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Prefeito muçulmano quer lutar pela noite de Londres; veja mais notícias de cidades dançantes

Foi celebrada mundo afora a eleição de Sadiq Khan como o primeiro prefeito muçulmano de Londres, Reino Unido. Algumas de suas primeiras declarações foram ironizar a ideia de Donald Trump em banir por um tempo a entrada de muçulmanos nos EUA, e também apelar para que haja políticas que protejam a nightlife londrina, que sofre com a gentrificação dessa cada vez mais cara metrópole global.

Medidas iniciais pró-nightlife de Sadiq incluem a obrigação de construtoras mapearem a existência de clubes ao redor de novos empreendimentos, junto da confecção de edifícios com isolamento acústico para evitar o conflito entre novos moradores e vida noturna já existente. O prefeito apoia ainda o novo sistema de transporte público 24 horas da cidade.

Sadiq está tem notado como muitos jovens criativos estão abandonando Londres para viverem em cidades mais baratas (e, desse modo, mais criativas) como Praga e Amsterdã. Ele mesmo frisa como, desde 2007, um terço dos estabelecimentos musicais de pequeno porte da cidade já fecharam.

O assunto é sério e afeta diretamente a dinâmica de cenas musicais, como a eletrônica. No fim de 2015, Andrew Weatherall teve que sair de seu estúdio de 20 anos em East London, pois o ponto foi abocanhado pelo alto valor dos novos empreendimentos imobiliários na região.

Inspirados por esse produtivo olhar progressista de Sadiq para a vida noturna de Londres, compilamos agora algumas iniciativas louváveis e outros fatos, bons ou não, acerca da vida noturna de algumas importantes cidades ocidentais.

 

O “prefeito da noite” de Amsterdã: um exemplo

Desde 2012 a capital holandesa conta com a figura do nachtburgemeester – o prefeito da noite. Trata-se de um interlocutor  entre os participantes, profissionais, empresários e produtores da noite com a Prefeitura e outras autarquias municipais. Sua função é aconselhar ambos os lados de medidas que possam desenvolver o setor criativo e econômico que a é a vida noturna, importante para qualquer cidade que se preze em ser turística e cultural.

Além de apoiar eventos locais, como a ADE (Amsterdam Dance Event), que ajudou a sedimentar Amsterdã como um hub festivo e conceitual da cena dance global, o nachtburgemeester monta a partir de 2016 sua própria conferência anual, a Night Mayor Summit. Cidades como Paris, Toulouse e Zurique inspiraram-se em Amsterdã e tem seus “prefeitos” para assuntos da noite, e Londres também está designando esta figura especial para cuidar de sua boemia.

 

Caiu a proibição de clubes e festas em Buenos Aires

Panorâmica da Time Warp 2015: mortes este ano causaram rebuliços judiciários

Em abril cinco jovens morreram na festa eletrônica Time Warp, em Buenos Aires. A suspeita é de que o calor excessivo, desidratação e o consumo de drogas químicas tenham sido as causas das mortes. Após a tragédia, um juiz ordenou que TODOS clubes e festas da cidade fossem fechados ou tivessem seus alvarás cancelados.

A medida draconiana repercutiu mundo afora, principalmente nos veículos de música eletrônica, mas durou pouco tempo: outro juiz cancelou no dia seguinte a medida, A Cámara Empresaria de Discotecas de Buenos Aires celebrou a revogação e se prontificou-se a exigir a contratação de melhores serviços de segurança para festas dançantes.

Sobre a tragédia da Time Warp, as licenças para eventos em abril estão sendo passadas a limpo pela polícia, e o organizador do evento, o advogado Víctor Stinfale, está preso temporariamente no aguardo das investigações e para dar explicações às autoridades.

 

Clubes gays de NYC estão fechando por causa do… Grindr e do Spotify!

Na Escuelita o forte eram os eventos de voguing.

