Público do Baiana System no festival Turá Público do Baiana System no festival Turá – foto: Tati Silvestroni

Primeira edição do Festival Turá homenageia música brasileira no Parque Ibirapuera. Veja como foi

Maravilha
Por Maravilha

Primeira edição do festival no Parque Ibirapuera une música brasileira de diversas tribos, épocas e regiões do país

Estivemos nos dois dias do festival Turá. Veja como foi!

Sabe aquela aquela festa de aniversário (ou casamento) que a gente reúne mãe, tio, irmã, avô, a vizinha, os amigos do pagode, o primo rockeiro, a amiga forrozeira, a turma baladeira do eletrônico, os parceiros do rap, as amigas fissuradas em música pop e o reggae também rola solto?  Agora imagina tudo isso ao vivo. Bem, nos últimos dias um parque famoso em São Paulo foi palco de um encontro desses, numa escala alucinante.

Em março deste ano a T4F anunciou a primeira edição de seu novo festival com o nome que faz uma brincadeira com o final das palavras abertura, cultura, mistura e releitura, o Turá, totalmente voltado a música popular brasileira, que gerou grande expectativa nos amantes das mais variadas vertentes nossa rica música.

 

 

O evento aconteceu no último final de semana – 2 e 3 de julho – no Parque Ibirapuera, em São Paulo, e reuniu durante sábado e domingo cantores, bandas, DJs e produtores musicais de cenas e escolas distintas, mas que dialogam entre si principalmente pelo experimentalismo e suas conexões com histórias vivas do país.

“O Turá surge para ser um festival que celebra as diversas facetas da música brasileira, que se conecta tanto com artistas grandes e já consagrados como também com os independentes. Um evento que traz o que é o Brasil e o brasileiro em sua essência, seja por meio da música, das pessoas, da arte e da gastronomia”, conta Francesca Brown Alterio, diretora de festivais da T4F e idealizadora do projeto.

Maria Eduarda de 6 anos curtindo o show da banda Lagum com sua mãe é Maria Rafaela e o pai, Eduardo, todos de Vitória. Fotografia - Tati Silverstroni

Maria Eduarda de 6 anos curtindo o show da banda Lagum com sua mãe Maria Rafaela e o pai, Eduardo, todos de Vitória. Fotografia – Tati Silvestroni

O line up do evento e seu desenrolar ao longo do final de semana (totalizando mais de 24 horas de música) demonstrou a importância da fricção entre cenas e o quanto os sons do Brasil se conectam entre si independente da linguagem.

Artistas do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia, Rio Grande do Norte, Pernambuco, Pará e Minas Gerais balançaram o gramado do parque e o coração das milhares de pessoas que por ali passaram ao longo dos dois dias onde crianças, adolescentes, jovens e adultos se encontraram fazendo valer a máxima “a música conecta”.

Dia 1

No sábado, ao meio-dia, os portões já estavam abertos para recepção do público e o primeiro show já foi um grande acontecimento: o início dos trabalhos ficou por conta da talentosa e multiartista baiana Larissa Luz destilando seu som que combina diversos ritmos da música negra e latino-americana com uma atmosfera eletrônica resultando num pop autêntico com canções de seu último trabalho, Deusa Du Lov (se ainda não ouviu, procure saber!). Larissa substituiu a também aclamada cantora e produtora musical carioca Mahmundi, que testou positivo para Covid.

Em seguida a programação seguiu com apresentação de duas grandes DJs brasileiras: Pathy de Jesus (que, apesar de ser mais conhecida atualmente pelo trabalho na comunicação e atuação em séries famosas, fez história na noite da capital paulista nos anos 2000 nas festas voltadas ao hip hop) e a DJ Cinara, conhecida por levantar qualquer pista e embalar há anos a noite de SP e do BR.

Além disso, Roberta Sá também deu o tom do início da tarde entre a apresentação das DJs, engrossando a magia do caldeirão sonoro que se construia por alí.

