secreto, que obviamente não morreria de amores por uma banda que critica cada parafuso do complexo organograma presidencial do país. O Rage Against the Machine, por sua vez, também já chegou ao estúdio “armado”, sabendo quem seria o apresentador convidado.

“Nós soubemos que Steve Forbes seria o nosso anfitrião. Ele tinha acabado de se candidatar às eleições primárias para presidente pelo Partido Republicano. Era o Forbes da revista Forbes, uma das pessoas mais ricas da América, e um dos mais insensíveis e chatos seres humanos que já pisaram na face da Terra… Bem, vamos ver se isso vai dar certo”, relata Morello no filme (via NME).

O guitarrista contou que, no backstage, um representante do programa avisou a eles que a performance da segunda música não iria acontecer. “Esse foi o erro deles”, seguiu. Emputecido, o baixista Tim Commerford pegou uma das bandeiras dos Estados Unidos, rasgou e transformou os retalhos de tecido em uma bola, e invadiu o camarim de Forbes, vizinho ao da banda, para atacá-lo. O republicano não estava na sala, mas toda a sua família sim. Para não perder viagem, Commerford arremessou sua bola patriótica em cima das “tias, primos, esposas, crianças” que estavam lá. A confusão estava formada.

Foi isso que, segundo o músico, fez com que o Serviço Secreto dos EUA trancasse a turma do RATM em seu próprio camarim. “Eles estavam protegendo Steve Forbes e sua família”, completou.

“Nós fomos escoltados para fora e deixados na calçada. Você pode reparar que o Rage não está na despedida daquele episódio. Ainda assim, eu fui para a after party (risos).”

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