A Escuelita era um tradicional clube gay latino e da cultura voguing em Manhattan, Nova York, e que fechou as portas em fevereiro após existir por quase 50 anos! A notícia foi lamentada pela mídia e por promoters locais, que apontam alguns fatores para a decadência dos clubes gays em Manhattan – por outro lado, proliferam pequenos bares LGBT, principalmente na região de Chelsea/Hell’s Kitchen.

A culpa, destaca o jornal New York Times, seria de aplicativos de encontros como o Grindr, que fazem dos clubes um destino desnecessário para a socialização das bees. Hoje em dia é só conectar o celular e você pode marcar encontros, dates ou transas. Festas e clubes como Westgay, PrettyUgly e JB Saturday fecharam as portas, diz o jornal, e alguns entrevistados destacaram que as playlists individuais de serviços como Spotify e YouTube tira também o apelo dos jovens irem a clubes escutarem música, já que eles podem cuidar disso mesmo em casa.

 

Regulamentações acabaram com fervo de Sydney

Dois anos após das leis de lockout que regulamentaram e restringiram de maneira drástica a atuação de estabelecimento noturnos e o consumo de bebidas alcóolicas nas regiões de New South Wales e King Cross, Sydney testemunha uma quase destruição de sua antes vibrante vida noturna. Tanto é que a prefeita atual já fala até em repensar as leis.

Um artigo que viralizou a partir do LinkedIn ilustra com melancolia como dezenas de bares e clubes – e também lojas e restaurantes – perderam público e fecharam as portas, deixando uma antes agitada e fervida região às escuras, verdadeiros bairros fantasmas. Entre as principais medidas, limitou-se a entrada em bares e clubes até 01h30 da manhã, e o último drink deveria ser vendido às 03h da manhã.

Novas licenças para vendas de álcool foram canceladas, e se você fosse pego bêbado causando desordem, poderia pagar multas de até 1.000 dólares. Tudo em nome do combate à violência e à segurança dos cidadãos, mas o citado artigo acusa que tudo faz parte da atuação de dois cassinos da região, que não foram fechados, para minguar o agito ao redor e sugar todos os boemios da região.

 

Berlim: veto ao Airbnb e mapeamento dos epicentros notívagos

Ao longo do Rio Spree, os inúmeros pontos de agito musical e cultural da cidade

Foi bem noticiado o veto da prefeitura de Berlim a serviços de hospedagem como o Airbnb, temendo que o valor dos aluguéis na cidade subissem devido à baixa oferta, o que também é gentrificação – muitos donos de imóveis estavam alugando seus apartamentos extras no Airbnb e vivendo dessa renda, por exemplo. Com a proibição, muitos clubbers de fim de semana não poderão usar mais o serviço, já que Berlim tem atrativo global para quem gosta de música e noite.

Mas outra iniciativa recente foi pouco noticiada: o Club Kataster, um mapeamento de clubes, estabelecimentos musicais e pontos boêmios da capital alemã feito pelo órgão Club Comission, um serviço que serve para urbanistas estudarem e construtoras se precaverem melhor e não construírem (ou se adaptarem) perto de redutos musicais barulhentos e agitados. Apesar de ser um tipo de consulta extra-oficial, o Club Kataster pode ser levado em conta em questões litigiosas que possam envolver clubes e moradores.

 

São Paulo avalia projetos do edital “Redes e Ruas”

Editais da Prefeitura podem levar a eventos similares ao SP na Rua

A capital paulista, que não dorme no ponto, está avaliando projetos de mais um edital “Redes e Rua”, que vai patrocinar através da Prefeitura quase 50 ações culturais de categorias como robótica, software livre, midialivrismo, intervenções digitais e formações em redes. Todas são categorias multidisciplinares e destacam as relações com a cidade.

Em 2015 a Mamba Negra conseguiu bancar em edital similar o seu “Festival da Despatriarcalização”, e estão aí eventos como a Virada Cultural e o SP Na Rua a valorizar a interação entre a cidade e os espaços dançantes, muito além dos clubes. Siga as redes do edital e fique atento a novos prazos e resultados.

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