DJ Cinara e DJ Miyab

DJ Cinara e DJ Miyab aproveitam o dia após apresentação de Cinara – Fotografia – Tati Silvestroni

Logo depois do set da DJ Cinara, o público jovem recebeu de forma calorosa o explosivo show do carioca Xamã, que além de entregar tudo com a interpretação do sucesso do Tiktok Malvadão, levantou a multidão com um repertório extenso e muito improviso.

Lagum

Lagum – Fotografia – Tati Silvestroni

Em seguida o DJ Dre Guazzelli sacudiu a poeira levando a multidão que já se reunia no parque a se manter em movimento até a apresentação da banda de pop, rock e reggae Lagum. O fervo continuou ao som do DJ Tutu Moraes, do projeto Santo Forte, com uma seleção de tesouros do universo musical afro-religioso combinado a sucessos nacionais de diferentes épocas.

Santo Forte no palco do Turá

Santo Forte – Fotografia – Tati Silvestroni

O final de tarde foi especialmente iluminado pela apresentação impecável de pernambucana Duda Beat acompanhada por sua incrível banda e um poderoso balé. O por do sol deu um tom especialmente emocionante a apresentação, em contraponto a lua nova linda que despontava no céu.  A artista presenteou o público com canções do novo disco e sucessos do primeiro trabalho como Bichinho e Meu Jeito Amar fazendo todo mundo dançar.

Duda Beat

Duda Beat – Fotografia – Tati Silvestroni

Na sequência o balanço do início de tarde foi conduzido pelo DJ e produtor musical Múlu, que coleciona hits ao lado de cantoras como Pablo Vitar, Luedji Luna e a própria Duda Beat e animou a pista com versões remixes de sucessos do Brasil e do mundo.

DJ Mulú no palco do Turá

DJ Múlu – Fotografia – Tati Silvestroni

A noite ganhou um brilho especial quando, as 19h, o palco se preencheu com a presença lendária do ícone do samba carioca Paulinho da Viola apresentando clássicos como “Coração Leviano”, “Dança da Solidão” e “Quando Bate um Saudade”. O artista fez a vez de Zeca Pagodinho, escalado para esse dia mas que também testou positivo para Covid, mas se encontra bem.

 

Paulinho da Viola no palco do Turá

Paulinho da Viola e banda – Fotografia – Tati Silvestroni

O desfecho do sábado, marcado também pela alta temperatura atípica nas noites das últimas semanas em São Paulo, ficou sob responsabilidade do rapper, cantor e compositor Emicida acompanhado por sua banda que deu show, literalmente.

Emicida no palco do Turá

Emicida – Fotografia – Tati Silvestroni

A apresentação contou com homenagens a outros grandes ícones do samba, como Pixinguinha, quando o cantor presenteou a todos com um inesperado solo de flauta doce, além da interpretação da música Tributo a Martin Luther King homenageando o também ícone Wilson Simonal e o próprio Luther King, reforçando a importância da música na luta pela afirmação dos direitos do povo negro.

Emicida

Emicida – Fotografia – Tati Silvestroni

A apresentação de Emicida envolveu todos os presentes que cantaram e vibraram durante o período que o artista esteve no palco. Com participações pontuais e memoráveis das artistas que o acompanham na voz, um naipe de metais brilhante e performance impecável do DJ Nyack, Emicida lembrou a todos a grandeza do hip hop com mensagens de autoestima, luta, união e amizade num palco colorido com vermelho, amarelo e verde, combinação conhecida como “cores do reggae” mas que tem ligação principalmente com as cores da bandeira da Etiópia, país africano conhecido por ser um dos raros países não foram colonizados no continente, com histórico político que inspirou grandes líderes africanos nesse território também conhecido por América. O artista também aproveitou para criticar a atitude racista e criminosa do ex-piloto Nelson Piquet, ao se referir de forma pejorativa ao britânico Lewis Hamilton, heptacampeão mundial da Fórmula 1.

