Em contato com o Music Non Stop, DJs brasileiros ajudam a explicar a influência e o legado do DJ, produtor, cantor e compositor de Chicago
Um ataque cardíaco levou embora um dos grandes nomes da história da house music, Ron Carroll, com apenas 57 anos. Falecido no último domingo (21), o DJ, produtor, compositor e cantor nasceu em Chicago, Meca do gênero musical, e fez dele sua ponte para conhecer o mundo. Seus mais de 60 singles, assinando também como RC Groove Project, Testament e Ground Level (entre outros), ajudam a perpetuar seu legado. Muitas de suas músicas foram extensivamente tocadas pelos DJs brasileiros.
Sem nenhum medo do microfone, o artista usou em suas produções tudo o que aprendeu cantando na igreja batista que frequentava, compondo, cantando ou recitando no esquema “sermão”, tão comum nos clássicos do gênero. Gostava também de uma boa collab. Entre seus maiores hits, estão Lucky Star e Back Together (com Hardsoul), Wonderfull World (com Axwell e Bob Sinclar) e trabalhos com Derrick May, Mazi e Ron Trent.
A relação de Carroll com as pistas de danças brasileiras é grande. Todo mundo tocava a música do cara, embora boa parte do público não tenha tido tempo de reconhecer, ocupada em dançar. Entre os DJs, era unânime. Um dos maiores hits da festa Colors, bastião da house nos anos 2000, era um de seus remixes, tocado pelo DJ Captain Wander.
“Ron Carroll! Gigante da house, principalmente da mais pura soulful, spiritual e gospel house de Chicago. Voz de hinos eternos deste estilo. Os arrepios que a faixa de Jay-J, With Him (Ron Carroll’s BMC Black Gospel Feel Edit) me causava sempre que a tocava nas nossas festas me faziam quase chorar de alegria. Grato, Ron!”, se emociona Wander, em contato com o Music Non Stop.
Outro gigante da época de ouro da house brasileira, Anderson Soares não só discotecava o som do mestre de Chicago, como também fez amizade com o grandão:
“A gente se conheceu no final dos anos 90, numa das WMCs da vida [as Winter Music Conferences, em Miami]. Super gente boa, me enviava as músicas que produzia e pedia feedback, coisa que sempre rendeu longas conversas e boas risadas. Todo mundo conhece Back Together, que ele lançou com o Hardsoul, mas uma das minhas favoritas sempre foi Stronger, com remix do Spen & Karizma“.
DJ Tuca, do Tomba Trio, também é um dos muitos que viveram por décadas com o trabalho do músico dentro do case.
“The Sermon e Back Together sempre foram faixas obrigatórias no meu case. Esses discos são verdadeiras ferramentas de pista, e tenho um carinho especial por The Sermon, pela sua acapella poderosa, icônica e muito sampleada, que deu cara a diversos remixes em diferentes vertentes da house. Obras que mostram como Ron Carroll conseguiu transformar sua voz em energia bruta para a cultura do estilo musical”.
Ron esteve no Brasil por diversas vezes, em festas na região Sul. Se apresentou em festas de branco como Pacha Floripa e Posh Club, em Jurerê Internacional, passando longe do cenário underground que tanto o cultuou por aqui. Todo mundo precisa pagar os boletos, né?
Mas uma coisa é certa: se você já passou noites dançando pelos buracos escuros das maiores capitais brasileiras, ouviu e ergueu os braços para o groove gordo de Ron Carroll!