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Por que você deve ir pelo menos uma vez na vida ao festival SXSW no Texas

Show do The Roots que rolou na programação deste ano no SXSW

Show do The Roots que rolou na programação deste ano no SXSW

Gosta muito de música? Gosta de cinema? Gosta de tecnologia? Gosta de gente que, como você, gosta de tudo isso? Bom, então você precisa se planejar pra descobrir outra coisa muito bacana: Austin, no Texas. Estive na cidade pela segunda vez em março deste ano, para participar do South By Southwest, ou SXSW, mais especificamente na área de música do festival.

Durante cinco dias, de terça (15/3) a sábado (20/3), eu pude ampliar minha percepção sobre música. Foram oito palestras e 40 shows, 2 lojas de discos (pra quem gosta de vinil, eu aviso, prepara o bolso) e a inacreditável Flatstock (feira de pôsteres).

Pode parecer muito. E na verdade é muito mesmo, uma maratona supercansativa, mas, ao mesmo tempo, revolucionária de sons, imagens, informações, linguagens, ideias, propostas, contatos, prospecções, negócios, pessoas interessantes, looks legais, tribos e… música, muita música.

Vamos começar pela cidade. Austin deve estar para os EUA assim como Ribeirão Preto está para o Brasil… pelo menos em termos de tamanho. É uma cidade jovem, onde está instalada a maior universidade americana, a University of Texas e por isso concentra tanta moçada.

Há alguns anos (muitos), Austin resolveu que seria a capital americana da música ao vivo e desenvolveu uma série de projetos e iniciativas que viabilizariam essa ideia. Por isso, você tem uma quantidade astronômica de palcos, bares com palcos, clubes com palcos, casas de show, galpões…. Mas tudo isso em todos os tamanhos e formatos possíveis e imaginários. E tamanho não é documento, pois todos os palcos são impecáveis, com altíssima qualidade técnica (principalmente os soundsystems).

Show do Cypress Hill foi um dos 400 por dia do cardápio do SXSW

Mas é difícil imaginar o que estou falando, são muitos vizinhos, coisa de quatro lugares diferentes numa única rua “pequena”, algo em torno de de 6, 7 num quarteirão. E isso em muitos quarteirões do Red River District, uma área cultural da cidade.

No SXSW, além dos palcos fixos do Red River e de mais um monte de lugares em toda a cidade, são montados palcos em “backyards”, em jardins, praças, parques… insano, de verdade.

E tem o Convention Center bem ali no meio, no Downtown…uma megainstalação onde ficam as salas de palestras e auditórios, o espaço onde acontecem as feiras e exposições. Novamente, estamos falando de muitas… Ahhh, e logo ali, ao lado, tem o “segundo” Centro, onde rola a parte de cinema. Ahhh, e também são utilizadas as salas do Hotel Hilton, também ali ao lado.

E, só pra encerrar o bloco “Austin é incrível” tem boa comida, a preços justos e com uma bela diversidade. Eu, com a minha restrição alimentar (sou vegano), não tive nenhuma dificuldade para comer divinamente.

Austin, sua linda…

OK, a cidade está “aparelhada”, tem estrutura. Mas daí, entra um outro ingrediente; a organização do festival é um absurdo. Tudo funciona, tudo é fácil, as regras são claras, tudo é irritantemente bem planejado e bem implantado. Para quem trabalha com evento, dá pra ter uma invejinha… Com tudo isso, só nos resta falar em conteúdo, e daí a coisa pega. CA-RA-CA!!!

Se a gente que gosta de festival entende que “a cada escolha, uma renúncia”, lá em Austin, a cada escolha são muitas renúncias. Portanto, estude, planeje… não é um festival pra se chegar sem um roteiro idealizado, não é um festival para “fritar”.

O SXSW é como uma supermaratona, você não pode sair queimando nos primeiros 42 km, pois ainda vão faltar mais 140 km pela frente. Ou seja, não beba demais, não coma demais, não faça nada que te faça perder tempo ou que te deixe mais cansado ainda, pois toda a energia que você conseguir economizar será valiosa, você vai precisar dela com certeza. Quando a gente acha que viu tudo e está satisfeito com o festival, a gente percebe que ainda é quinta-feira, ou seja, faltam a sexta e o sábado (e para alguns o domingo).

Vale a pena convidar seus amigos mais freak musicais para que eles te mandem suas listas pessoais de shows que eles adorariam ver. Cruze com as suas pesquisas pessoais, com a lista do seu blog favorito, enfim, faça um cruzamento desses dados para montar a sua programação e vá de peito aberto e mente vazia, assim você vai se surpreender, você vai confirmar expectativas e, muito provavelmente, expandir seus horizontes e turbinar seu repertório.

