
3 polêmicas de Serj Tankian, vocalista do System of a Down
Em turnê na América do Sul, banda está prestes a voltar ao Brasil, com shows em Curitiba, Rio de Janeiro e São Paulo
Por Vinicius Pierozan
De volta para a América do Sul após dez anos de espera, os fãs comprovaram que estavam prontos para o retorno do System of a Down ao solo brasileiro. Com shows em Curitiba (06 de maio), Rio de Janeiro (08 de maio) e São Paulo (10 e 11 de maio), a banda esgotou ingressos em estádios de cada cidade. A última oportunidade de vê-los ao vivo será no dia dia 14 de maio, no Autódromo de Interlagos, também em São Paulo.

Mais unânime que a popularidade da banda no Brasil é o destaque de Serj Tankian, vocalista do SOAD, em polêmicas políticas. Entenda três delas:
Serj Tankian vs Imagine Dragons
Após o anúncio de que o Imagine Dragons realizaria um show na capital do Azerbaijão, Baku, Tankian enviou uma carta pessoal à banda, pedindo que reconsiderassem a apresentação. O vocalista argumentou que o evento poderia “ajudar a encobrir a imagem do regime ditatorial”.
As objeções do frontman do System of a Down têm origem na invasão de 2020 promovida pelo Azerbaijão à região de Nagorno-Karabakh — uma área majoritariamente habitada por armênios étnicos, também conhecida como Artsakh. Sem obter resposta, Serj passou a fazer críticas públicas, principalmente ao vocalista Dan Reynolds:

“Não cabe a mim julgar onde bandas devem ou não se apresentar. Entendo que fazem isso por motivos financeiros, que são artistas e estão ali para entreter. Compreendo esse lado”, afirmou ao The Independent. “Mas quando um governo está prestes a cometer limpeza étnica, quando o Azerbaijão estava provocando fome entre os 120 mil armênios de Nagorno-Karabakh, impedindo a entrada de alimentos e remédios, isso muda completamente a situação.”
O músico destacou que, como artista, jamais aceitaria se apresentar sob tais circunstâncias.
“Se eu soubesse disso, de forma alguma teria subido naquele palco. Mas alguns artistas aceitam. E, sinceramente, não sei o que dizer sobre eles. Não os respeito como seres humanos. Não me interessa a arte deles — para mim, não são boas pessoas.”
Tankian prosseguiu com duras críticas à postura de neutralidade diante de violações documentadas por organizações internacionais:
“Se alguém é tão cego à justiça a ponto de se apresentar em um país que impõe fome a outro — de forma ilegal, segundo o Tribunal Internacional de Justiça, a Anistia Internacional e a Human Rights Watch —, então não sei o que pensar dessa pessoa enquanto ser humano. Não me importa a música que produzem. Se são más pessoas, simplesmente não me importo. É isso. Não tenho absolutamente nenhum respeito por esses artistas.”

A polêmica com o 11 de setembro
Embora Toxicity tenha estreado no topo da parada da Billboard no dia 04 de setembro de 2001, quando Serj Tankian pensa no lançamento do álbum, o sucesso comercial é a última coisa que vem à sua mente. Dois dias após os atentados de 11 de setembro, o vocalista publicou um texto no site oficial da banda intitulado Understanding Oil (Entendendo o Petróleo), que ele descreve como “uma análise sóbria sobre o fracasso da política externa americana em conter o extremismo”.
A publicação foi removida após pressão da Sony, gravadora da banda na época, e Serj foi acusado de tentar justificar o terrorismo.
“Naquela época, ninguém queria ouvir aquilo. Havia muito patriotismo exacerbado e muita raiva. A banda me chamou e disse: ‘você está tentando fazer a gente ser morto?’. E eu respondi: ‘mas é a verdade!’. Eles disseram: ‘a gente sabe que é a verdade, mas quem se importa? Por que você está tentando fazer a gente ser morto?’. Sempre fui ingênuo ao pensar que, se algo é verdade, então deve ser dito. E continuo sendo ingênuo assim até hoje”, declarou ao The Guardian.

Medo de morte após polêmica com a Turquia
No documentário Truth to Power, que retrata sua trajetória como ativista, Serj Tankian revela que, durante a turnê dos álbuns Mezmerize e Hypnotize, em 2005, recebeu informações “de uma fonte extremamente confiável dentro do FBI” de que agentes da inteligência turca poderiam estar lhe monitorando com o objetivo de assassiná-lo, devido ao seu ativismo contra Dennis Hastert.
Hastert, que na época era presidente da Câmara dos Representantes dos EUA, foi acusado por um tradutor do FBI de ter recebido propina do governo turco para atrapalhar uma votação no plenário americano sobre o reconhecimento do genocídio armênio.