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Por dentro do Glastonbury: nossa infiltrada conta como é trampar no maior festival de música do mundo

Claudia Assef
Por Claudia Assef

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O Music Non Stop está muito bem de amigos e descolou com a produtora Priscilla Andrade, brasileira radicada entre a Espanha e a Inglaterra, um texto sobre o último Glastonbury, que rolou entre 25 e 29 de junho do ano passado. O Glasto, como é chamado pelos ingleses, é o maior e um dos mais desejados festivais do planeta, rola na Worthy Farm, sudoeste da Inglaterra, e reúne centenas de bandas e DJs em seus palcos  – e milhares de pessoas em busca de ótima música, muita farra e, invariavelmente, banhos de lama.

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Priscilla Andrade, nossa espiã do bem no Glastonbury

A Pri não é nada fraca e estava trabalhando com uma das atrações mais legais do festival, o Despacio, espécie de boate itinerante com sound system perfeito, criada por James Murphy (ex-LCD Soundsystem) e os irmãos Dewaele (2 Many DJs e Soulwax).

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A pista Despacio lotada no Glasto

Então passo a bola para a Pri, que tem muita história legal pra contar. Mas antes clica no set do Despacio gravado em Londres pra ler com a trilha sonora perfeita.

 

 

“Faz mais de 20 anos que vou a festivais em diferentes partes do mundo por diversão ou trabalho, mas este foi o meu primeiro ano em Glastonbury ou Glastonberry , como dizem os americanos ou canadenses – como Warpaint e Arcade Fire.

Todo mundo me dizia que  Glastonbury era totalmente diferente de qualquer outro festival , uma experiência única e transformadora.

Tudo aconteceu de uma forma muito especial mesmo: tive a sorte de produzir o Despacio, projeto dos 2 Many Djs e James Murphy no (festival espanhol) Sónar e houve uma empatia instantânea entre todos da equipe e os fofos do Murphy e os irmãos Dewaele. Foi a primeira vez que eles montaram o Despacio fora da Inglaterra. A montagem foi complexa, mas no final deu tudo certo. Já no segundo dia eles me adotaram e surgiu o convite para ir para Glastonbury.

Colocando a placa Despaciobury

Colocando a placa Despaciobury

É difícil por em palavras tudo o que é Glasto, maneira carinhosa com que os ingleses chamam o festival. Realmente não se pode comparar com nada, são mais de mil atrações em cinco dias de festival. Além de música tem circo, cabaré, teatro, conferências de todo o tipo, comprometimento com o meio ambiente – participam várias ONGs e instituições  como Wateraid, Oxfam e Greenpeace -, uma área para crianças, performances na programação oficial e espontâneas, instalações inimagináveis, o stone circle com seus rituais espirituais e onde se pode comprar “cositas”, às vezes não tão legais, as mil festas perdidas por ali… não há fim! Como disse meu amigo Gerardo, da Pías Record: “venho ao Glastonbury há 16 anos e sempre tem algo que não havia visto”.

Povo básico 2!

Há um clima de liberdade que nunca havia experimentado antes, quase não há hipsters, modernos ou posers como no Coachella… Imagino que Glasto seja o festival mais fiel a Woodstock , que aliás  começou em 1970, justo no dia em que Jimi Hendrix morreu.

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É um festival sem frescura: alojamento é camping, teeps (cabanas como as dos índios) ou trailer; a vibe é “morar” no festival, nada de hotéis. Chove mesmo, tem muita lama, anda-se muito e é megalotado, meio milhão de pessoas  se inscrevem e  “somente” 175 mil conseguem comprar as entradas, que se esgotam em meia hora! Esqueça banho todos os dias, use baby wipes (toalhinhas umedecidas para um bom banho de gato), traga suas “wellies” (galochas), capa de chuva e se jogue na lama, literalmente!

Eu tive a sorte de, no último dia, dormir no trailer do David (2 Many DJs). Ele foi embora antes e cedeu o trailer dele pra mim e outro membro do team:-)

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LUGARES DO FESTIVAL QUE VOCÊ NÃO DEVE PERDER

Unfairground
: Um espaço criado pela Mutoid Waste Company onde a acid house come solta. Melhor não planejar nada pra fazer na manhã seguinte, se é que você vai conseguir sair de lá um dia…

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The Common: Bem-vindo a um gigantesco oasis que emula a sensação de estar no coração da selva sul-americana, com bares, caveiras, música, DJs, cavernas, artistas e guerra de tomates!

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 Block9
:  Música eletrônica dazantigas e muita ferveção em torno do sound system. Vagões de metrô quebrados e vibe underground. Você não vai botar no fé no que rola ali…

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Shangri-La:
 Uma multi-venue; céu, purgatório e inferno, com trocentos bares, palcos com performances e atuações bizarras, como se você estivesse vivendo dentro do filme Bladerunner.

Glastonbury Festival 2010

Arcadia: Uma instalação de uma aranha mecânica gigante que serve de palco de vários shows, parece o 360º do U2 mas numa versão underground.

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E ainda tem muito mais pra ver porque é simplesmente impossível contar tudo sobre o Glasto com palavras. Então viaje nas fotos da galeria aí embaixo e já vá se preparando para estar no festival em 2015.

 

Claudia Assef

https://www.musicnonstop.com.br

Autora do único livro escrito no Brasil sobre a história do DJ e da cena eletrônica nacional, a jornalista e DJ Claudia Assef tomou contato com a música de pista ainda criança, por influência dos pais, um casal festeiro que não perdia noitadas nas discotecas que fervilhavam na São Paulo dos anos 70.