Guarde o fôlego pra ver as palestras e painéis incríveis da programação

Entre as palestras, vou destacar algumas que achei bem legais; como a impressão digital (3D) pode influenciar o negócio da música; como planejar e construir uma cidade musical; a necessidade de transparência entre artista e gravadora (tema constante em outras palestras); o futuro da indústria pornô com os óculos de realidade virtual; planejamento de turnês, marketing e redes sociais… Enfim, entre muitos outros temas, este ano foi o ano do AR/VR (realidade virtual), da robótica, da tecnologia, da transparência nas relações entre artistas e selos/gravadoras.

Muita informação preciosa e que inspira, geram insights, confirmam. Mas, enquanto aquela painel está acontecendo, tenha a certeza que pelo menos três shows incríveis (pro teu gosto) estão rolando a três quadras dali… e ainda são 14h.

A programação musical é ridícula de boa. Eu marquei no aplicativo pelo menos 100 shows que eu gostaria muito de ver. Imagino que devem acontecer pelo menos uns 300 ou 400 shows por dia (sério). Mas é necessário se programar muito bem, pois existe um fator que complica a programação: as filas! É uma maratona de 180 km com obstáculos!

A linda Miya Folick, um dos muitos shows perdidos

Por isso, tenha sempre um plano B, C, D… você vai utilizar esse recurso, e tudo bem, pois os planos alternativos são sempre de shows incríveis. Mas se você quiser muito mesmo assistir a um show específico e que você sabe que provavelmente será disputado, chegue cedo, encare uma fila e não fique pensando no que você estará perdendo durante aquela fila, vai valer a pena (provavelmente). Este ano eu encarei duas filas intencionais e uma acidental. Somando as três, devo ter ficado parado em pé por umas três horas. Considerando que cada show dura em média 35 minutos, 40 no máximo, três horas significam pelo menos quatro shows a mais. Me arrependo? Não, de jeito nenhum.

Minha programação deste ano teve muita coisa bacana, diversas vertentes do rock, da bass music, do folk, da música eletrônica, de sons que não sei classificar. Dei sorte de estar bem acompanhado e ter muitos papos incríveis sobre música, sobre arte e design, sobre comportamento com meu parça Fernando Araújo, uma biblioteca ambulante que sempre tinha alguma carta na manga.

Coy Freitas (esquerda) e o parceiro de viagem, Fernando Araújo

O meu line-up musical do SXSW deste ano foi assim:

White Denin, Jazzy Jeff, Badbadnotgood, Pumarosa, Empress Of, Charli XCX feat Sophie, George Clanton, Negative Gemini, Hinds, Neon Indian, Kelela, Erykah Badu, Whitney, Lower Dens, Baio, Teklife, Beach Slang, DJ Paypal, The Range, Jamie XX, Anderson Paak, Mick Jenkins, Chvrches, Stealing Sheep, The Oh Sees!, The Kills, Cumstain, Speedy Ortiz, Bob Moses, Joel Ford, Kristin Kontrol (dj set), Yuck, White Lung, Vince Staples, DRAM, Griffin, The Strumbellas, Ghostface Killa, Moodyman, Khelani. Tiveram ainda uns dois que eu não descobri os nomes (risos).

Show do The Chvrches

Esses mais de 40 shows eu assisti em pelo menos 12 lugares diferentes, um mais legal que o outro. Infelizmente não consegui ir a mais uns 15 lugares que certamente seriam muito legais, onde eu assistiria mais pelo menos uns 20 shows que eu queria muito ver. Mas, como eu disse, tudo bem, esta é a característica deste superfestival.

E eu ainda tive pelo menos umas três horas deslumbrantes dentro da Flatstock, uma loucura visual com referências absurdas das mais diversas linguagens do design gráfico. A feira de pôsteres é uma exposição de arte muito incrível. Saí de lá com quatro, se fosse fácil de carregar e se o dólar não estivesse tão caro, teria saído com vinte. Uma
perdição. E também tive mais umas duas horas na Waterloo, uma loja de discos incrível, que tinha tudo o que eu estava procurando, e mais um monte de coisa que eu adoraria trazer. E ainda fui no Whole Food Market e no Central Market e enchi a mala de super-alimentos e outras estripulias vegan-raw.

Tudo o que eu disse sobre música vale pro cinema e pro universo interativo e digital. É demais. Vá, confira e depois me diz como foi a sua experiência. Eu pretendo voltar sempre. Agradeço mais uma vez à minha agência B/ferraz e à Skol por terem me proporcionado mais essa experiência.

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