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Racionais celebra 30 anos em meio aos contrastes da desigualdade em Brasília

Mano Brown, do Racionais, em foto de JEF DELGADO

Brasília é uma ilha da fantasia. Levantamento de 2014 da Companhia de Planejamento do Distrito Federal (Codeplan) indicou média salarial domiciliar de R$ 12.742 no Plano Piloto, sendo que no Brasil foi de R$ 1.373, em 2018, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Onde são tomadas as maiores decisões políticas do país jorra leite e mel, como profetizou Dom Bosco (1815-1888).

A 32 quilômetros, ainda no Distrito Federal, em Ceilândia, na comunidade do Sol Nascente, moram 95 mil pessoas, segundo reportagem de André Borges e Luísa Martins, de 2017, no Estadão. Pelo IBGE, em 2010, seriam 69 mil. O mesmo instituto, também em 2010, estimou a população da Rocinha em 100 mil. Sol Nascente talvez seja a maior favela do Brasil ou a segunda, mas esta é uma competição em que ninguém quer ser o primeiro.

O choque entre pobreza e riqueza é um contraste. Símbolo de como a elite não costuma ser cortez, especialmente com quem é pobre, todo público do show dos Racionais MC’s, no sábado (3), no Ginásio Nilson Nelson, no centro do Plano Piloto, teve de passar por uma revista rigorosa na entrada, incluindo tirar os calçados, algo inusitado em shows ou festivais, sejam eles de música eletrônica, sertanejo, pop ou rock. Lógico, era um show para os pretos, pobres e favelados.

Mas, eis que diante de um espetáculo musicalmente perfeito, com 20 músicos no palco e até regência de maestro, o efeito é contrário. Humilhados são exaltados, como diz a Bíblia.

Ice Blue, do Racionais, em foto de Jeferson Delgado

Cada uma das pessoas presentes guarda memórias afetivas com as músicas do Racionais. São como marcos temporais, você as cantou milhares de vezes, elas te deram força, te levantaram. Para muitos, fazem botar o pé no chão e lembrar as origens, outros tentam entender o Brasil e se colocar no lugar do outro.

DJ Donna deu uma aula na abertura. Foto de Jeferson Delgado

Mano Brown, Edi Rock, KL Jay e Ice Blue são os quatro pretos mais necessários do Brasil. Seus alvos: o extermínio da população negra, o encarceramento em massa, a injustiça social, a falta de educação, a ausência de políticas públicas, a falta de humanidade. Quem é contra isso, quem se beneficia disso e quem não faz nada para mudar a desigualdade do país corre risco. Sim, porque ao fim do show em Brasília não eram apenas quatro, mas 12 mil pretos, indígenas, amarelos e brancos perigosos. Até o fim da turnê, muitos se juntarão.

Público do Racionais em Brasília por Jeferson Delgado

SERVIÇO

17/08 – Curitiba (Live Curitiba)
24/08 – Rio de Janeiro (KM de Vantagem RJ)
14/09 – Belo Horizonte (KM de Vantagem BH)
04/10 – Salvador (Arena Fonte Nova)
05/10 – Recife (Classic Hall)
11/10 – S.Paulo (Credicard Hall) Data Extra QUASE ESGOTADO
12/10 – São Paulo (Credicard Hall SP) ESGOTADO

 

Setlist Racionais 30 anos em Brasília

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