Dia 2

Luísa e os alquimistas no palco do Turá

Luísa e os Alquimistas – Fotografia – Tati Silvestroni

O dia começou quente e o calor se manifestou também nos palcos do Turá com as apresentações da banda Baby, formada pela paraense Luê, o mexicano Mateo e um time forte de instrumentistas que distribuiram canções de amor, e o grupo Luísa e os Alquimistas, onde a cantora e compositora Luísa Nascimento e sua trupe de alquimistas elevaram a temperatura no parque com seu experimentalismo que flerta com o pop e celebra a magia da música nordestina.

Martinalia no palco

Martinalia – Fotografia – Tati Silvestroni

A tarde se coloriu sob a sonoridade do projeto Pardieiro seguido pelo show da talentosa e consagrada sambista Martinália, a ousadia do Forró Red Ligth e teve seu ápice com a apresentação de Alceu Valença que levou a multidão a cantar e dançar como de costume com seus jogos de interação com a plateia.

alceu valença no palco do turá

Alceu Valença – Fotografia – Tati Silvestroni

 

DJ Th4is no palco do Turá

DJ Th4is – Fotografia – Tati Silvestroni

Na sequencia, a carioca DJ Th4is, famosa pelas seleções poderosas, segurou o balanço do domingo com um set de Funk quente até a entrada do rapper soteropolitano Baco Exu do Blues.

Balco Exu do Blues no palco do Turá

Baco Exu do Blues – Fotografia – Tati Silvestroni

Canções de amor e protesto marcaram a apresentação do cantor que coleciona prêmios e sucessos e contou com a participação de duas convidadas especiais: Marina Sena e Illy. Todos foram a loucura e cantaram todas do início ao fim. Destaque aqui para a interpretação de Baco e sua banda para Espumas ao Vento, que emocionou jovens e adultos, além de levar o público a loucura num dueto em “Te amo desgraça” construído por Baco e Marina, cantora mineira que despontou na cena nacional e internacional no último ano.

Marina Sena no palco do Turá

Marina Sena – Fotografia – Tati Silvestroni

No início da noite a pista foi incendiada pela dupla de DJs e produtores Deekapz, duo que está fazendo sucesso na cena da música indepentende e eletrônica paulistana. Os dois colocaram pra jogo suas criações em cima de hits brasileiros com influência da soul, neosoul e house. Na sequência, Nando Reis também emocionou a plateia com grandes sucessos de sua carreira, e recebeu Jão para uma participação em sua apresentação.

Nando Reis e Jão

Nando Reis e Jão – Fotografia – Tati Silvestroni

O destaque da noite ficou com a apresentação do Baiana System, que fez todo mundo pular, cantar e dançar músicas de diferentes períodos de trabalho do grupo que põe o dedo na ferida dessa terra brasilis e desafia o olhar e os ouvidos de quem entra em contato com seu som que combina histórias da Bahia, Africa e América Latina de forma ímpar, se mostrando um dos expoentes da nova música do Brasil na última década fluindo entre a música orgânica e eletrônica numa harmonia explosiva.

Baiana System no palco do Turá

Baiana System – Fotografia – Tati Silvestroni

 

Fãs do Baiana System no festival Turá

Baiana System – Fotografia – Tati Silvestroni

O festival, que teve capacidade de até 15 mil pessoas por dia na área destinada ao evento, contou também com área de alimentação, banheiros, redário e um espaço para atender o público PCD.

Festival Turá

Área PCD – Fotografia – Tati Silvestroni

O Turá entregou o prometido: durante os dois dias a música do Brasil foi celebrada em sua diversidade, épocas, regiões e vertentes, movimentando milhares de pessoas interessadas em se emocionar, cantar e vibrar histórias cantadas do nosso país.

Show Baiana System no festival Turá

Show Baiana System – Fotografia – Tati Silvestroni

 

Confira mais fotos do evento, clicadas por Tati Silvestroni:

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Maravilha

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Maravilha é uma artista-multimídia, musicóloga, DJ, compositora, produtora musical e arte-educadora carioca radicada em São Paulo. Aqui no portal escreve e reflete sobre arte, música brasileira e toda a sorte de grooves. É também fundadora da Tremor Produtora.

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